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Soldados israelenses patrulham a fronteira de Gaza.
Soldados israelenses patrulham a fronteira de Gaza.| Foto: EFE/EPA/Abir Sultan

Após a histórica abstenção dos Estados Unidos na resolução do Conselho de Segurança da ONU que apelava para um cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza durante o Ramadã, o Ocidente ficou esperando os passos seguintes do conflito.

No entanto, com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu indicando que realmente vai iniciar uma invasão em grande escala à Rafah – para eliminar o último reduto do Hamas –, vale a pena examinar o que torna a abstenção dos Estados Unidos tão significativa e como ela afetará o esforço de guerra de Israel (se é que vai afetar).

A resolução não era vinculativa, mas a decisão da administração Biden de não vetá-la sinaliza uma mudança em sua abordagem estratégica. Anteriormente, o governo americano havia protegido Israel de ser, injustamente, um alvo da ONU – que efetivamente se dedicou a difamar o país.

Como Israel seguirá rejeitando qualquer cessar-fogo que não esteja condicionado à libertação de reféns, a única função da resolução é permitir que outros países retratem o governo israelense como um agente fora da lei.

A prova mais contundente de que a abstenção de Biden foi um erro moral colossal é que o Hamas correu para elogiá-la. Mas a decisão também foi politicamente insensata e irrealista

Segundo uma pesquisa recém-divulgada pela Harvard-Harris, apenas 37% dos americanos são favoráveis a um cessar-fogo que deixaria o Hamas no poder (e com os reféns em suas garras). Outros 63% pensam que um cessar-fogo deveria ocorrer apenas após a libertação de todos os reféns e a remoção do Hamas do poder.

Já em Israel, 82 % da população apoia uma invasão à Rafah, o que deixa o governo praticamente sem outra opção.

A aprovação da resolução levou Netanyahu a cancelar uma viagem planejada para Washington, onde seriam discutidas a iminente ofensiva em Rafah e possíveis alternativas propostas pelos Estados Unidos. O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, considerou o cancelamento "surpreendente e lamentável".

No entanto, há duvidas de que os EUA tenham elaborado alternativas realistas para Israel. A falta de ideias viáveis ficou evidente durante uma coletiva de imprensa após a votação do Conselho de Segurança, na qual Miller afirmou que os americanos estão aconselhando Israel sobre como "derrotar os batalhões remanescentes do Hamas que estão operando em Rafah, mas sem uma invasão em grande escala".

Tratam-se de propostas que se excluem mutuamente – como demonstram os acontecimentos recentes em Gaza, não existem alternativas para um ataque militar em grande escala que derrote o Hamas.

Há mais de uma semana, as Forças de Defesa de Israel (IDF) têm travado uma batalha acirrada com os terroristas palestinos no Hospital Shifa, em Gaza, e nas áreas ao redor. A milícia tem usado o centro médico como base para se reorganizar, apenas alguns meses depois de Israel ter expulsado o grupo do complexo e deixado a área sem monitoramento.

As IDF mataram mais de 170 terroristas dentro e ao redor de Shifa desde o início da operação. Prenderam outros 500 membros do Hamas e da Jihad Islâmica e ainda apreenderam armas, munições e fundos destinados às atividades das milícias.

De acordo com o especialista em segurança israelense Seth Frantzman, "Foi o maior número de terroristas encontrado em um único local desde o início da guerra".

O episódio em Shifa é uma prévia do que acontecerá em Gaza se Israel não concretizar a invasão à Rafah: os batalhões restantes do Hamas não serão destruídos e nenhum consórcio entre as IDF e as forças internacionais será capaz de manter o terrorismo sob controle.

Na ausência de um monitoramento consistente, o Hamas se infiltrará lentamente em toda Gaza e acumulará mais armas e mão de obra nas áreas abandonadas pelas IDF.

E os israelenses se encontrarão na mesma situação que enfrentaram em 7 de outubro: confrontados com uma organização terrorista genocida à sua porta, pronta para matar o maior número possível de pessoas.

Israel não pode permitir que isso aconteça, não importa o que o Conselho de Segurança decrete.

Eitan Fischberger é analista de relações internacionais e do Oriente Médio.

©2024 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês: Israel Must Invade Rafah

Conteúdo editado por:Omar Godoy
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