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O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, participa de evento público na cidade
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio| Foto: Reprodução/ Twitter

Nova York é uma cidade que gosta de uma boa briga, mas é impossível encontrar alguém que diga “Eu amo Bill de Blasio”. É raro encontrar alguém capaz até mesmo de tolerar Bill de Blasio. Se você tem que discutir Bill de Blasio, precisa antes perguntar às pessoas “Por que vocês odeiam Bill de Blasio?” Todos têm uma resposta para essa pergunta.

Com 1,98m, De Blasio talvez seja o maior idiota do mundo, inquestionavelmente alto, mas raramente no comando da situação. Os norte-americanos, só para variar, combinam com o restante do país nisso. Enquanto supostamente se prepara para uma tentativa hilariamente fútil de concorrer à Presidência, ele tem zero por cento das intenções de voto em Iowa. E zero por cento em New Hampshire. Uma pesquisa Quinnipiac realizada em março mostrou que, entre os nova-iorquinos, ele é o candidato à presidência menos popular. Na mesma pesquisa,  Warren Wilhelm Jr. (nome que ele usava antes) foi favoravelmente avaliado por 24% dos entrevistados e desfavoravelmente avaliado por 49% deles - a pior avaliação entre todos os democratas em Nova York. A taxa de aprovação é menor que a de Donald Trump, que é de 28%.

Uma pesquisa diferente realizada em New Hampshire pedia aos eleitores que mencionassem qualquer um que eles quisessem ver como presidente. Entre os citados estavam Barack Obama, Dwayne “The Rock” Johnson, Howard Schultz e, aqui e ali, até mesmo a senadora Kirsten Gillibrand, mas ninguém mencionou De Blasio. Numa aparição em New Hampshire, De Blasio recentemente se viu num debate entre 14 pessoas que atraiu apenas seis espectadores. Uma regra básica dos superastros da política: se aos 57 anos você está num palco com mais debatedores do que espectadores, você não é um astro.

Diferentes embalagens, mesmo conteúdo

Como um universitário inseguro tentando se expressar de várias formas a fim de chamar a atenção da menina mais linda da aula de Política Pós-colonial de Gênero — uma hora um jogador de tênis vindo de uma escola preparatória, noutra um guitarrista gótico torturado, noutra um feminista raivoso — De Blasio insiste em tentar refazer sua “embalagem”, incapaz de perceber que as pessoas não gostam é do seu conteúdo. Sua primeira versão, a de inimigo da brutalidade policial, expirou um ano e três dias depois de ele ter tomado posse, quando milhares de policiais lhe deram as costas durante o funeral de um colega e o feriram no bolso deixando de multar motoristas por um dia. Um abalado De Blasio abandonou sua prática comum de falar mal dos policiais e começou a alardear as estatísticas do Departamento de Polícia de Nova York.

Próximo! De Blasio começou a se vangloriar de ser o líder da resistência anti-Trump — “PREFEITO DE NOVA YORK ENSINA OS DEMOCRATAS A ENFRENTAREM TRUMP,” dizia o blog Daily Kos — até que no começo do ano De Blasio declarou: “Não vamos ganhar se continuarmos falando de Donald Trump”. Ah, então esqueçam o que ele disse nos dois anos seguintes à eleição de Trump.

No começo do ano, Bill de Blasio redobrou seus esforços para ser visto como o Prefeito Marx, embora os esforços tenham sido inúteis - parecia que ele tinha se inspirado também em Karl e Zeppo. Um estudo do Manhattan Institute descobriu que, depois de quatro anos sob a administração De Blasio, a desigualdade de renda permaneceu no mesmo nível em que esteve durante os doze anos de administração do bilionário sem coração Mike Bloomberg. A retórica contra os ricos de De Blasio só é levada a sério por uns poucos: “Há dinheiro o bastante no mundo. (...) Só que o dinheiro está em mãos erradas”, disse ele em janeiro, ao que o New York Times acrescentou ironicamente: “ele [De Blasio] até aqui não teve sucesso em suas muitas tentativas de aumentar os impostos dos mais ricos”.

