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O 13.° salário costuma ser a "chave de ouro" que fecha o ano do mercado imobiliário. Este dinheiro extra incrementa as vendas e tem impacto até no setor de locação, já que muitas pessoas aproveitam o abono para saldar aluguéis em atraso. Uma destas situações é a que vive o eletricista Almir Claude Ferreira. A primeira parcela do 13.º salário será destinada ao pagamento de contas. A segunda vai ajudar a pagar as prestações da entrada que deu para a compra de um novo lote no Moradias São José, na Vila Osternack. Ele diz que, antes de comprar o terreno fez todas as contas e viu que conseguiria pagar, "mas o 13.º acabou ajudando". Ferreira pretende construir um sobrado para a esposa e filho e acredita que a casa própria estará pronta apenas daqui três anos.

Neste ano, segundo estimativas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PR), o pagamento do 13.º salário acrescentará cerca de R$ 3,5 bilhões aos vencimentos de 4,7 milhões de paranaenses. Mas, o Dieese informa que dos R$ 3,5 bilhões cerca de R$ 2,3 bilhões devem ingressar agora na economia, pois parte desse dinheiro extra já foi pago por algumas empresas e para os aposentados e pensionistas do INSS.

Financiamento

O pagamento extra também tem impacto nos financiamentos imobiliários. Dados da assessoria de imprensa da Caixa Econômica Federal revelam que historicamente os meses de novembro e dezembro concentram o maior número de abertura de financiamentos para aquisição da casa própria. Estes dois meses representam 25% dos novos contratos do ano todo.

Roberto Gonzaga, diretor executivo da Administradora Gonzaga, diz que muitas pessoas usam o 13.° para complementar a entrada, já que dependem de financiamento. Na imobiliária, segundo ele, as vendas chegam a ser 25% maiores em dezembro e janeiro, se comparado a outros meses. Ele conta que os imóveis mais vendidos nesta época estão entre R$ 70 mil e R$ 80 mil.

Na AZ Imóveis ocorre a mesma situação. Segundo o diretor Assis Zani, entre os meses de novembro e janeiro, são vendidos até 20% a mais em loteamentos e condomínios horizontais. Para ele, esse desempenho mostra que muitas pessoas passam o ano se planejando com o objetivo de utilizar o dinheiro da bonificação para dar a entrada na compra do imóvel.

Nas construtoras, o movimento também é maior. Segundo Luiz Rodrigo Castro Santos, diretor comercial da LN Empreendimentos Imobiliários, o que ocorre com freqüência é as pessoas comprarem imóveis ao longo do ano e usarem o 13.º para dar um balão (prestação intermediária que normalmente tem valor superior às mensais). "Há casos em que usam o salário extra como sinal em um negócio", completa.

Marcos Machado, vice-presidente de Comercialização Imobiliária do Sindicato dos Condomínios e Imobiliárias (Secovi/PR), avalia que o acréscimo nas vendas neste período é mais por conta do desejo das pessoas de começarem o ano na casa nova do que pelo acréscimo do 13.° salário. "Esta situação afeta mais o setor de loteamentos, por causa do valor mais baixo", diz. Mas, ele concorda que existem casos em que família junta os abonos para dar entrada na casa própria.

Machado, que também é diretor da Futurama, conta que outra característica do final do ano é o horário estendido que algumas empresas adotam por causa do horário de verão e do maior movimento.

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