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Na sala, Lucas tem um espaço para brincar com piso emborrachado de  EVA | Fotos: Hedeson Alves/ Gazeta do Povo
Na sala, Lucas tem um espaço para brincar com piso emborrachado de EVA| Foto: Fotos: Hedeson Alves/ Gazeta do Povo

Precauções

Perigo nas áreas externas

Quedas e outros perigos estão presentes nas áreas externas de residências e condomínios. A recomendação dos especialistas é que os parquinhos, piscinas e afins fiquem em lugares bem à vista dos pais e sejam cercados. "As pessoas só não podem esquecer de fechar o portão ou supervisionar as crianças, caso contrário a precaução cai por terra", lembra a arquiteta Katalin Stammer.

O ideal é que o piso dos parquinhos não seja asfaltado ou com pedras, que podem machucar as crianças, mas sim emborrachado ou areia fina (neste caso, com uma profundidade de, pelo menos, 30 centímetros). Quanto aos brinquedos são preferíveis os de madeira e plástico. Escorregadores de metal podem esquentar com o sol.

De forma geral, essas e outras recomendações a respeito de parquinhos podem ser conferidas pelos pais nas normas 14.350-1 e 14.350-2, de 1999, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Para o fechamento de piscinas em desuso, o ideal são tampas fixas ou mesmo outras capas que não façam a sucção. "O perigo de cair na piscina e não conseguir sair por causa de uma capa é latente também para os adultos e animais."

  • Marcos e Cintia Malaquias no jardim dos filhos João Gabriel (10 anos), Maria Julia (7) e Francisco (7 meses)
  • Quarto de Francisco tem lambris de madeira que facilitam a limpeza
  • Para não correr risco de sufocamento, a mãe de Lucas deixa o berço sem almofadas
  • Quarto projetado por Yara Mendes: proteção na lateral da cama
  • Fecho para armário impede abertura
  • Cantoneira de silicone evita machucados em caso de batida
  • Trava de porta impede que ela feche nos dedinhos das crianças

As estatísticas levantadas pe­­­­la organização não-go­­­vernamental Criança Se­­­­gura Safe Kids Brasil, com base em dados do Ministério da Saúde, mostram que os acidentes em geral são a principal causa de morte de crianças entre 1 e 14 anos no Brasil – uma média de 6 mil todos os anos. Embora o trânsito seja o local de maior concentração desses acidentes, o segundo colocado no ranking, o afogamento, aponta para um outro lugar: a residência. Nas hospitalizações, o am­­biente domiciliar também se faz presente com as quedas como principal motivo. "Os pais ainda possuem a falsa ideia de que o pe­­rigo está fora de ca­­­­sa. No en­­tanto, é justamente no lar que a criança passa a maior parte do tem­­po e é onde, portanto, deveria existir mais atenção em relação a sua segurança. Nossos estudos apontam que 90% desses aci­­dentes poderiam ser evitados com medidas de prevenção", alerta a coordenadora de projeto da ONG, Ana Beatriz Bontorim. São pequenos cuidados, que muitas vezes não são bonitos e nada têm a ver com a decoração da casa, que fazem a diferença no bem-estar das crianças.A consultora Cintia Carla Ta­­­kada sabe bem disso. Logo na entrada do apartamento, no bairro Ahú, o que se vê não é nenhuma foto de decoração de revista, mas um espaço super confortável e apropriado para as estrelas da casa: Cauê, de 4,5 anos, e Lucas, de apenas 8 meses de idade. "Mi­­nha irmã trabalhou na Criança Segura há alguns anos e acabei absorvendo todos os cuidados recomendados por eles."Na sala há poucos móveis, com a circulação ampla, sem obstáculos. A estante tem cantoneiras, protetores de silicone colocados nas quinas para impedir que as crianças se machuquem caso batam no móvel. Também ali, e por toda a casa, protetores de tomada para prevenir choques e travas de portas – pequenos elos de borracha que impedem o fe­­chamento, evitando que as crianças possam prender os dedinhos. "As portas dos banheiros estão sempre fechadas e os remédios em armários e estantes altos da casa", ressalta Cintia. No quarto do bebê, a ausência de protetores de berço previnem qualquer su­­focamento. Na cozinha, um portãozinho para barrar a entrada de Lucas, e fecho no armário em que estão as louças de vidro. E na lavanderia, materiais de limpeza no armário de cima e baldes dentro do tanque, elevados do chão. "Esse cuidado é importante porque com uma pequena quantidade de água, mesmo em um balde, banheira ou vaso sanitário, a criança pode se afogar", diz Ana Beatriz.

Os protetores de móveis são fa­­cilmente encontrados em lojas de artigos para criança e para casa. Na Xiquita, por exemplo, tampas de tomada e fechos de armário saem por R$ 9,90 e R$ 19,90, respectivamente. Na Leroy Merlin, um kit com oito protetores de quina e seis travas de armário, entre outros, custa R$ 49,90. Kits de grade de segurança estão à venda na loja por R$ 119,90.

Revestimentos

O mais importante em relação ao piso da casa não é necessariamente o tipo de material escolhido, mas o trabalho de aplicação e acabamento. "Qualquer peça fora de lugar, empenada, torna-se um obstáculo para o caminhar da criança. Quan­do se trata de revestimentos o mais importante é que a aplicação seja caprichada, bem acabada", avisa a arquiteta Katalin Stammer.

Uma solução encontrada pela arquiteta Yara Mendes para um apartamento, no bairro Cabral, foi forrar uma escadinha que faz parte da decoração do quarto de um menino. "Essa parte do móvel também serve de guarda-brinquedos. Com a superfície acolchoada, a criança pode brincar sem a mãe se preocupar com arranhões e batidas. A parte de cima tem uma guarnição de metal para ele se segurar, previnindo quedas". Outro detalhe é a tinta lavável, resistente às eventuais riscadas de canetinha. Para evitar esse tipo de "arte", aliás, a arquiteta Katalin Stammer indica tecidos laváveis, capas ou mesmo a impermeabilização dos mesmos, principalmente, dos estofados. Um serviço de impermeabilização custa, em mé­­dia, R$ 200, em estofarias e lavanderias de Curitiba.

Outra superfície

Com a mesma ideia de prevenir "os desenhos à mão livre" nas paredes, as arquitetas Cristiane Costa Maciel e Sony Luczyszyn e a designer Gi­­sele Busmayer, do escritório Ar­­qTríade, optaram por lambris, re­­vestimento de madeira, a cerca de 1,10 metro do chão, no quarto de Francisco, um bebê de 7 meses. "Só com álcool dá pa­­­­­­ra tirar eventuais manchas", conta Gisele. A mãe da criança, Cintia Ma­­­­la­quias, que também tem Ma­­ria Júlia, de 7 anos, e João Gabriel, de 10 anos, ainda se preocupou em ter o piso também em madeira, para prevenir qualquer reação alérgica, co­­­­mum a outros revestimentos co­­­­mo carpete. No quarto da filha do meio, a cama fica encostada na parede e tem grades de proteção do outro lado para evitar quedas. "A Cintia ainda transferiu um sonho de infância para os filhos e se preocupou em fa­­­­zer um espaço externo para eles, um jardim com uma casinha", conta Gi­­­sele.

Tela de proteção

Qualquer espaço, seja ele uma janela ou um vão no guarda-corpo de uma escada, deve ter uma tela de proteção ou ser fechado de alguma maneira. "Crianças adoram brincar em lugares assim e, com o peso da cabeça maior que do corpo, tendem a cair ao se debruçar, por isso da importância de tampar esses vãos de algum jeito", alerta a arquiteta Katalin Stammer.

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