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Tesla Roadster 100 é vendido por US$ 98 mil nos EUA | Divulgação/ Tesla Motors
Tesla Roadster 100 é vendido por US$ 98 mil nos EUA| Foto: Divulgação/ Tesla Motors

Aulas no canteiro de obra

Outras empresas da construção civil participam de projetos, como o Canteiro da Educação, que oferece aulas de alfabetização ou de continuidade de estudos. O programa é do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe), em parceria com o "Amo Curitiba Ações Voluntárias" e secretarias municipal e estadual de Educação. De acordo com Elizete Leandro, assessora de projetos sociais do Sinepe, as aulas são no canteiro de obra ou em uma escola próxima. Atualmente, o programa tem 20 alunos da construção. "Muitas turmas se desfazem após o término da obra. O nosso desafio é manter o trabalhador motivado a continuar a estudar", afirma.

O servente Cícero da Silva Ferreira ingressou na construção civil ainda na adolescência e o trabalho pesado na obra fez com que abandonasse os estudos. Hoje, aos 43 anos, Ferreira está concluindo o ensino fundamental. "Eu vi uma pessoa com 70 anos que está fazendo faculdade para ser professora. Então, senti que também podia chegar lá", conta.

Ferreira está entre os 4.598 trabalhadores da construção civil paranaense que não completaram a quarta série, segundo dados do Ministério do Trabalho, de 2005. Isso representa 8% do número total de empregos formais do segmento no Estado (56.391). Um total de 8.917 trabalhadores (16%) têm a quarta série completa e 623 pessoas (1,10%) são analfabetas.

Apesar dos números, o índice de escolaridade no setor é considerado baixo já que não é pré-requisito para a contratação, segundo o diretor da Hestia Construções e Empreendimentos, Gustavo Selig. A empresa estima que cerca de 15% dos colaboradores não sabem ler ou escrever e está buscando alternativas para reverter o quadro. Há quatro anos, ela iniciou um programa de incentivo ao estudo para os colaboradores, não apenas em nível fundamental, mas também para cursos de ensino médio e técnico. "Inicialmente auxiliamos dois funcionários. Agora estendemos a oportunidade a todos que tiverem interesse", diz Selig.

O colaborador Clair Guizzo, 36, foi um dos primeiros a participar. No ano passado, concluiu o curso técnico de aperfeiçoamento para mestre-de-obras, com todas as despesas pagas, incluindo matrícula, material escolar e transporte. "Na obra você aprende o dia-a-dia, no curso tinham pessoas de áreas diferentes. Dava para trocar idéia e aumentar o conhecimento", comenta.

Até o ano passado, o trabalho era desenvolvido em unidades escolares especializadas em educação de jovens e adultos. Como uma delas, próxima à sede da empresa no Batel, foi fechada, a Hestia entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação e firmou uma nova parceria: a empresa construiu a sala de aula na sua própria sede e a secretaria passou a ser responsável pelos professores e material didático.

As aulas são realizadas duas vezes por semana, às terças e quintas-feiras, das 18 às 20 horas. "Em um primeiro momento, elas serão ministradas exclusivamente para quem quer completar o ensino fundamental. Com o tempo vamos ampliar as aulas para outras séries", diz o diretor da empresa.

Se o cansaço pode atrapalhar, Cícero tem a resposta na ponta da língua: "com essa história não se consegue nada na vida. Você tem de lutar, porque se lutar vai chegar lá", destaca.

Biblioteca

A Hestia também está instalando uma biblioteca na sede da empresa, para que os colaboradores e a população possam emprestar e consultar desde livros básicos até especializados em construção civil. "Já estamos catalogando os títulos e aceitando doações", diz Selig. As doações podem ser feitas no showroom (Avenida 7 de Setembro, 6.157 – Batel). Informações: (41) 3343-2555.

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