
Depois dos produtos culturais e das startups, é a vez do setor imobiliário se valer do financiamento coletivo de projetos para expandir seus horizontes em um ambiente geralmente dominado por grandes investidores. Na modalidade equity crowdfunding, o novo modelo de investimento tem no site gaúcho Urbe.me uma de suas primeiras plataformas que unem pequenos investidores aos incorporadores que buscam a captação de recursos para colocar em pé seus empreendimentos. Também há uma iniciativa com objetivo similar em processo de estruturação na região Nordeste do país.
Com o lançamento do primeiro empreendimento previsto para o final do mês de julho, o Urbe.me pretende democratizar o investimento imobiliário por meio de uma negociação facilitada, realizada totalmente no ambiente on-line, com aportes a partir de R$ 1 mil. O administrador Paulo Deitos, um dos idealizadores do projeto com o arquiteto Lucas Obino, conta que a expectativa é a de que o ticket médio dos investimentos gire entre R$ 10 mil e R$ 20 mil. Além de Deitos e Obino, o Urbe.me tem mais cinco sócios.
Como funciona?
Para aportar recursos nos projetos, o investidor precisa se cadastrar no site e fazer a reserva dos títulos que pretende “adquirir”. Tais títulos correspondem a um porcentual do Valor Geral de Vendas (VGV) do empreendimento.
Feita a reserva, o investidor tem um prazo de 24 horas para efetuar a transferência do valor correspondente – por meio de uma Transferência Eletrônica Disponível (TED) – e então aguarda até que a captação atinja o valor mínimo estipulado pela oferta, que fica aberta durante até 90 dias, no máximo, para a arrecadação dos recursos.
Atingida a meta mínima, o investidor recebe o título que comprova seu investimento junto à incorporadora que busca o “financiamento”, responsável por desenvolver o projeto, comercializar as unidades e repassar aos investidores o retorno sobre os investimentos – que têm seu valor corrigido após a venda de todas as unidades. “Este é um investimento de no mínimo três anos e no máximo seis anos. Trabalhamos dentro de uma faixa de retorno possível, mas não temos como garantir a rentabilidade, que será determinada pelo mercado”, explica Deitos. Caso a captação não atinja a meta máxima necessária à realização do empreendimento, os valores são devolvidos aos investidores, corrigidos pela variação da poupança do período.
Além de facilitar o acesso ao investimento imobiliário, os idealizadores enxergam na ferramenta uma forma de oferecer benefícios sociais à região que receberá os empreendimentos. Isso porque o portal dará espaço a projetos que beneficiem a arquitetura autoral e os conceitos relacionados à sustentabilidade das construções. “Acreditamos em um novo movimento social no qual as pessoas querem participar mais das coisas, opinando e investindo. Dentro deste conceito, os projetos responderão aos anseios da comunidade”, avalia Deitos.



