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O mestre de obras Zandir Bordignon optou pela carreira na construção civil, mesmo tendo curso técnico em Contabilidade | Fotos: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
O mestre de obras Zandir Bordignon optou pela carreira na construção civil, mesmo tendo curso técnico em Contabilidade| Foto: Fotos: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Mercado atrativo e presença feminina

Para o pedreiro Lorival Batista, 49 anos, a grande vantagem da área é que se pode crescer e ser promovido, além de poder utilizar o que se aprende ali na própria casa. "Entrei como servente e agora sou pedreiro. Quis a construção civil porque, ao aprender o que se faz aqui, não é necessário pagar alguém para fazer serviços na minha casa", conta ele, que tem duas casas que construiu por conta própria.

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O mercado da construção civil, que já vinha aquecido desde 2007, agora está no limite em relação a mão de obra. Ações do governo federal, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, tornaram a demanda por trabalhadores qualificados ainda maior no setor.Segundo dados fornecidos pelo Sindicato da Indústria da Cons­­­trução Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR), o número de alvarás de conclusão de obras concedidos em Curitiba cresceu 59% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2008. Entre o primeiro e o segundo trimestres de 2009, houve um aumento acima de 45% de apartamentos lançados.Com um mercado tão aquecido, a geração de empregos não poderia ficar indiferente. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), apenas em setembro deste ano houve um crescimento de 1,53% no Brasil e de 1,07% no Paraná, só na área da construção civil. Isso representa um saldo de mais de 32 mil pessoas no país e cerca de 1,2 mil trabalhadores no estado. No acumulado do ano, o saldo nacional no setor foi de quase 185 mil admitidos e, o estadual, de mais de 9,5 mil, o que significa um crescimento de 9,54% e 8,79%, respectivamente. Em Curi­­tiba, o acumulado do ano (até setembro) teve um crescimento de 9,74%, com um saldo de geração de emprego de mais de 3 mil pessoas.

Dados da Agência do Tra­­­ba­­lhador mostram que, nesse momento, estão abertas em Curitiba 55 vagas para serventes de obras, 72 para pedreiros, 9 para mestres de obras, 7 para armadores de ferros, 46 para carpinteiros e 13 para encanadores, só para citar algumas das profissões relacionadas.

Mas não é só esse aquecimento que está trazendo tanta mão de obra para a construção civil. Se­­­gundo o consultor do Sinduscon-PR para a área de mercado, Marcos Kahtalian, o profissional é valorizado no setor. "É uma área em que se pode progredir, começando como servente, há chances de promoção com uma boa perspectiva de salário", explica.

O piso salarial da categoria vai de R$ 793,40 para serventes a R$ 1.482 para mestres de obra, conforme dados do Sindicato dos Tra­­­balha­­­dores nas Indústrias da Construção Civil de Curitiba e Região Metro­­­politana (Sintracon). O profissional (pedreiro, carpinteiro, encanador, eletricista, azulejista, etc.) ganha no mínimo R$ 1.053. Aqueles que reúnem qualidades valorizadas no mercado chegam a ganhar duas vezes mais do que isso, sem contar os benefícios.

No ramo há mais de 22 anos, o mestre de obras Zandir Bordignon conta que começou como profissional de Recursos Humanos da construtora San Remo, já que tinha curso técnico em Contabi­­lidade. De­­pois, passou a fiscalizar obras, se interessou, passou a pedreiro e logo a mestre de obras. "Falta mão de obra boa e a gente vive isso no dia a dia", afirma. "Aquele que é bom, cresce muito dentro da empresa".

Qualificação é lei

Foi-se o tempo em que, para trabalhar na construção civil, não precisava de nenhuma escolaridade ou qualificação profissional. Com as novas tecnologias e com a disseminação de cursos nesta área – especialmente do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em conjunto com a iniciativa privada –, os pedreiros, encanadores, eletricistas, não poderão mais chegar "crus" nas obras. É o que diz Eu­­clesio Finatti, vice-presidente de Política e Relações do Trabalho do Sinduscon-PR. "Dependendo do perfil profissional, passará a ser exigida a escolaridade. O profissional terá de saber leitura de projeto, terá de ter um mínimo de conhecimento, até de matemática. Há bons pedreiros sem esse conhecimento, mas o engenheiro e o mestre de obras têm de ficar acompanhando", ressalva.

Para suprir essa demanda, as empresas, as entidades e o governo estão se mobilizando para a criação de cursos e programas, tanto para os que já estão nas obras, quanto para os que ainda não têm nenhuma experiência no setor. "Hoje, novas tecnologias, ferramentas e processos fazem da construção civil uma área dinâmica", ressalta Marcos Kahtalian. "A construção civil caminhará para uma ideia de montagem, como já ocorre em algumas obras, deixando de ser uma atividade muitas vezes com aspectos artesanais", explica.

A qualificação profissional se dará em grande parte pelo Plano Setorial de Qualificação e Inserção Profissional para os Beneficiários do Programa Bolsa Família (Plan­­seq), que oferece cursos para pintor, armador e montador, carpinteiro, azulejista, encanador, mestre de obras, auxiliar de escritório, eletricista, pedreiro, reparador, almoxarife, gesseiro, desenhista, projetista e operador de trator. Segundo dados do Senai, a primeira turma relacionada com a construção civil é do Paraná, estado com mais de 400 mil beneficiários, sendo que – em um primeiro momento – 4 mil desses serão qualificados para a construção civil. Aproxi­­­madamente a metade já foi qualificada.

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