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Portão de Brandemburgo, em Berlim, um marco da divisão da capital alemã
Portão de Brandemburgo, em Berlim, um marco da divisão da capital alemã| Foto: EFE/EPA/CLEMENS BILAN

Em julho, em uma exibição pública do documentário Life Behind the Berlin Wall (A Vida Por Trás do Muro de Berlim, em tradução livre), os espectadores foram informados de que os cidadãos da Alemanha Oriental tiveram que esperar de 12 a 17 anos por um Trabi (o pior carro do mundo), enquanto os alemães ocidentais podiam ir a uma concessionária e voltar para casa em seus carros novos no mesmo dia.

Uma onda de risos irrompeu da platéia com a revelação, mas essa não foi a única informação que chamou a atenção dos espectadores. Em 1989, 65% dos apartamentos na República Democrática Alemã (RDA) ainda tinham aquecimento por forno, 27% dos apartamentos da RDA não tinham banheiro próprio e apenas 16% dos alemães orientais tinham telefone, em comparação com 99% no oeste da Alemanha.

Esses são apenas alguns dos fatos revelados no filme, que levou para casa um prêmio (“Audience Choice Award for Short Films”, ou Prêmio Escolha do Público para Curtas-metragens) em sua estreia mundial em Las Vegas, no dia 14 de julho no Freedom Fest, evento que reuniu cerca de 2.500 pessoas e 350 palestrantes, incluindo o conhecido senador norte-americano Rand Paul, o fundador da Forbes , Steve Forbes, e o lendário investidor Jim Rogers.

O filme será exibido em breve em escolas de toda a América — para ilustrar que uma economia de mercado é superior a uma economia planificada. Assim, o filme não se concentra na opressão política, mas na economia e na vida cotidiana dos alemães orientais e ocidentais.

Poluição Ambiental na RDA

Um tema importante no filme é a degradação ambiental na RDA.

  • Em 1989, a RDA emitiu mais de três vezes mais CO2 por unidade de PIB do que a República Federal (Alemanha Ocidental);
  • Poluição do ar, dióxido de enxofre: em 1988, a RDA emitiu 10 vezes mais dióxido de enxofre por km2 que a República Federal, foram 48,1 toneladas métricas/km2 contra 4,6 toneladas métricas/km2);
  • Poluição do ar, partículas transportadas pelo ar: a carga média de 20,3 toneladas métricas por km2 na RDA foi mais de 10 vezes superior à da República Federal (1,8 tonelada métrica/km2);
  • Poluição dos rios: quase metade dos principais rios da RDA estavam biologicamente mortos em 1989 e 70% não podiam mais ser usados ​​para beber água;
  • Quase metade dos moradores da RDA não recebeu água potável em parte ou o tempo todo, devido à alta entrada de nitrogênio, fósforo, metais pesados ​​e outros poluentes nas águas.

Portanto, as alegações dos anticapitalistas de que a ganância por lucro das empresas capitalistas privadas é a causa da degradação ambiental são enganosas: os problemas ambientais sob o socialismo eram muito maiores.

Por que o muro foi construído

Os defensores do “socialismo democrático” se distanciam de sistemas como os que prevaleciam na Alemanha Oriental. Mas eles agem como se a economia e a política pudessem ser arbitrariamente separadas uma da outra. O foco de suas críticas é a eliminação das liberdades políticas e democráticas (liberdade de expressão, liberdade de imprensa, etc.) em países como a RDA ou a URSS. Mas as receitas econômicas de muitos partidários do “socialismo democrático” são bastante semelhantes às de seus camaradas não democráticos, pois são caracterizadas por uma profunda desconfiança das forças do mercado e uma confiança quase ilimitada no Estado.

Os defensores do “socialismo democrático” só querem corrigir os “erros” cometidos pelos estados socialistas do mundo real nos últimos 100 anos e combinar o sistema econômico socialista com uma constituição estatal democrática. Para esses defensores do “socialismo democrático”, aparentemente é uma coincidência que sociedades de base não capitalista, caracterizadas pela ausência de liberdade econômica, também tenham um sistema político em que as liberdades estão ausentes.

Um exemplo da conexão entre a eliminação das liberdades econômicas e as liberdades políticas foi a RDA: primeiro, a liberdade econômica foi eliminada através da nacionalização da terra e dos meios de produção. Como resultado, houve uma enorme disparidade entre o desempenho econômico da Alemanha Oriental e da Alemanha Ocidental. O padrão de vida no Ocidente era muito mais alto e, portanto, 2,8 milhões de pessoas fugiram da RDA – especialmente, mas não apenas, empresários e profissionais bem-educados. O fato de o Muro ter sido construído em 1961 era, portanto, uma inevitabilidade econômica, porque, caso contrário, o sistema na Alemanha Oriental teria secado imediatamente.

Os socialistas gostam de comparar a realidade do capitalismo com suas próprias teorias de uma sociedade ideal. Mas isso é tão injusto quanto comparar seu casamento na vida real com um romance que mostra o caso de amor perfeito. O socialismo sempre fica bem no papel – exceto quando esse papel está em um livro de história.

Rainer Zitelmann é historiador e sociólogo. O filme A Vida Por Trás do Muro de Berlim é baseado em um capítulo de seu livro O Capitalismo não é o problema, é a solução.

© 20221 Foundation for Economic Education (FEE). Publicado com permissão. Original em inglês.

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