O revisionismo parece estar em alta no Brasil. A postura de negar que o Holocausto tenha acontecido, apesar das muitas informações disponíveis sobre as ações assassinas do regime nazista da Alemanha nos anos 1933 a 1945 está cada vez mais evidente.
Não há nenhuma dúvida e que o Holocausto aconteceu. Foi um massacre organizado pelo estado alemão, com o objetivo de eliminar populações indesejadas, em especial os judeus. Confira abaixo uma lista de provas irrefutáveis, a maioria delas coletadas ainda durante a Segunda Guerra, ou logo nos anos subsequentes.
1. Testemunhas
Há milhares de depoimentos de pessoas que presenciaram o Holocausto. São relatos coerentes entre si. O primeiro deles foi apresentado já em 1946, pela sobrevivente francesa Marie-Claude Vaillant-Couturier. Aliás, existem muitos projetos de identificação e coleta dos prisioneiros e suas histórias. Um dos mais conhecidos, o memorial Yad Vashem, já reuniu mais de 3 milhões de relatos.
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Uma vítima, o padre francês André Rogerie, sobreviveu a Auschwitz e produziu um dos primeiros desenhos de um dos crematórios utilizados no local. Outra testemunha, o ex-prisioneiro Mel Mermelstein, venceu em 1985 um processo contra a organização revisionista americana Institute for Historical Review (IHR) — o órgão prometeu US$ 50 mil a quem apresentasse provas de que judeus tivessem morrido em câmaras de gás em Auschwitz. Mermelstein provou que sua mãe e duas irmãs morreram na câmara número cinco. Inicialmente a IHR se recusou a pagar, até foi obrigada pela justiça a indenizar o ex-prisioneiro em US$ 90 mil.
Muitas vítimas chegaram ao século 21, como o polonês Eliahu Pietruszka, de 102 anos, morador de Israel, e a holandesa Nanette Blitz Konig, de 87, que vive em São Paulo.
2. Lugares
Vários campos de concentração, como Sachsenhausen, Bergen-Belsen e Dachau, foram mantidos como local de visitação, para garantir que a história nunca seja esquecida. Além disso, existem fotos e plantas das câmaras de gás e dos crematórios.
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E mais: como lembra o vídeo da Embaixada da Alemanha que internauta brasileiros tentaram corrigir, placas espalhadas pelas maiores cidades do país apontam onde ficavam casas de judeus que acabaram presos pelo governo e enviados a campos de concentração.
Aliás, a alegação dos revisionistas, de que as câmaras de gás foram construídas posteriormente por militares aliados para acusar falsamente os nazistas, não é comprovada por nenhum tipo de documentação ou testemunho fidedignos.
3. Confissões
Logo nos anos posteriores à guerra, uma série de membros do governo nazista explicaram como os campos de concentração funcionavam – caso de Oskar Gröning, o contador de Auschwitz. O médico Auschwitz Johann Kremer chegou a manter um diário sobre sua rotina, em que ele cita as mortes na câmara de gás.
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Mais curioso é o caso de um alemão que tentou investigar os crimes alemães ainda durante a guerra. Foi o advogado e juiz da SS alemã, Georg Konrad Morgen. Ele se mostrou incansável na investigação de suspeitas de corrupção entre as lideranças nazistas. Acabou descobrindo indícios claros de que seu próprio país havia construído estruturas capazes de matar milhares de pessoas com grande eficiência. Ele presenciou o uso de câmaras de gás e, depois da derrota de Hitler, se apresentou ao tribunal que julgava os crimes alemães para testemunhar a respeito de tudo o que viu.
4. Documentos
Os mais respeitados historiadores do período e biógrafos de Hitler, como Martin Broszat, Peter Longerich e Ian Kershaw, concordam que não há documentos assinados pelo Führer a respeito da política do holocausto. Mas isso não significa que ele não soubesse, ou não concordasse — afinal, os principais líderes do nazismo, incluindo Hitler, se mataram ao fim da guerra, e havia ordens para que documentos comprometedores fossem queimados.
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Sobre o desejo de exterminar os judeus da face da Terra, Hitler já havia sido bastante claro em seu livro de 1925, “Minha Luta”, e também em cartas datadas dos anos posteriores à Primeira Guerra Mundial. Discursos posteriores do Führer insistiam em relacionar o judaísmo ao socialismo soviético. Enquanto isso, os cinemas alemães apresentavam documentários a respeito dos judeus – um deles os compara a ratos, que precisam ser tratados com veneno.
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Mas, à parte essas evidências indiretas, já bastante evidentes, existem documentos que sobreviveram, e que indicam que as principais lideranças do nazismo participaram ativamente do Holocausto. Incluindo memorandos do comandante militar das SS Heinrich Himmler determinando a morte de judeus, ciganos, russos, ucranianos e poloneses. Himmler é também autor do relatório de nome autoexplicativo: “A Solução Final para o Problema dos Judeus Europeus”. O ministro da propaganda Joseph Goebbels foi ainda mais direto em seu diário: na entrada de 14 de fevereiro de 1942, ele escreve que o Führer voltou a insistir na determinação de “limpar” a Europa dos judeus.
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E há também os documentos dos próprios campos de concentração que não foram destruídos. Em um deles, o administrador de Auschwitz Karl Bischoff registrou, em 28 de junho de 1943, que, apenas naquele dia, 4.756 cadáveres de judeus haviam sido incinerados.
5. Registros populacionais
Os revisionistas costumam questionar a estimativa de que 6 milhões de judeus foram mortos pelos nazistas. Mas as estatísticas populacionais da época confirmam: em 1939, havia aproximadamente 9,75 milhões de judeus vivendo na Europa. Num contexto de paz, esse número deveria ter aumentado. Mas, em 1946, eram apenas 3,6 milhões.
6. Fotos e vídeos
Militares aliados que entraram nos campos de concentração ainda ao fim da guerra encontraram – e fotografaram e filmaram – prisioneiros e milhares de corpos empilhados em covas rasas. De todas as provas de que o Holocausto existiu, essa é a mais expressiva: é irrealista supor que tantas pessoas diferentes, em dias e locais diferentes, conseguissem forjar imagens dos prisioneiros resgatados quando se viam à beira da morte por inanição. Existem também registros dos tempos em que os campos de concentração ficaram ativos. Em um deles, uma pilha de corpos é queimada a céu aberto, possivelmente por culpa da superlotação dos crematórios.
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