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Elias Jabbour, novo assessor de Dilma: "Stálin mereceria ao menos um Nobel"
Elias Jabbour, novo assessor de Dilma: “Stálin mereceria ao menos um Nobel”| Foto: Reprodução YouTube/ Canal Inteligência Ltda.

O professor de Economia da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Elias Jabbour seria apenas um dos muitos docentes brasileiros com simpatia por Cuba, União Soviética e China, não tivesse sido premiado com um cargo no Banco dos Brics, o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Agora, ele será diretor de pesquisa do banco sediado em Pequim, sob tutela da ex-presidente Dilma Rousseff, que comandará a instituição.

Militante de longa data do PCdoB (Partido Comunista do Brasil), Jabbour não é um livre-pensador no sentido socrático da palavra. Ele não está disposto a seguir o raciocínio lógico até suas conclusões, sejam elas quais forem. Pelo contrário: parte da conclusão (a de que o socialismo é o melhor regime possível) e dali começa a coletar argumentos com a seletividade de quem retira o trigo para ficar apenas com o joio.

Recentemente, em uma entrevista ao canal Inteligência Ltda., ao comentar os assassinatos promovidos pela ditadura cubana, o novo assessor de Dilma defendeu a pena de morte para os dissidentes do regime. “Você vai fazer o quê? Você é um estado revolucionário, é um estado que está sob cerco, se você começa com esse grau de subversão ao sistema, aquilo vai para o buraco (…) Não é matar a galera, é aplicar a lei (…) É pena de morte”, destacou.

Questionado pelo apresentador do programa, Rogério Vilela, se concorda com a pena de morte, Jabbour disse que "no caso do socialismo, sim", "porque no capitalismo quem morre com pena de morte é pobre". À réplica de Vilela, lembrando que "se todo mundo é pobre [no regime], quem morreu é pobre", Jabbour afirmou: "Tudo bem, mas eram pobres a serviço de uma potência estrangeira", completando que, neste caso, a pena de morte seria justificável.

Nobel para Stálin

Ninguém pode dizer que Elias Jabbour não tem uma visão de mundo. Os capitalistas são os vilões. O socialistas são os heróis. Tudo o que tem algum resquício de comunismo é bom. Tudo o que tem algum resquício de capitalismo (a começar pelos Estados Unidos) é mau.

Para ele, Barack Obama é um “serial killer”. Já o genocida Joseph Stálin merecia o Prêmio Nobel. “Sou daqueles que acham que o camarada Stálin mereceria ao menos um Nobel não somente pela derrota imposta ao nazismo. Stálin mereceria um por cada cada país capitalista que se obrigou a implantar altas cessões às demandas dos trabalhadores sob a forma de Welfare State”, escreveu o assessor de Dilma. Justiça seja feita: ele prefere Lênin — no braço (esquerdo), Jabbour tem uma tatuagem com o rosto e o nome do ditador soviético (em russo).

O método Jabbour serve para resolver qualquer problema complexo. A complicada política libanesa — um país dividido entre cristãos e muçulmanos — será pacificada quando o Líbano for governado por um grupo terrorista e se tornar subserviente ao regime comunista chinês. Ou, nas palavras de Jabbour, a solução é "um governo patriótico liderado pelo Hezbollah e a admissão do país no projeto ‘One Belt, One Road’ [Nova Rota da Seda chinesa].”

A lógica binária do professor da UERJ explica qualquer coisa. Por exemplo: se a China tem um aumento repentino no número de mortos por Covid, a culpa evidentemente é dos Estados Unidos — ou, mais precisamente, dos chineses influenciados pelos americanos. “O governo chinês teve que se confrontar com uma subjetividade individualista que controla a mente de toda sua classe média americanófila”, explicou. O problema, acredita Jabbour, é que a classe média chinesa, aparentemente influenciada pelos americanos, se tornou muito afeita ao direito de ir e vir.

Como bom comunista, Jabbour tem predileção por teorias da conspiração que mostrem os Estados Unidos como o país mais maquiavélico que já existiu. “O que ninguém tem noção é que cerca de 10 bombas de Hiroshima foram despejados a esmo em território norte-coreano durante a Guerra da Coreia”, disse, embora não haja qualquer evidência de que isso tenha ocorrido. Ele também afirmou que “o Ocidente matou 30 milhões de chineses na rebelião dos boxers", na China. Na verdade, a estimativa mais aceita é de que 100.000 pessoas morreram. Ele também está convencido de que o "O Gmail, o Google e o Facebook são plataformas criadas pelo Estado americano". Ou talvez não esteja tão convencido, já que ele usa o Facebook para apresentar suas ideias extravagantes.

O assessor de Dilma também não é bom em fazer previsões. Esta, por exemplo, foi feita em março de 2020: "O próximo capítulo desta história será a China e Cuba socialistas oferecendo ajuda em escala geométrica para todo mundo e banir essa doença. O país que mais vai precisar desta ajuda é justamente os Estados Unidos."

Apologista da ditadura chinesa

Não ouse falar mal da ditadura chinesa perto de Elias Jabbour. Regime de partido único? Censura das redes sociais? Falta de liberdades individuais? Ele tem um sofisma preparado para cada argumento contra a ditadura chinesa. Tal como os saudosistas do regime militar brasileiro que exibem fotos de pessoas na praia como prova irrefutável de que não houve ditadura no Brasil, Jabbour mostra uma foto com alguns chineses sem correntes nas mãos para demonstrar que não há ditadura na China. “A melhor foto que tirei em Pequim. Olha que ditadura. Todo mundo triste, assustado. Viva a República Popular!!!”, escreveu no Facebook.

O maior orgulho da carreira de Jabbour é ter sido um dos vencedores do Special Book Award of China 2022. A láurea é entregue pelo governo chinês a autores estrangeiros. O livro que lhe rendeu a honraria é “China: O socialismo do século XXI”.

A apresentação da obra é assinada por Renato Rebelo, ex-presidente do PCdoB. Já na introdução, os autores elogiam a China pela resposta à pandemia, embora no mundo real o regime chinês tenha (na melhor das hipóteses) agido de forma irresponsável ao tentar acobertar a gravidade da Covid-19. "Em tempos de trevas e ressurgimento do fascismo em escala global não há como não observar a China e todos os instrumentos institucionais e econômicos utilizados nessa ampla vitória contra a pandemia com duas conclusões: 1) as hipóteses lançadas neste livro confirmaram-se e 2) a história não acabou”, escrevem. No livro, Jabbour e Alberto Gabriele abusam de termos como "contrarrevolução neoliberal", "intelectuais a serviço das classes dominantes.”

Mas o regime de Pequim não é a única ditadura com espaço no coração de Jabbour. Sim, ele também admira Hugo Chávez e Fidel Castro (quem poderia imaginar?) E o ditador sírio Bashar Al-Assad. E a teocracia do Irã. E o regime totalitário da Coreia do Norte. Aliás, Jabbour teve “a honra” de visitar o país por 13 dias em 2010. Ele exibe, orgulhoso, uma foto com “o número 2 e 3 na hierarquia do poder norte-coreano.”

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