Quando eu tinha cerca de 16 anos, eu passei por uma fase breve de "adolescente comunista" (como muitos dos meus colegas). Obviamente, eu não conhecia nada sobre a teoria marxista ou a história do socialismo. Eu só sabia que o comunismo era, de alguma forma, considerado legal e rebelde. Significava quebrar o sistema, esmagar o governo e coisas desse tipo.
Se as viagens no tempo forem inventadas, eu espero não ter que me conhecer com 16 anos de idade, porque me acharia extremamente constrangedor. Mas fico feliz por ter passado por essa fase. Isso me salvou de algo muito pior. Nada é mais patético do que alguém que perdeu essa fase na adolescência e tenta compensar isso quando é adulto. O que nos leva ao escritor e colunista Paul Mason.
Mason irá celebrar o centenário da Revolução Russa. Você provavelmente sabe isso, porque ele tem falado sobre isso na internet o tempo todo. Ele também escreveu um texto extremamente confuso para o jornal The Guardian, tentando explicar, mas sem conseguir, porque ele está celebrando o centenário. Mason se distancia dos bolcheviques, mas insiste que "a Revolução Russa foi uma intervenção das massas na história, assim como a Revolução Francesa". Então deve ser boa, certo? Porque, claro, as massas são puras e nobres, filhos do trabalho, o sal da terra.
Esse é o tipo de texto que se espera de alguém que não consegue defender abertamente a União Soviética, com os problemas que ela causou (como Seumas Milne já fez em várias situações), mas que também não consegue desistir dela. Mason alega que Outubro de 1917 "foi um farol para o resto da humanidade, não importa o quão pouco durou". Mas a verdade é que era inalcançável. Infelizmente, nunca saberemos como a Rússia teria se desenvolvido se a Revolução nunca tivesse acontecido. Mas em todos os países socialistas que podemos observar, considerando seus contraexemplos, as coisas não parecem ter ido bem.
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No caso da China, o melhor contraexemplo é Taiwan. A decolagem econômica de Taiwan começou uma geração antes que a da China e hoje a ilha é mais rica que o Reino Unido. Sua história é turbulenta mas, ao contrário da China, não teve escassez de alimentos, campos de concentração, purificações ou execuções em massa. Similarmente, se compararmos a Coreia do Sul com a Coreia do Norte, a Alemanha do Oeste com a do Leste e Cuba a Porto Rico (ainda que essa comparação seja mais forçada), nós podemos começar a observar um padrão.
Podemos imaginar um contraexemplo pessimista para a Rússia: uma derrota esmagadora na Primeira Guerra Mundial, um colapso do governo de Kerensky, um período prolongado de caos e instabilidade e, eventualmente, a restauração do Czarismo em uma forma modificada. Mesmo assim, é difícil imaginar que o que aconteceria teria sido pior do que o que de fato aconteceu. O Império Russo estava meio século atrasado em relação ao resto da Europa em termos de desenvolvimento econômico – mas a modernização já tinha começado no fim do período czarista e não há nenhum indício de que teria parado.
Não teria havido uma coletivização forçada da agricultura nem repressão política, nem milhões teriam morrido de fome.
A polícia secreta do Czar, tão odiada na época e desmontada depois da revolução, poderia ter voltado no nosso cenário hipotético. Trabalho e exílio forçados na Sibéria já existiam durante o Czarismo, e poderiam continuar existindo. Mas estamos falando de milhares de pessoas, não milhões.
Sem a Revolução de Outubro e o surgimento de um poder militar socialista interessado em exportar seu modelo, é improvável que países como Polônia, Hungria, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Albânia, Bulgária, Romênia e Alemanha Oriental tivessem vivido o socialismo. Sem a revolução de Outubro, não haveria um Muro de Berlim.
Mas não era o Socialismo real!
Nesse momento, Mason provavelmente falaria que ele não está defendendo a União Soviética em si – só seus estágios iniciais. O que Mason realmente está tentando dizer está nessa afirmação "para mim, a degeneração da revolução começou na década de 20". É uma escolha interessante de palavras.
"Degeneração", nesse contexto, é um termo usado por Trotsky. Foi ele que criou a teoria de "estado de trabalhadores degenerados". O que ele queria dizer era que, nos estágios iniciais, a União Soviética era um estado genuinamente dos trabalhadores, gerido por trabalhadores para trabalhadores. Mas que, eventualmente, a burocracia soviética tomou conta e criou uma classe social própria, como os porcos de A Revolução dos Bichos, de George Orwell.
A solução de Trotsky era expulsar os burocratas vermelhos e estabelecer um estado real dos trabalhadores. Esse é o primeiro exemplo conhecido do que logo se tornaria a desculpa principal de socialistas de todos os lugares quando suas ideias falham (como sempre): "mas isso não era o socialismo real!".
Isso é o que eu chamo de desilusão Goodbye Lenin: a ideia que o socialismo poderia ter sido completamente diferente. Não podia, e nunca será em qualquer lugar, não importa o quanto insistirmos em tentar.
É possível ter uma pequena comuna agrícola (como os kibutz de Israel) como uma democracia de raíz, onde as pessoas podem se juntar e decidir tudo juntas. Mas assim que a economia atingir um grau maior de complexidade, ela começa a depender da especialização, delegação e divisão do trabalho. Além disso, quem quer passar seu tempo livre em comitês, debatendo detalhes da produção de todos os produtos?
O socialismo não é capaz de empoderar os trabalhadores. Ele só vai empoderar uma elite tecnocrática.
A revolução demorou dois dias, 7 e 8 de novembro. Aproveite este mês de festas, Paul. Mas você terá uma ressaca incrível quando acordar. E adivinhe quem estará celebrando.
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