• Carregando...
Em palestra em Curitiba, o arquiteto paulista Sérgio Teperman diz que a profissão está mal remunerada | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
Em palestra em Curitiba, o arquiteto paulista Sérgio Teperman diz que a profissão está mal remunerada| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Sérgio Teperman é bem conhecido no mundo da arquitetura. Além da competência, marcou sua atuação por ter ultrapassado, com inteligência e senso crítico, as fronteiras da profissão. Há muitos anos o arquiteto paulista flerta com o jornalismo – e escreve bem. Tem o olhar apurado e não se limita a falar de prédios, projetos e urbanismo: faz da arquitetura uma ponte, ou um ponto de vista, para os mais diferentes assuntos. Entre idas e vindas das muitas estadias em outros países, onde estudou e trabalhou desde a juventude, Teperman chegou a editar uma pioneira revista sobre arquitetura na década de 1960 e o jornal do sindicato dos arquitetos, além de colaborar para dezenas de outras publicações no Brasil.

A produção profícua chamou a atenção da editora do Senac de São Paulo. Foi a pedido da instituição que Teperman selecionou 48 artigos e crônicas publicados em jornais e revistas ao longo das últimas décadas, transformados em um livro. A convite da Associação dos Escritórios de Arquitetura do Paraná (Asbea-PR), Teperman esteve em Curitiba para o relançamento da obra "As Cidades Vivas, Viva as Cidades!".

Publicado em 2008, o livro se mantém incrivelmente atual. O arquiteto proferiu palestra para os associados e deu sua visão sobre o momento da arquitetura e da construção civil no país. "Nossa profissão já esteve bem melhor", pontua. Teperman cita a arquitetura praticada no Rio de Janeiro há 60 anos como exemplar. "Muito do que se chama de sustentabilidade, hoje, era praticado na época", explica.

Cópias

Teperman afirma que os profissionais estão mal remunerados e muitos se limitam a copiar projetos internacionais. Para ele, o trabalho do arquiteto em construtoras e incorporadoras não é valorizado, e nessas empresas não há espaço para criatividade. "Vejo na arquitetura industrial, hoje, o segmento onde estão os melhores e mais criativos profissionais".

Escrevendo ou falando, Teperman não economiza no bom humor. Colegas de profissão, governo, projetos, estilos arquitetônicos equivocados, metrópoles do Brasil e do mundo estão na mira do arquiteto.

Responsável pelo projeto de 120 prédios para as telecomunicações – setor no qual se especializou – Teperman viajou por todo o Brasil a trabalho, na década de 1970, após vencer concorrência para a estatal Telebrás. No livro, ele narra histórias das, com detalhes emocionantes. Ao mesmo tempo, traz sua visão crítica sobre as muitas decisões da administração pública.

Atemporal

A coletânea acaba funcionando como uma breve história da arquitetura e do urbanismo no Brasil e no mundo, mas também é atemporal ao apontar problemas que se repetem no planejamento das cidades. Um artigo publicado há 13 anos, por exemplo, poderia ser datado de hoje – quando Teperman discorre sobre a arquitetura como fonte de recursos para as cidades. Não à toa, ele é membro do Comitê Internacional de Críticos de Arquitetura (Cica).

Serviço:

Livro: As cidades vivas, viva as cidades! | Crônicas sobre arquitetura e urbanismo (Sergio Teperman)Editora: Senac SPPreço: R$ 66,60 (disponível no site da editora)

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]