Leitura até no canteiro de obras

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Roberto Ribeiro Alves, servente de pedreiro, tem utilizado o trajeto de duas horas feito entre o trabalho e sua casa de uma maneira diferente. O trabalhador de 34 anos tem aproveitado o tempo para ler livros emprestados da biblioteca da empresa onde trabalha, a Héstia Construções e Empreendimentos.

Sem condições para comprar seus próprios livros, Roberto tem de emprestá-los. E vale até contar com a ajuda dos parentes para manter a leitura em dia. "Meu cunhado faz faculdade e às vezes eu pego os livros dele para ler no fim de semana", explica.

O novo costume do servente é resultado de uma iniciativa da empresa que, para facilitar o acesso dos funcionários à biblioteca, está levando uma vez por semana uma quantidade de cerca de 30 livros para o canteiro de suas obras, em Curitiba. "Nós começamos a perceber que alguns colaboradores tinham receio de ir até a sede para escolher os exemplares. Com esse novo método, acredito que nós vamos aumentar em mais de 50% o acesso ao acervo", destaca o diretor da empresa, Gustavo Selig. O acervo da biblioteca já tem 300 livros de todos os gêneros, principalmente de humor e auto-ajuda, os preferidos dos funcionários segundo a gestora de pessoas e relacionamento da empresa, Andressa Cordeiro.

Outro que tem aproveitado a novidade é o também servente de pedreiro Cícero da Silva Ferreira. A leitura dos livros para ele, que está concluindo o ensino fundamental, tem sido mais do que um momento de tranqüilidade, mas sim um meio de ganhar mais independência. "Antes de começar a ler os livros perguntava para as pessoas na rua qual o ônibus deveria pegar para ir a algum lugar. Hoje eu mesmo leio as informações nas placas e me viro", diz. A freqüencia de leitura de Cícero já passou de 2 para 4 livros/mês.

Segundo o diretor da empresa, o principal efeito do projeto no trabalho dos colaboradores é o crescimento do interesse pela leitura de um modo geral, principalmente de embalagens e rótulos de materiais utilizados na obra.