Nesta primavera, De Blasio está se vendendo como o Gigante Verde. Não importa que a cidade de Nova York tenha acrescentado cinco mil veículos oficiais à sua frota desde que ele assumiu o cargo ou que o prefeito ande de SUV diariamente da sua casa no Upper East Side até Park Slope, no Brooklyn, onde ele morava, apenas para não ter de se matricular numa nova academia de ginástica perto da Gracie Mansion, residência oficial do prefeito. De Blasio decidiu atacar o aquecimento global a partir de uma cidade famosa por ter uma pegada de carbono minúscula. Parecendo um cara de Montana que odeia árvores, De Blasio declarou guerra aos arranha-céus.

Arranha-céus de aço e vidro “não têm mais espaço em nossa cidade ou no planeta Terra”, declarou o prefeito em abril, e não era nem Primeiro de Abril. (Corrigindo: era o Dia da Terra, o que dá no mesmo). A mais recente menina dos olhos da cidade, o distrito Hudson Yards, construído por US$20 bilhões sobre um jardim suspenso perto do Lincoln Tunnel, acabou de ser inaugurado, mas De Blasio lhe reservou seu tratamento deslumbrado de sempre, chamando o projeto de “o jeito errado de fazer as coisas”. Ele está se preparando para assinar a versão nova-iorquina do New Deal Verde, exigindo uma quantidade absurda de compensação ecológica dos arranha-céus. Na verdade, trata-se de um novo e caro imposto que pressionará os custos de se fazer negócio nos 50 mil maiores edifícios de Nova York, até mesmo em estruturas novinhas e ambientalmente corretas como a sede do Bank of America, entre a Rua 42 e a Sexta Avenida, um edifício tão ecológico que até Al Gore tem escritório lá.

Como os progressistas têm que dar publicidade a tudo, até mesmo à inauguração de um refeitório de terceira classe, De Blasio decretou que as escolas públicas têm de respeitar as “Segundas sem Carne” a partir do ano que vem. É algo como as sextas-feiras sem carne que a Igreja Católica recomendava aos fiéis, só que a religião oficial de Nova York agora é a Igreja do Frangote. Você vai ver as filas gigantescas que se formarão em todas as lanchonetes McDonald’s próximas às escolas de ensino médio no meio da tarde.

Corrupção e incompetência

De Blasio não é apenas um tolo preguiçoso e assassino de marmotas que envergonha a cidade tanto quanto o New York Knicks e o Aeroporto JFK. Ele é também uma pessoa gananciosa que usa os mesmos truques de sua ex-chefe, Hillary Clinton (com quem trabalhou como chefe de campanha em 2000). Ele tem a tendência de usar grupos de ativistas de causas aparentemente nobres que, por pura coincidência, atraem dólares de entidades que querem ter uma boa relação com a prefeitura. Como escreveu o Times em editorial, uma empreiteira de Boston, a Suffolk Construction, que está “claramente esperando ampliar seus negócios em Nova York”, organizou um evento para arrecadar fundos para a campanha de De Blasio. Esse tipo de coisa acontece desde a primeira vez em que De Blasio se candidatou a prefeito, em 2013. Um exemplo é o de um doador daquela primeira campanha se declarou culpado de ter escrito um cheque para a campanha a fim de conseguir comprar um restaurante no Queens. De Blasio talvez tenha sido poupado de um processo por corrupção por um republicano - o ex-governador da Virgínia, Bob McDonnell, cujo caso obrigou a Suprema Corte a facilitar as coisas para políticos acusados de receber doações indevidas.

O mais impressionante em De Blasio é o tamanho de sua incompetência: sem nem mesmo um pedido tímido de desculpas, ele acabou com seu programa “Renovar”, que torrou US$750 milhões em educadores fracassados que ficaram felizes embolsando o dinheiro sem alcançar praticamente nenhum resultado. A Housing Authority da Nova York de De Blasio - o departamento que administra todos os charmosos projetos de habitação da cidade - é tão deplorável (com mofo, ratos, tinta à base de chumbo, elevadores precários, vazamentos, etc.) que a cidade foi obrigada a aceitar a supervisão de um monitor nomeado pelo Departamento Nacional de Habitação e Urbanismo, chefiado por Ben Carson. Isso mesmo: o prefeito foi tão incapaz de cumprir um de seus principais deveres que agora o departamento está sob a administração de... Donald J. Trump. Qual será o slogan de campanha dele? Que tal este: “De Blasio 2020: Corrupto como Hillary e Incompetente como Trump”?

Kyle Smith é crítico de atualidades da National Review.

©2019 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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