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O personagem John "Hannibal" Smith (George Peppard), da série 'Esquadrão Classe A', usado como exemplo pelo autor de 'O Plano de Marketing de 1 Página'.
O personagem John “Hannibal” Smith (George Peppard), da série ‘Esquadrão Classe A’, usado como exemplo pelo autor de ‘O Plano de Marketing de 1 Página’.| Foto: Divulgação/NBC

Recém-lançado no Brasil pela editora Intrínseca, ‘O Plano de Marketing de 1 Página: Conquiste Clientes, Ganhe dinheiro e Faça a Diferença’ é mais um best-seller que ensina, com uma linguagem clara e simplificada, os passos necessários para a construção de um negócio de sucesso.

Com uma diferença: seu autor, o empresário australiano Allan Dib, não “doura a pílula” do mundo do empreendedorismo. Pelo contrário.

Na contramão de outros coaches de plantão, ele afirma que nem todos deveriam ou estão preparados para abrir a própria empresa. É o que você lê no trecho a seguir.

As estatísticas variam quanto ao percentual de empresas que quebram nos primeiros cinco anos. Algumas estimativas chegam a situar esse número em 90%.

Seja como for, nunca vi essa estatística sendo citada como menos que 50%. Isso significa que, se formos muito otimistas, você tem uma chance de meio a meio de ainda estar de portas abertas depois de cinco anos.

No entanto, eis onde a coisa fica bem pior: as estatísticas levam em conta apenas as empresas que encerram 100% das operações, sem contabilizar aquelas que atingem um platô bastante baixo e vão aos poucos matando seus donos ou tornando a vida deles uma m*.

Já parou para pensar por que a maioria das empresas estanca em um patamar medíocre?

Em uma ponta do espectro, temos Pete, o encanador, que trabalha 16 horas por dia, inclusive nos finais de semana, nunca tira férias e mesmo assim mal ganha o suficiente para se manter.

Na outra ponta, temos Joe, dono de uma empresa de consertos hidráulicos, com 29 encanadores trabalhando para ele. Aparentemente, essa atividade empresarial privada é responsável por grandes somas de dinheiro que não param de jorrar.

É muito comum que pequenas empresas nunca cresçam além do ponto em que geram apenas lucro o suficiente para o(s) dono(s) ganhar(em) a vida de forma modesta.

A impressão é que, por maior que seja o esforço, a tentativa de chegar a outro nível só gera frustração.

A essa altura, acontece uma das duas coisas a seguir: ou se perdem as esperanças ou se aceita a fatalidade de que sua empresa nada mais é que um emprego mal remunerado que você mesmo inventou.

A realidade é que muitos empresários talvez estivessem melhor se fossem funcionários no mesmo setor.

Provavelmente trabalhariam menos horas, se estressariam menos, teriam mais benefícios e mais tempo livre, em vez de continuar nessa prisão que criaram para si.

O lado positivo é que existem alguns que parecem ter tudo isso. Trabalham em horários aceitáveis, têm um fluxo de caixa fantástico e desfrutam de crescimento contínuo.

Os empresários em dificuldades costumam culpar o setor. É verdade que alguns setores estão em declínio — livrarias e bancas de jornal, por exemplo.

Caso você pertença a um desses setores mortos ou moribundos, talvez seja hora de cortar o mal pela raiz e mudar de ramo, em vez de permanecer nessa tortura financeira até a morte.

Isto pode ser particularmente complicado quando você está há muito tempo no mesmo ramo.

Porém, na maioria dos casos, culpar o setor nada mais é do que se vitimizar. Algumas das queixas setoriais que mais ouço são:

  • É competitivo demais.
  • A margem é muito pequena.
  • Os descontos das lojas on-line estão roubando meus clientes.
  • A publicidade não funciona mais.

No entanto, é raro que a culpa seja de fato do setor, afinal, tem gente que está indo muito bem. A pergunta óbvia, então, é: o que essas pessoas estão fazendo de diferente?

Muitos pequenos empresários caem na armadilha descrita no clássico livro de Michael Gerber, ‘O Mito do Empreendedor’. É a seguinte: você é um técnico — por exemplo, encanador, cabeleireiro, dentista, etc. — muito bom naquilo que faz.

Até que, um belo dia, se vê acometido daquilo que Gerber batizou de “surto empreendedor” e começa a pensar com seus botões: “Por que eu continuo trabalhando para o idiota do meu chefe? Eu sou bom no que faço — vou abrir meu próprio negócio.”

Esse é um dos maiores erros cometidos por quase todo pequeno empresário: deixar de trabalhar para um chefe idiota para virar um chefe idiota!

Eis o xis da questão: não é só porque você é tecnicamente bom naquilo que faz que você é bom em administrar um negócio daquilo que faz.

Portanto, voltando para o nosso exemplo, um bom encanador não necessariamente é a melhor pessoa para tocar uma empresa de serviços de encanamento.

É de vital importância fazer essa distinção: esse é um dos principais motivos que levam a maioria das empresas a quebrar. Um empresário pode ter competências técnicas excepcionais, mas é a falta da competência em gestão empresarial que leva sua empresa para o buraco.

Não digo isso para dissuadir ninguém de abrir o próprio negócio. Porém, é preciso, sobretudo, estar determinado a se tornar um bom administrador, e não apenas um bom técnico.

Empresas podem ser veículos incríveis para alcançar independência financeira e realização pessoal, porém somente para aqueles que estão cientes dessa distinção crucial e entendem o que é preciso fazer para administrar uma empresa de sucesso.

Quando eu era criança, meu programa de TV favorito era a série ‘Esquadrão Classe A’. Caso você nunca tenha assistido, vou fazer um resumo básico do roteiro de 99% dos episódios.

  • Vilões assediam e ameaçam uma pessoa ou um grupo inocente.
  • Pessoa ou grupo inocente implora ajuda ao Esquadrão Classe A.
  • O Esquadrão Classe A (um monte de ex-combatentes) enfrenta, humilha e bota os vilões para correr.

Os episódios costumavam terminar com Hannibal (o cérebro do Esquadrão Classe A) mordendo seu charuto e resmungando em triunfo: “Adoro quando um plano dá certo!”.

Dê uma olhada em qualquer profissão de alta responsabilidade, e você verá um plano bem pensado sendo executado. Profissionais de verdade nunca agem no improviso.

  • Médicos seguem um plano de tratamento.
  • Pilotos de avião seguem um plano de voo.
  • Soldados seguem um plano de operações táticas.

Como você se sentiria contratando algum dos serviços citados e o profissional dissesse: “Dane-se o plano. Vou no improviso.” Pois é, é exatamente isso que a maioria dos donos de empresa faz.

Invariavelmente, quando alguém estraga alguma coisa, uma análise posterior revela a ausência de um plano. Não deixe esse alguém ser você e sua empresa.

Embora ninguém possa assegurar o seu sucesso, ter um plano aumenta drasticamente sua probabilidade de êxito.

Assim como você não gostaria de embarcar em um avião cujo piloto não tenha um plano de voo, você não gostaria que seu sustento e o da sua família dependessem de um negócio que não tem um plano de negócios.

Quase sempre o preço a pagar por isso é bem alto. Casamentos, parcerias, empregos e tantas outras coisas são, muitas vezes, vítimas de negócios fracassados.

Há mais do que seu ego em jogo. Por isso, é hora de “virar profissional” e criar um plano.

Conteúdo editado por:Omar Godoy
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