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Carolina Ferreira Aquino optou pelo piso drenante que permite plantar grama sobre sua superfície | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Carolina Ferreira Aquino optou pelo piso drenante que permite plantar grama sobre sua superfície| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
  • O Plastfloor lançado na Casa Cor PR 2009 custa de R$42 a R$55 o metro quadrado
  • O piso megadreno da Braston intertravado absorve até 94% da água
  • Calçada projetada por Benedito Abbud alia beleza e sustentabilidade

Em tempos de fortes chuvas e enchentes, a permeabilidade do solo tem sido um fator de grande relevância no planejamento de uma construção. Além de ser uma medida obrigatória para que se obtenha uma licença da prefeitura, é uma opção que atende a uma fatia do mercado, que está cada vez mais preocupada com a sustentabilidade. Em Curitiba, por exemplo, para que um projeto de construção seja aprovado, é necessário ter pelo menos 25% de área permeável, segundo a Secre­­taria Municipal de Urbanismo.Com o surgimento das grandes cidades iniciou-se um processo de impermeabilização do solo, explica o arquiteto e paisagista Benedito Abbud, um dos consultores técnicos da cidade do Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016. "Dessa forma, as águas da chuva correm para as chamadas bocas de lobo, que são buracos para escoamento e levam a água até os rios."Para ele, a drenagem do solo é um desafio. "As cidades precisam crescer, mas de uma maneira que não afete o meio ambiente. Por isso solicitei a empresa Braston, de Campinas, que desenvolvesse um piso que fosse drenante, ecologicamente correto", diz Abbud. Depois de três meses de pesquisa, o empresário Georges Rusalim, da Braston, desenvolveu um piso drenante feito de areia, predrisco, pó de pedra, argila expandida, ci­­mento e fibra de coco. O piso é co­­nhe­­cido co­­mo megadreno e foi lançado na Casa Cor 2006, em São Pau­lo e, segundo Rusalim, pode drenar até 94% da água de chuva. O produto custa em média 30% mais caro do que os pisos tradicionais. "O tema sus­­tenta­bilidade está em alta. Mes­­mo o piso drenante sendo mais ca­­ro, a venda tem crescido 40% ao ano", comenta. O preço dos pisos dre­­nantes da Braston variam de R$ 48,50 a R$126 o metro quadrado.

O engenheiro civil Andrey Slavik de Freitas, da construtora San Remo, optou pelo piso drenante para concluir o edifício Maison Classique, em Curitiba. "Além de o piso drenante ser ecologicamente correto, é mais resistente e antiderrapante. Isso traz mais segurança aos moradores do prédio." Ele comenta que o custo benefício é muito bom, mesmo sendo mais caro. "Aprovamos o sistema de pisos e compramos outra remessa para empreendimentos futuros", diz Slavik.

O desafio da sustentabilidade depende de cada cidadão, argumenta Vanderlei John, professor da área de edifícios e o meio ambiente da Uni­­ver­­sidade de São Paulo (USP). "Um piso de concreto pode ser parte do problema urbano ou fazer parte da solução com o uso do piso drenante. Sob o ponto de vista am­­biental, esse piso seria uma boa solução para diminuir o risco de enchentes urbanas."

O uso desses pisos segue o conceito segmentado, muito parecido com os antigos pavimentos de paralelepípedo, com a diferença de a superfície ser regular e as peças serem industrializadas, é o que afirma Cláudio Oliveira Silva, gerente de indústria da Associação Brasileira de Cimentos Portland (ABCP). O espaço entre a colocação de uma pedra e outra é de sete milímetros, em média. Segundo ele, seria importante a conscientização da população sobre a drenagem nas grandes cidades. "Um bom ponto de partida para isso, seria as prefeituras darem descontos no IPTU para quem utilizar pisos drenantes", opina Silva.

Pisos de plástico

A empresa curitibana PBI Plásticos e Borrachas trouxe para o Brasil um produto chamado Plastfloor, um piso que permite a permeabilidade de 90% da água que cai sobre ele, por ter um formato vazado, é o que afirma Suelen Oliveira, gerente de marketing da empresa. "Esse piso é usado há mais de dez anos em diversos países da Europa e teve sua tecnologia desenvolvida na Alemanha", diz.

O produto é fabricado com plástico de engenharia e tem uma resistência a cargas de até 100 ton/m² sem abalar sua estrutura. Não gera resíduos de construção, porque todo o material pode ser reciclado, aponta Suelen.

"Esse piso é recomendado para áreas que necessitem permeabilidade e resistência a cargas, como: estacionamentos verdes, parques e campos de golfe", diz a arquiteta e paisagista Luciana Brandão. A facilidade de limpeza do piso, diz Luciana, é uma vantagem para clientes residenciais que querem ter um quintal ou jardim mais limpos. "Esse piso drenante pode ser totalmente coberto por grama. Dessa maneira, há várias possibilidades de se pensar o paisagismo do local."A engenheira de alimentos Carolina Ferreira Leite Aquino sempre teve problemas na hora de limpar seu jardim. Os seus cachorros cavavam buracos na grama e com a chuva o excesso de lama era inevitável. Carolina pesquisou por cinco meses uma maneira de manter o espaço limpo mesmo com os ca­­chorros soltos. Nesse período a grama foi replantada quatro vezes. "Conheci o piso ecológico Plastfloor em uma visita a Casa Cor PR 2009. Foi a solução que precisava", diz. Ela colocou o piso em todo o jardim e plantou grama por cima dele. "Ago­­ra, meus cachorros não conseguem mais cavar buracos e o piso fi­­­ca mais firme."

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