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“Chegamos no ponto em que a resposta da mídia se tornou contraprodutiva e até benéfica para o presidente e sua guerra contra a mídia”, diz o editor da Columbia Review | ROBYN BECK/AFP
“Chegamos no ponto em que a resposta da mídia se tornou contraprodutiva e até benéfica para o presidente e sua guerra contra a mídia”, diz o editor da Columbia Review| Foto: ROBYN BECK/AFP

A conselheira da Casa Branca, Kellyanne Conway, e o editor da Columbia Journalism Review, Kyle Pope, concordam: a imprensa precisa passar menos tempo falando sobre si mesma.  

"A mídia parou de falar sobre a Rússia para falar sobre si mesma", disse Conway na Fox News na última segunda-feira

O chefe dela teve alguma coisa a ver com isso, claro. Um dia antes, o presidente Donald Trump fez um tweet com um vídeo que o retratava batendo na logo da CNN. Três dias antes disso, ele atacou a apresentadora da MSNBC, Mika Brzezinski, de forma sexista no Twitter. 

Conway focou convenientemente no efeito (a cobertura midiática que se foca na própria mídia) e ignorou a causa (Trump). 

Isso não é muito justo, mas reflete como muitas pessoas veem a situação. Pope argumentou na quarta-feira que a maneira de provar o valor da mídia é "que ela saia de cena". 

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"O impulso da mídia, e isso é compreensível, é manter o foco nas ameaças que ele faz a imprensa, e não deixar que elas se normalizem", escreveu Pope.

"Mas chegamos no ponto em que a resposta da mídia se tornou contraprodutiva e até benéfica para o presidente e sua equipe na Casa Branca, que transformou o governo em um megafone da guerra de Trump contra a mídia". 

No domingo, eu fiz uma observação similar sobre a dinâmica da sala de imprensa da Casa Branca. Um governo que tinha decidido que os anúncios seriam feitos fora das câmeras decidiu fazer uma sessão aberta justamente no dia que Trump atacou Brzezinski. Por que? Provavelmente porque o time de comunicação de Trump sabia que a maioria das perguntas seriam sobre esses tweets. Eleitores não veem muito da sala de imprensa atualmente e o pouco que veem mostra repórteres perguntando insistentemente sobre a própria mídia. 

É exatamente isso que Trump quer. 

"O presidente tem completa consciência que a guerra contra a imprensa é uma das poucas coisas que estão funcionando para ele", escreveu Pope. "Sua promessa de campanha de substituir o Obamacare está em farrapos, a proibição de imigração está vazando pelos canos, o muro é apenas (felizmente) um projeto arquitetônico. Existe pouca substância ligando Trump a sua base ou à mídia de direita que o tem apoiado. É só acabar com a guerra da mídia que a relação entre Trump e seus aliados vai diminuir muito". 

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Só para esclarecer, Pope não defende o desaparecimento completo desse tema da mídia; só afirma que os jornalistas precisam "parar de tratar a guerra do Trump com a imprensa como se fosse a coisa mais importante acontecendo no país. Não é". 

Avaliar as prioridades da cobertura midiática nunca é uma má ideia, mas na medida que os meios de comunicação desviarem sua atenção dos tweets de Trump por pensar que esse movimento enfraquecerá o apoio ao presidente, eles vão perpetuar a noção de que a imprensa é uma força de oposição trabalhando estrategicamente para minar o presidente. 

Essa é a situação da mídia. Quase todas as decisões podem parecer uma tentativa de derrubar Trump.

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