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Para o economista Roberto Zentgraf, idosos devem pensar duas vezes antes de comprar um imóvel | Divulgação
Para o economista Roberto Zentgraf, idosos devem pensar duas vezes antes de comprar um imóvel| Foto: Divulgação

Estatuto

O seguro maior para pessoas com mais idade não fere o Estatuto do Idoso, garante a gerente jurídica do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Maria Elisa Novaes. Ela lembra que o estatuto reserva uma cota de 3% de unidades habitacionais em programas públicos para idosos. "Não existe o desrespeito, desde que esse percentual seja atendido", explica.

O mercado imobiliário está aquecido, as pessoas têm mais dinheiro no bolso, mas a idade pode pesar contra na hora de fazer um financiamento para comprar imóvel. Isso porque existe no mercado uma espécie de "relógio biológico" do orçamento, que faz com que os empréstimos imobiliários fiquem mais caros ou até inviáveis, para os mutuários em idades mais avançadas.Pelas regras atuais, na hora de conceder o empréstimo, as instituições financeiras usam uma fórmula que soma a idade dos clientes ao prazo de financiamento e o resultado não pode passar de 80 anos e seis meses. Assim uma pessoa com 65 anos, por exemplo, tem pouco mais de 15 anos para quitar seu financiamento, menos tempo que um candidato com 40 anos. E prazo mais curto implica em prestação mais alta e necessidade de entrada maior.

Além disso, o seguro, obrigatório para todas as idades quem fazem es­­se tipo de empréstimo, fica mais ca­­ro e pode representar até um quarto do valor da prestação para um candidato com 65 anos, deixando uma fatia menor do valor pago para abater na dívida. A um mutuário de 32 anos, esse mesmo seguro equivale a menos de 2% do valor da prestação.

É o que mostra simulação feita pe­­lo economista e professor do Insti­tuto Brasileiro de Mercado de Capi­tais (Ibmec), Roberto Zentgraf, para um empréstimo na Caixa Econômica Federal, instituição que responde por 75% do crédito habitacional do país. No exemplo, o custo da compra de um imóvel de R$ 1 milhão, com taxa de juros de 11,50% ao ano, uma família com renda de R$ 20 mil arcaria com uma prestação de R$ 6 mil mensais. Assim, se o mutuário tivesse 32 anos, ele daria uma entrada de R$ 510.793,68 e teria de pagar mensalmente um seguro de R$ 104,20. Se tivesse 72 anos, o mutuário teria apenas oito anos para quitar a dívida, e precisaria dar uma entrada 50% maior que o mais jovem (de R$ 774.825). O valor do seguro para o candidato idoso seria de R$ 1.523,53 por mês, valor que é 1.362% maior do que o pago pelo mais jovem.

Pense duas vezes

Para Zentgraf, os idosos devem pensar duas vezes antes de comprar um imóvel. Ele não recomenda financiamentos feitos para deixar imóvel para filhos. "No caso dos idosos, o valor da entrada é tão alto que o mutuário terá de comprar o apartamento praticamente à vista", afirma. Especialistas explicam que, a partir de 40 anos, o preço dos seguros como o de morte e invalidez, crescem exponencialmente.

Estatisticamente, a probabilidade de morte da pessoa que está contratando o seguro aumenta junto com a idade. O vice-presidente de Ha­­­­bita­ção do Sindicato da Ha­­bi­­tação de São Paulo (Secovi-SP), Fla­­vio Pran­do, ar­­gumenta que as seguradoras cobram mais caro para cobrir o risco do financiamento não chegar ao fim, ou seja, se o mutuário morrer e a seguradora tiver que quitar a dívida.

Tipos de seguro

Há três tipos de seguro, o de imóveis, que independe da idade, o que cobre problemas com o imóvel, como chuvas ou incêndios, e outro de morte e invalidez, em que o risco é de que o comprador não consiga quitar o crédito. Nesse caso, a seguradora paga a dívida e os herdeiros ficam com o imóvel.

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