• Carregando...
Marcelo Rosenbaum | Fotos: Pedro Serápio/Gazeta do Povo
Marcelo Rosenbaum| Foto: Fotos: Pedro Serápio/Gazeta do Povo
  • Satyendra Pakhalé

O indiano, radicado na Holanda, Satyendra Pakhalé, e o brasileiro Marcelo Rosenbaum participaram dos Seminários Internacionais que fizeram parte da Casa Brasil 2009, evento de design de móveis que ocorreu recentemente em Bento Gonçalves (RS). Em entrevista para a reportagem da Gazeta do Povo ambos falaram sobre suas referências e como percebem o design em seus países e no mundo.Entrevista com Marcelo Rosenbaum (foto 1)

Cultura popular

Você se tornou conhecido pelo grande público por meio da televisão. Como é essa experiência?

Reformar uma casa toda em dez dias é um grande desafio e uma imensa responsabilidade, porque embora não me considere uma celebridade, fiquei conhecido pelo quadro (Lar Doce Lar) no Caldeirão do Huck. Fico muito feliz em saber que o quadro é o mais assistido do programa. Para mim o mais empolgante é poder conhecer de perto como vivem as pessoas e que tipo de produtos elas precisam. Acho que o trabalho que sempre fiz, com referências da arte popular, me ajuda muito na hora das reformas.

Como a cultura popular se insere em seu trabalho?

A cultura popular é muito mais avançada do que percebemos. Algumas vezes me perguntam se o que faço não é cópia do que é feito por rendeiras ou artesãos. Não se trata de copiar, mas de aplicar em larga escala para exaltar e levar para dentro das casas dos brasileiros o que se produz em todos os cantos do país.

Quais os produtos em andamento?

Trabalhar com produtos populares exige que o designer vá até as empresas, bata na porta e ofereça um serviço. Foi o que fiz com as toalhas de plástico, essas com motivos de frutas. Somos o segundo país que mais consome o produto e não temos um design próprio, copiamos tudo da Turquia. Creio que este ano chegue às lojas as toalhas com estampas bem nacionais. E o mais importante: custando os mesmos R$ 6 o metro. Outro produto que quero fazer também são as caixas de descarga de plástico.

Em seu trabalho há produtos para todas as classes. O objetivo agora é focar na C e D?

Minha meta é criar cada vez mais produtos com design em larga escala para as classes C e D. Acredito ser possível desenvolver design acessível a todos os gostos e bolsos. Mas tenho outro desejo que ainda não realizei: assinar um carnaval para uma escola de samba. Esse é para todas as classes.

Entrevista com Satyendra Pakhalé (foto 2)

Produtos acessíveis

Seu design é universal. Qual é a sua inspiração ?

Baseio meu trabalho na busca pela união e complementaridade das coisas. O mundo é uma aldeia global, dicotomia não faz sentido para mim. Procuro as semelhanças e não as diferenças entre pessoas e lugares. Não divido o mundo entre primeiro e terceiro Mundo, Oriente e Ocidente, nem defino as coisas como modernas ou tradicionais, antigas ou contemporâneas, artesanais ou tecnológicas.

Essa é a sua primeira vez no país. O que conhece do Brasil e do nosso design?

O Brasil tem um grande design e uma herança arquitetônica de longo tempo. Especialmente por ter dado uma enorme contribuição para a modernidade, sem esquecer de mencionar Oscar Niemeyer, o grande mestre brasileiro da arquitetura mundial. Além dele, outros da minha geração como os irmãos Campana. O que eu gosto na produção criativa brasileira é isso: existe um senso de mistura, um caldeirão cultural. Diferentes pontos de vista são absorvidos e criam uma identidade própria.

Há a preocupação em manter as suas raízes indianas?

Nasci, fui criado e educado na Índia, antes de me transferir para a Europa. Embora esteja morando na Holanda, sempre volto à Índia e mantenho contato com os avanços do meu país. Estou consciente das minhas raízes indianas. Digo muitas vezes que a originalidade vem da palavra origem. Sem me preocupar com isso, minhas raízes estarão refletidas nas minhas criações naturalmente. Tento criar produtos industriais, objetos e sistemas com referências culturais.

Como o design pode contribuir para a sustentabilidade? Acredito que o design tem muitas possibilidades de contribuir de um jeito profundo para mudar o pensamento das organizações, do governo e da própria sociedade civil. Considero que é possível pensar em um novo modo de organizar a sociedade desenhando objetos que ajudem nisso, que sejam úteis e não apenas mais um produto. Outro aspecto é que o tempo de uso de um produto tem de ser maior e precisamos resgatar a cultura do conserto e da reutilização.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]