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Evento no Sinduscon-PR discutiu um dos temas mais atuais da construção civil: o caminho para a industrialização e racionalização de processos no setor | Pedro Serápio/Gazeta do Povo
Evento no Sinduscon-PR discutiu um dos temas mais atuais da construção civil: o caminho para a industrialização e racionalização de processos no setor| Foto: Pedro Serápio/Gazeta do Povo

Legislação

Norma exigirá desempenho e a durabilidade dos imóveis construídos

Entrou em vigor no dia 12 de maio de 2010 a Norma de Desempenho de Edificações (ABNT NBR 15.575) que traça requisitos mínimos de desempenho para diversos sistemas dos edifícios habitacionais de até cinco pavimentos.

A normativa traz um novo enfoque para a atividade de construção: definindo regras nos quesitos de segurança, conforto (térmico e acústico), funcionalidade e durabilidade. "Será necessário garantir a durabilidade de cada estrutura e isso será um desafio para todos os agentes da construção civil", comenta o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR), Hamilton Pinheiro Franck.

A norma não especifica quais materiais ou técnicas devem ser empregadas nos sistemas, mas define os resultados a serem alcançados por eles. Para conseguir aprovação de projetos com instituições financeiras, como a Caixa Econômica Federal, será preciso preencher os requisitos.

Grandes empreendimentos em pouco tempo

O empresário Marcelo Berga­­­­maschi viu na fabricação de painéis de alvenaria cerâmica uma solução para a produção de residências em escala. Ele comanda a Jet Casa, empresa que, em parceria com diversas construtoras no país, transforma um espaço de 2 mil metros quadrados, ao lado do canteiro de obras, em uma indústria de paredes moduladas. A empresa de São José do Rio Preto (SP) aplica a racionalização na construção há 10 anos. "Inicialmente a produção era para o consumo da nossa construtora. Hoje trabalhamos basicamente com parceiros que contratam a nossa tecnologia", diz. O processo consiste em um método de fabricação de painéis auto-portantes e estruturados, usados para os mais diversos tipos de projetos. "São paredes estruturadas com treliças de aço e o fechamento é feito com tijolo cerâmico de oito furos", explica.

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  • Condomínio de 40 residências construídas pela Olé Casas em Águas Lindas, em Goiás

Diminuir custos e prazos e ainda manter a qualidade. Essa é a necessidade do setor da construção civil para atender a demanda por moradias no país. O programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida (que prevê a construção de um milhão de unidades até o fim de 2010), somado ao aquecimento que o setor vem apresentando desde 2008, acentuou o problema da falta de mão de obra em todo o país. Para enfrentar essa dificuldade, algumas empresas procuram aperfeiçoar o processo produtivo para aumentar a produtividade e reduzir desperdícios. "A discussão mais atual na área da engenharia civil é, sem dúvida, a racionalização da construção e o caminho para a industrialização do setor", diz o presidente do Sindicato da Indústria da Cons­­­­­­­­trução Civil no Paraná (Sinduscon-PR), Hamilton Pinheiro Franck. A entidade promoveu, na última terça-feira, o seminário "Racionali­­­za­­­­­­­ção da Construção: é mais simples do que parece", reunindo empresários que apresentaram sistemas construtivos otimizados, levando uma linha de produção para dentro do canteiro de obras. O diretor da Jet Casa Marcelo Bergamaschi e o engenheiro civil da Olé Casas e vice-presidente do Sinduscon-CE, André Montenegro de Holanda, mostraram os sistemas construtivos desenvolvidos pelas empresas para racionalizar o tempo, a mão de obra e o material.

Durante o evento, o engenheiro civil especialista em estruturas e consultor da Associação Bra­­­sileira de Cimento Portland (ABCP), Marcio Conte, falou sobre as principais características do sistema de alvenaria estrutural, feita com a modulação de blocos de concreto. "O sistema é usado há muito tempo. Há obras nos Es­­­­tados Unidos com mais de 100 anos", comentou.

Entre as vantagens, em comparação com as obras tradicionais de concreto armado, ele destacou a interação dos projetos com a consequente minimização dos erros. "Uma obra de alvenaria comum, por vezes, inicia-se sem ter a conclusão dos projetos complementares, como o hidráulico e o elétrico. Isso acaba comprometendo a agilidade da obra. Com o uso da alvenaria estrutural, só se entra no canteiro de obras para efetivamente montar o prédio. Os problemas e a compatibilização de projetos fazem parte de uma etapa anterior", afirma.

Há impacto ainda no custo final da obra. O consultor da ABCP explica que em um prédio de até quatro pavimentos a redução chega a 30%. "Esse porcentual diminui na medida em que aumenta o número de pavimentos. Um prédio de 18 andares, por exemplo, custa de 4% a 6% menos se feito com alvenaria estrutural." A utilização de menos concreto (20%), aço (50%) e madeira (de 60% a 90%) são os responsáveis pela diminuição do custo final.

Instalações

Os dutos para a instalação elétrica passam dentro das tubulações verticais dos blocos e a manutenção pode ser feita com algumas restrições. "Os prédios feitos com alvenaria estrutural não permitem mudanças drásticas, com quebra ou remoção de paredes, mas é possível mudar pontos de luz de lugar ou mesmo substituir a fiação", diz.

O uso de tubulação flexível e aparente ou, ainda, a instalação dos pontos de água e esgoto no piso são as soluções para a instalação hidráulica, que deve ser externa ao bloco. "Quando há vazamentos em obras de alvenaria tradicional, é preciso quebrar a parede até chegar ao cano. Com elementos em carenagens ou requadros na alvenaria estrutural, elimina a necessidade de quebra-quebra", argumenta.

Casa nova em dois dias

Como uma solução econômica e de alta produtividade, o engenheiro civil André Montenegro de Holanda, da Olé Casas, com sede em Fortaleza, e vice-presidente do Sinduscon-Ceará, apresentou o sistema de produção de residências com painéis pré-fabricados em escala industrial. As unidades da Olé Casas são finalizadas em apenas quatro dias, sendo apenas dois para a fabricação das paredes e o restante para montagem, enquanto leva-se 45 dias para construir casas de cerca de 40 metros quadrados pelo método tradicional. O custo fica em torno de 15% mais barato em relação a alvenaria convencional.

As casas são construídas com painéis pré-fabricados, utilizando tijolos cerâmicos de oito furos, colocados em pé, e argamassa. As paredes são montadas em fôrmas, no chão, e têm as instalações elétrica, telefônica e hidrossanitária previamente embutidas. Os painéis são entregues prontos, necessitando apenas da pintura final. As paredes são transportadas como se faz com vidros, para evitar fissuras, e a montagem dos painéis é por solda. A cobertura da casa é de telha cerâmica comum, apoiada sobre uma es­­trutura de madeira. Ampliações ou modificações futuras podem ser executadas pelo sistema tradicional de alvenaria.

Holanda explica que não é uma inovação de produto, mas sim de processo. "É incalculável a vantagem de poder planejar tudo antes de ir para o canteiro de obras, algo que não se faz normalmente. Sabe-se exatamente quanto será gasto de material, por isso a geração de resíduos sólidos é zero. Dá trabalho, mas no campo de obras será uma ‘brincadeira’ montar."

Em virtude da variação de normas de construção exigidas em cada cidade brasileira, os custos variam de um local para outro. Em Fortaleza, uma casa de alvenaria pré-fabricada de 48 metros quadrados é vendida pela Olé Casas a R$ 77 mil. A empresa também está presente em Brasília e São Luís do Maranhão. "A ideia é levar a em­­presa para todo canto."

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