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Ativistas contrários à legalização do aborto celebram em frente ao Congresso Nacional, em Buenos Aires, em 9 de agosto de 2018 | ALBERTO RAGGIO/ AFP
Ativistas contrários à legalização do aborto celebram em frente ao Congresso Nacional, em Buenos Aires, em 9 de agosto de 2018| Foto: ALBERTO RAGGIO/ AFP

O Senado argentino derrubou, na madrugada desta quinta-feira (9), um projeto de lei que permitiria o aborto por vontade da mulher até a 14ª semana de gestação. A sessão, que durou 17 horas e foi acompanhada com grande atenção pela sociedade argentina, aconteceu após meses de debates no país.

O debate sobre a descriminalização do aborto na Argentina teve reviravoltas. Inicialmente, o lado que rejeitava o projeto de lei não era maioria. A ala pró-vida do senado consolidou a maioria poucos dias antes da decisão, quando a senadora kirchnerista Silvina García Larraburu mudou sua opinião, passando do apoio à recusa da lei. 

Em 4 de agosto, Silvina anunciou que iria mudar o seu voto e com isso o total de votos “não” passou a 37, ou seja, a maioria entre os 72 senadores, de acordo com o jornal La Nacion

Outro senador, José Alperovich, que estava indeciso, anunciou no início da sessão que iria votar contra o projeto de lei, confirmando a vantagem do “não”. 

O resultado final da votação foi de 38 a 31, com duas abstenções. 

Nossas convicções: Defesa da vida desde a concepção

O anúncio de Silvina foi um duro golpe para os que promoviam a legalização do aborto, que perderam naquele dia um voto a favor da interrupção voluntária da gravidez. 

“Como está hoje a situação, a realidade é que vou votar contra. Esta semana se inclinou a balança a partir de tudo o que fui escutando e como se deu o debate. Também tem a ver com as minhas convicções mais íntimas”, justificou a senadora, segundo o La Nación. 

A senadora fez ainda fortes críticas ao projeto. “Não vai resolver a problemática de fundo e tem a ver com os interesses econômicos estrangeiros que estão promovendo e fizeram investimentos para que esse debate aconteça”, afirmou. 

Durante a sua exposição na sessão que decidiu sobre o projeto de lei, a senadora Silvina disse que os problemas do país hoje são a falta de acesso à saúde e a necessidade de remediar um sistema que sofre com falta de estrutura. 

“O aborto é uma tragédia em que duas pessoas pagam as consequências de um Estado inoperante em matéria de saúde, educação e promoção”, declarou Silvina. 

Definição no último minuto 

O senador José Alperovich, da província conservadora de Tucumán, se declarou indeciso nos meses que antecederam a votação. Ele revelou a sua posição a jornalistas ao chegar ao Congreso de la Nación. 

“Vi muito sobre esse tema, estudei, percorri muito Tucumán; sei o que sentem os tucumanos. Não falei porque não queria fazer política com isso, porque divide muito a sociedade. Vou votar contra a lei que vem dos deputados”, disse Alperovich à imprensa minutos antes do início da sessão, acompanhado de sua filha grávida, noticiou a imprensa argentina.

Após a decisão do Senado, o projeto de lei do aborto só pode ser reapresentado na próxima legislatura, a partir de 1 de março de 2019. A maioria dos senadores rejeitou a medida como ampla demais, mas deixou a porta aberta para futuras versões. A administração do presidente Mauricio Macri também está considerando uma medida que descriminalizaria o aborto no código penal, para que as mulheres que o tenham feito não enfrentem a ameaça de prisão, de acordo com o jornal argentino Clarín. 

A lei argentina permite o aborto no caso de estupro, quando a mãe é deficiente mental ou se houver risco sério para sua saúde. A pena prevista para qualquer outro motivo é de até quatro anos de prisão.

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