• Carregando...
 |
| Foto:

O terremoto de 6,8 pontos de magnitude na Escala Richter que teve origem na Bolívia foi sentido também em terras brasileiras na manhã desta segunda-feira (2). Segundo dados de um aplicativo do Centro de Sismologia da USP, foram registrados tremores em São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio grande do Sul. 

Apesar de ter assustado e surpreendido muita gente, esse tipo de tremor de terra é comum no Brasil. Por mais que o país esteja no centro de uma placa tectônica, os abalos sísmicos que ocorrem em grande profundidade e grande magnitude em países como a Bolívia, o Chile e o Equador podem ser percebidos aqui também. 

“Quando ocorrem terremotos em grande profundidade focal como este, que ocorreu a 557 quilômetros, mais rapidamente e com mais intensidade, as ondas de energia se dissipam pelo interior da terra em direção à superfície, porque em grandes profundidades existem materiais mais densos, e estes refletores propagam essas ondas em uma velocidade maior para a superfície”, explicou José Roberto Barbosa, técnico em sismologia do Centro de Sismologia da USP. 

Ele comparou o efeito ao ato de jogar uma pedra pequena e uma maior, mais densa, em um lago. “A pedra grande vai refletir mais ondas na água. É o mesmo que ocorre quando um abalo sísmico tem origem em um material mais denso”. 

Mas por que esses tremores não são sentidos por toda a população? 

“Durante a propagação, essas ondas que chegaram à superfície encontram alguns blocos de rocha ou de rochas mais densa ou menos, materiais mais sólidos, essas ondas passam e não são percebidas. Mas quando passam por rochas sedimentares, mais moles, que oferecem pouca resistência, a onda de energia se fortalece e ao se fortalecer criar mais energia. E algumas estruturas de prédios podem ter sido erguidas justamente nessas rochas menos densas e por isso em alguns lugares, alguns prédios, esse tremor é sentido e em outros não”, explica Barbosa.

Riscos

De acordo com George Leão França, professor do Observatório Sismológico da UnB, o Brasil registra centenas de milhares de terremotos por mês, mas quase a totalidade deles não é sequer sentida. Raramente o Brasil registra abalos com maior intensidade na Escala Richter, de magnitude 5, mas que em países mais acostumados com terremotos, como Chile e Japão, não provocam comoção.

O fato é que a população brasileira não tem grandes motivos para se preocupar com abalos sísmicos. Os efeitos dos terremotos ocorridos em outros países vão variar no Brasil conforme o tipo do solo das cidades atingidas ou as edificações — normalmente somente os andares mais altos dos prédios é que sentem os tremores.

Outra vantagem do Brasil é estar afastado das bordas da placa tectônica sul-americana. Perto das bordas os efeitos são mais sentidos, com consequências potencialmente desastrosas. “A possibilidade de um terremoto devastador no Brasil é muito remota”, diz França.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]