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Segundo relatório da Meta, rede chinesa de desinformação tinha diversos seguidores no Brasil
Segundo relatório da Meta, rede chinesa de desinformação tinha diversos seguidores no Brasil| Foto: EFE/André Coelho

Nesta terça-feira (29) a Meta, controladora do Facebook, Instagram, Threads e Whatsapp, anunciou a desarticulação parcial de uma rede que divulga informações falsas e propaganda a favor da China. Os resultados da operação foram divulgados pela empresa em seu Relatório Trimestral sobre Ameaças Adversárias, referente ao 2º trimestre de 2023.

Em sua maior parte, as postagens da rede espalharam críticas aos Estados Unidos, às políticas externas ocidentais e a críticos do governo chinês, incluindo jornalistas e pesquisadores. Por outro lado, exaltavam as virtudes da China e da província de Xinjiang.

“Removemos milhares de contas e páginas que faziam parte do maior grupo conhecido de operação e influência secreta multiplataforma no mundo. Estava ativo em mais de 50 plataformas e fóruns, incluindo Facebook, Instagram, X (anteriormente Twitter), YouTube, TikTok, Reddit, Pinterest, Medium, Blogspot, LiveJournal, VKontakte, Vimeo e dezenas de plataformas e fóruns menores”, afirma o relatório.

Segundo o relatório, a campanha de desinformação foi conduzida com amplos recursos materiais e humanos. A rede operava com várias unidades a partir de diferentes localidades na China, e as mensagens eram publicadas no horário comercial de vários dos fusos horários chineses.

Ao todo a Meta desativou 7.704 contas, 954 páginas e 15 grupos no Facebook, bem como 15 contas do Instagram ligadas à rede. Os números são bem mais relevantes do que de outras campanhas habitualmente detectadas pela empresa, cujas remoções ficam na casa das centenas de contas.

Para fins de comparação, no mesmo relatório, a Meta confirmou a desarticulação de diversas redes de desinformação na Turquia. Em uma delas, desativou 60 contas, 37 páginas e 2 grupos no Facebook.

Compra de perfis e de seguidores comprometeu os resultados

O alcance da operação, no entanto, não fez jus ao tamanho de sua estrutura. Um total de 560 mil usuários seguiam os perfis da rede no Facebook. No Instagram, o número era significativamente mais restrito: apenas 870 usuários seguiram uma ou mais das contas ligadas à rede.

Além disso, as postagens tiveram baixo nível de engajamento, com poucos likes, comentários e compartilhamentos. A precariedade dos resultados chineses se deve à baixa qualidade das mensagens e das contas criadas, bem como aos comportamentos anormais dos perfis.

“Os operadores muitas vezes parecem ter começado a usar essas contas e páginas sem fazer quaisquer alterações – levando a comportamentos altamente incomuns onde, por exemplo, uma página que postava anúncios de lingerie em chinês mudou abruptamente para o inglês e postou conteúdo orgânico sobre tumultos no Cazaquistão."

O relatório mostra que as páginas da rede provavelmente foram adquiridas de operadores de spam e que também proporcionaram a integração de “seguidores inautênticos”.

A maior parte dos seguidores das contas era do Vietnã, Bangladesh e Brasil. Os países não constam como público-alvo da rede, cujas informações eram divulgadas em mandarim e inglês – o que comprova a origem duvidosa dos seguidores.

De acordo com a investigação, a rede aplicou US$ 3,5 mil [R$ 16.980, segundo cotação de 29 de agosto] em publicidade. Os anúncios foram pagos em moeda chinesa, o yuan, e também em dólares de Hong Kong e dólares americanos.

Outro ponto relevante para o baixo alcance da operação é que, depois que as contas relacionadas à rede foram detectadas e desativadas pelos sistemas automatizados da Meta, seus responsáveis passaram a postar em plataformas menores para, em seguida, tentar ampliar seu alcance em serviços maiores - o que também não funcionou.

Os erros, comportamentos padrões e a estrutura operacional da rede permitiram aos investigadores conectá-la a grandes grupos de atividades de longa duração na Internet, alguns dos quais já tinham sido alvo das investigações da Meta.

Dentre eles, se destacam os envolvidos na operação Spamouflage, realizada no final de 2019. A semelhança e as ligações são tamanhas que o relatório uniu ambas as operações sob o mesmo nome. O documento afirma que “em conjunto, avaliamos a Spamouflage como a maior operação de influência secreta entre plataformas até o momento”.

O relatório da empresa ainda disse que “embora as pessoas por trás desta atividade tentassem esconder as suas identidades e coordenação, a nossa investigação encontrou ligações com indivíduos associados às autoridades chinesas”, sem fornecer mais detalhes sobre a identificação dos envolvidos.

A investigação atual teve início em 2022 e foi realizada pela equipe que coordena as políticas contra Comportamento Inautêntico Coordenado da Meta. Na ocasião, foram analisadas reportagens públicas sobre atividades fora do Facebook que visavam uma ONG de direitos humanos e que levaram às descobertas da rede chinesa.

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