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Veja se sua casa e seu apartamento estão seguros contra a ação da chuva |
Veja se sua casa e seu apartamento estão seguros contra a ação da chuva| Foto:
  • Valdecir e Evanilda Souza buscam consertar os estragos provocados pela inundação. Eles contabilizam pelo menos R$ 7 mil de prejuízo que poderia ter sido amenizado com impermeabilização e manutenção adequadas
  • Regina Vogue teve equipamentos eletrônicos danificados pela água

Chuvas torrenciais com ventos muito fortes, como na quinta-feira passada que provocou a inundação de cerca de 1,4 mil casas em Curitiba, acendem o alerta sobre a segurança dos imóveis frente às intempéries. Por mais que o volume de chuva em um dia tenha quase ultrapassado o previsto para todo o mês de novembro – de forma que as galerias de águas pluviais não suportaram –, algumas medidas de manutenção e revisão estrutural dos imóveis garantem mais conforto em casa e podem prevenir acidentes. Entre os itens que pedem mais atenção está o telhado, os muros, a vedação de portas e janelas e a impermeabilização. "Outro ponto muito importante é o respeito à área permeável. Por vezes, as pessoas esquecem da importância de não cimentar toda a área externa", lembra a arquiteta Marcia Keiko Ono Adriazola, responsável pela divisão de projetos e obras do De­­­partamento de Construção Civil da Universidade Tecnológica Fe­­de­­­­ral do Paraná (UTFPR).

A legislação de Curitiba prevê que 25% do terreno seja de área permeável. "A exceção fica para alguns prédios que têm licença para construir em área total, mas precisam apresentar projetos de contenção de cheias – com reservatórios que escoam a água de forma gradativa –, durante a liberação do alvará de construção", aponta.

Mas os problemas também podem estar na execução da obra ou mesmo em um projeto mal dimensionado. "A recomendação é sempre confiar a sua casa a um profissional com conhecimento técnico. O investimento é maior, mas vale lembrar que os arquitetos e engenheiros assinam a responsabilidade técnica por uma construção", diz Alexandre Ton dos Santos, diretor-adjunto do curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Ele explica que é preciso adequar os projetos à realidade do clima, prevendo os tipos de telhado e o dimensionamento do projeto hidráulico para coleta de águas pluviais. "A arquitetura pode ficar presa a modismos, estilos usados em outros países, com clima diferente do nosso. Quem está construindo precisa ficar atento a esses itens de segurança e acompanhar o andamento do projeto e da obra", ressalta. Mesmo estando em uma casa recém-construída, entregue há pouco mais de um mês, a atriz Regina Vogue viveu momentos tensos durante o temporal. A água invadiu a casa em poucos minutos e atingiu cerca de um metro. "A maior parte entrou pela porta da frente, o jardim e a rua estavam completamente cobertos", relata. O prejuízo mais significativo foi no piso laminado de madeira e em alguns móveis da sala que precisaram ser lavados e serão recuperados. "Consegui mobilizar algumas pessoas rapidamente para salvar outros móveis e utensílios", conta.

Em primeira análise, Regina considera que a principal medida a tomar será a vedação da porta com um sistema que usa borracha e silicone. "Vou avaliar com os profissionais que projetaram a casa, para saber se há outras formas de evitar esses problemas", aponta. De acordo com ela, a casa poderia ter sido construída um pouco mais alta, para ficar no nível da rua. No caso de Regina toda a manutenção estava em dia, com as calhas, rufos, telhas e ralos limpos.

A possível obstrução de ralos aliada à dificuldade de escoamento da água da rua provocou a inundação da casa do recepcionista de hotel Valdecir Antônio Souza e da professora Evanilda Souza. "A água atingiu 80 centímetros e nós perdemos muita coisa. Tentamos desobstruir os ralos e bueiros, mas a rua estava muito cheia de água, não deu para evitar", conta Souza. Evanilda contabiliza um prejuízo de cerca de R$ 7 mil. "Perdemos três colchões, vários eletrodomésticos e móveis, além do piso em parquê. Essa é a segunda inundação em um ano", recorda.

Impermeabilização

A água também invadiu a casa da família Souza pela parede e pelo piso. "Vertia água do chão e de uma parede do quarto que fica próximo ao terreno vizinho", relata Souza. A infiltração é a causa desse problema. Se está aparente em paredes e piso, a solução re­­­quer trabalho especializado. "O ideal é impermeabilizar as áreas que ficarão em contato com a água desde a construção da casa. Mas se a infiltração já está instalada com o morador ocupando o imóvel, algumas soluções podem ser adotadas com sucesso, caso implementadas por empresas e profissionais preparados para isso", aponta Claudio Slosaski, professor do curso de pós-graduação em Pa­­­tologias das Construções da Uni­­­versidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Para ele, a maior parte das pessoas ainda não tem o hábito de proteger as estruturas com substâncias impermeabilizantes, que garantem mais segurança à construção.

A eficácia da aplicação dos produtos depende de uma avaliação prévia das condições do local, para saber qual solução e produto empregar. "Geralmente, é necessário retirar o revestimento para aplicar o impermeabilizante que são emulsões, com capacidade de dilatação e contração quando em contato com a umidade. No caso dos pi­­­sos, é necessário retirá-los para colocar uma manta asfáltica", diz.

A umidade na base da parede vem do chão, quando sobe o lençol d’água. A solução, segundo Slosaski, é drenar a área no entorno, retirar o reboco e fazer uma aplicação especial de argamassa polímera, em três demãos.

As calhas de concreto, a laje, o entorno das piscinas e as caixas d’água de alvenaria, enterradas ou no alto de edifícios, também precisam de impermeabilização. "Infelizmente, períodos de chuva acabam servindo para identificar os problemas, que vão ser reparados na estiagem. As reformas mais complexas, como grandes vazamentos de laje, têm execução lenta e não podem ser feitas com muita chuva", indica.

Marcia ressalta a necessidade de manutenção de todos os itens que podem "salvar" a casa de uma en­­chente. "Não adianta imper­­mea­­­bilizar e achar que é eterno, é preciso manter. O mesmo vale para a verificação de telhas quebradas ou calha entupida", alerta.

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