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Benito Mussolini e Adolf Hitler
Munique, 26/09/1937.- Benito Mussolini e Adolf Hitler são recebidos por uma multidão na chegada do Duce a Munique: Foi a crença de que o poder político poderia melhorar os resultados econômicos que levou ao surgimento de ditadores como Hitler e Mussolini na Europa| Foto: EFE

O século 20 foi um período de surpreendente avanço tecnológico. Em comparação com o estilo de vida das pessoas comuns em 1925, a maior parte da história humana antes dessa época poderia ser descrita como o que hoje chamamos de "acampamento".

Apenas 30 anos antes, a maioria das pessoas viajava a pé ou pela força animal, exceto quando pegavam trens. Eles iluminavam suas casas com velas e se aqueciam principalmente queimando lenha, assim como seus ancestrais pré-históricos faziam. Era preciso sair de casa para usar o banheiro. Eles morriam de doenças que eliminamos hoje tomando pílulas por dez dias.

A explosão tecnológica do início do século 20 teve suas raízes no século 19, quando o que se costumava chamar de valores liberais formaram o mundo ocidental. Por “liberal”, quero dizer liberdade individual, mercados livres e governo limitado. Hoje, chamamos essa visão de mundo de “liberal clássico” ou “libertário” (na verdade, a mesma filosofia em diferentes estágios de desenvolvimento) porque “liberal” não significa mais nada disso (a palavra foi apropriada pelos progressistas).

Muitas pessoas acreditam que as guerras mundiais cataclísmicas foram um preço inevitável que o mundo teve que pagar por muita liberdade. Isso é o oposto da verdade. O início do século 20 viu uma reação violenta contra a onda de liberdade que varreu o mundo durante o século anterior. No centro desse sentimento antiliberal estava o ressentimento contra os mercados livres.

“O laissez faire [mercado livre] está morto”, diziam os políticos rotineiramente. Foi uma profecia autorrealizável.

A mentalidade anticapitalista era internacional e, dentro dos EUA, bipartidária. A Era Progressista se tornou popular com o presidente republicano Teddy Roosevelt na Casa Branca. Foi sob Roosevelt que as sementes do ramo executivo moderno e onipotente foram plantadas. Essas sementes receberam muito carinho de Woodrow Wilson enquanto ele tentava militarizar a economia, na esperança de que as políticas anticapitalistas do tempo de guerra se tornassem permanentes.

Houve uma breve pausa nos EUA durante a década de 1920, mas no exterior a mentalidade anticapitalista seguiu desenfreada. As pessoas se esqueceram — ou talvez nunca tenham sido ensinadas — como o pensamento anticapitalista era central para o fascismo italiano e o nazismo. É por isso que durante a década de 1930 até Hitler tinha admiradores nos Estados Unidos. Ele era visto como um “homem que poderia fazer as coisas” em termos de anular as relações voluntárias do mercado livre para alcançar resultados econômicos promulgados pelo governo.

É também a razão pela qual Hitler e Mussolini elogiaram o New Deal de FDR. Não, o New Deal não era tão totalitário quanto o que Mussolini ou Hitler estavam fazendo na Europa. FDR nunca proibiu legalmente as pessoas de deixarem seus empregos, como Hitler fizera, para manter o “pleno emprego”. Mas o New Deal colocou a economia sob as ordens arbitrárias dos burocratas do Poder Executivo, onde grande parte permanece até hoje.

A Segunda Guerra Mundial é amplamente considerada um evento glorioso. Supostamente, as forças do totalitarismo foram derrotadas pelos campeões da “democracia”, estabelecendo uma Nova Ordem Mundial (novus ordo seclorum) sob a qual os Estados Unidos liderariam o mundo na erradicação da tirania para sempre.

É uma bela história, porém um tanto prejudicada pelos fatos. Na verdade, as duas guerras mundiais foram desastres para a civilização ocidental. Sim, Hitler foi derrotado, mas é difícil argumentar, em retrospecto, que colocar metade da Europa sob o domínio brutal dos soviéticos, que mataram dez vezes mais pessoas do que os nazistas e eram pelo menos tão totalitários, foi uma vitória definitiva.

Pior ainda, as sociedades relativamente mais livres entre os Aliados tornaram-se significativamente menos livres. Os Estados Unidos tornaram-se um estado-vigia, primeiro para se opor ostensivamente aos soviéticos, depois ao terrorismo e agora… a um vírus. Os aliados europeus desceram ao socialismo, do qual se retiraram apenas marginalmente durante o final do século XX. Os EUA agora parecem ansiosos para repetir seus erros.

O progenitor das guerras mundiais e de tudo o que se seguiu foi a mentalidade anticapitalista que varreu o mundo na primeira metade do século XX. Foi a crença de que o poder político poderia melhorar os resultados econômicos que levou ao surgimento de ditadores como Hitler e Mussolini na Europa e ditadores leves como Wilson e os Roosevelts aqui na América.

Como uma sequência ruim, a mentalidade anticapitalista está de volta. Embora o Partido Republicano possa nunca ter cumprido o mercado de laissez faire que prometeu em campanha, eles entenderam a necessidade de, pelo menos, promovê-lo da boca para fora. Por quê? Porque um grande segmento de seus correligionários queria ouvi-lo. E esse sentimento entre um grande segmento do público — mesmo que não a maioria — é a única coisa que pode impedir uma maior destruição de nossa liberdade.

Agora, com o “nacionalismo econômico” à direita e o “socialismo democrático” à esquerda dominando o pensamento de quase 100% da população, estamos de volta ao desprezo quase unânime pelos mercados livres que definiu a década de 1930. E, desta vez, os Estados-nação estão armados com armas nucleares e biológicas.

Como essa última epidemia de pensamento anticapitalista terminará?

*Tom Mullen apresenta o podcast Tom Mullen Talks Freedom e é autor de vários livros. Seu podcast e seus textos podem ser encontrados em www.tommullentalksfreedom.com.

©2021 Foundation for Economic Education. Publicado com permissão. Original em inglês.
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