• Carregando...
O empresário Lacídio Araújo Junior arruma as malas no carro: a família desce a serra todo fim de semana para aproveitar a casa de veraneio comprada em 2010 | Hugo Harada/Gazeta do Povo
O empresário Lacídio Araújo Junior arruma as malas no carro: a família desce a serra todo fim de semana para aproveitar a casa de veraneio comprada em 2010| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Aposta pode ser boa, mas exige muita cautela

O investimento em um segundo imóvel exige um planejamento e cautela na opinião dos analistas de mercado imobiliário. "É um mercado em expansão. Para quem tem uma estabilidade financeira, comprar um imóvel passa a ser uma forma de diversificar investimentos", aponta o consultor e professor de Economia do Centro Universitário Fae, Lucas Lautert Dezordi.

A demanda, ainda em expansão, é a justificativa para se investir sem medo. "Costumávamos dizer que os imóveis não tinham liquidez, mas hoje estão passando a ter. Especialmente as unidades residenciais populares, que giram mais rápido", diz. "Há um número maior de pessoas com condições de comprar ou alugar esse imóvel."

Mas é preciso ter cautela em relação à expectativa de valorização. "Não há perspectiva de queda nos preços. Mas o crescimento que se assistiu em 2010, de cerca de 20%, não deve continuar. A perspectiva é ter uma valorização na ordem de 10% em 2011 para os imóveis da capital. Daí a importância de analisar bem a localização e o tipo de imóvel a ser comprado", alerta Dezordi.

Lazer

Para quem pensa em adquirir uma casa de campo ou de praia, a análise é outra. "Esse tipo de investimento está ligado ao bem-estar da família e o principal ponto é observar o uso que se fará daquele imóvel. Lembrando que comprar uma segunda casa é imobilizar um patrimônio e aumentar as despesas com impostos e manutenção", diz o economista Breno Lemos, conselheiro do Corecon-PR e professor do curso de Economia da PUC PR. "Porém, se o perfil da família se encaixa no investimento e a casa de praia ou campo será usada com frequência, vale sim a compra. A dica é comprar um imóvel com preço competitivo e que tenha potencial de valorização."

  • O administrador Robson Luiz Simões comprou apartamentos pequenos para alugar e aumentar a renda familiar

Mais famílias estão comprando um segundo imóvel – para investimento ou uso próprio, como casas para veraneio e chácaras. É o que mostra um relatório elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE. O porcentual de famílias que adquiriu terrenos, casas para veraneio e unidades para investimento passou de 2,41% em 2002/2003 para 2,64% em 2008/2009 (período da última pesquisa). De acordo com o estudo, o que puxou o indicador para cima foram, principalmente, as vendas de terrenos, que passaram de 0,32% para 1,21% entre um período e outro.

"O aumento na compra de terrenos tem forte relação com o aquecimento do mercado imobiliário, que atraiu novos construtores", analisa o economista Breno Lemos, conselheiro do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR) e professor do curso de Economia da PUC PR.

Outro fator que impulsionou a compra de um segundo imóvel, segundo Lemos, foi o grande volume de lançamentos – só em Curitiba foram lançadas cerca de 35 mil unidades em 2010 – e o pagamento facilitado durante a obra. "Muitas pessoas voltaram a acreditar nos imóveis como investimento, especialmente porque a demanda está aquecida e não deve diminuir nos próximos anos", opina o analista de comércio exterior Jackson França, que em 2010 resolveu investir em um imóvel na planta justamente com este fim.

Ele comprou em 2008 um apartamento para morar e também passou a acompanhar outros lançamentos. "Percebi que a mesma incorporadora [Bascol] tinha opções de imóveis mais baratos e comprei outro na planta. A grande facilidade é a forma de pagamento. Já notei um boa valorização, de pelo menos 20%", conta. Ele pretende vender o imóvel assim que estiver pronto.

A gerente de marketing da Bascol, Bianca Cassilha, afirma que entre 20% e 30% dos empreendimentos do tipo standard (com preço de até R$ 230 mil) lançados pela empresa são vendidos para investidores. Na avaliação da executiva, o número elevado de entregas em 2011 pode provocar a diminuição desse porcentual. "Mesmo assim, acredito que se manterá o nível de 10%."

Investimento

De acordo com o Ipea, 17% das pessoas que investem no segundo imóvel tem renda mensal acima de R$ 9 mil e a quase totalidade ganha pelo menos R$ 3 mil. A estabilidade financeira foi determinante para que o administrador Robson Luiz Simões passasse, há três anos, a investir em imóveis para locação. Depois de atuar como bancário, ele optou por trabalhar no mercado imobiliário. "Minha experiência no ramo me fez ter a certeza de que é um bom investimento", afirma. O rendimento de Simões com aluguéis chega a 0,8% do valor venal das unidades. "Mas é preciso saber em que tipo de imóvel investir. Eu procurei por apartamentos de um ou dois quartos, próximos a faculdades. O público universitário é uma demanda certeira."

A manutenção do imóvel em boas condições está entre os principais pontos para quem pretende investir em imóveis para locação, explica Daianna Prybicz, gerente de marketing da Administradora Gonzaga. "Antes de comprar um imóvel, vale investigar as regiões da cidade que mais crescem e onde há carência de unidades para locação", indica o economista da Brain Consultoria, Fábio Tadeu Araújo.

Descanso

Uma outra parcela grande dos brasileiros compra um segundo imóvel pensando em investir em bem-estar e lazer, optando por casas de veraneio ou de campo. Há cinco anos trabalhando no litoral do Paraná, o franqueado da imobiliária Apolar em Matinhos, Luiz Zizi, afirma que no ano passado o mercado esteve aquecido nas praias. "Registramos aumento de 47% nas vendas de imóveis, com boas opções de novos empreendimentos e reação nos preços", diz. Os apartamentos que custam entre R$ 250 mil e R$ 500 mil são os mais procurados.

Levantamento do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR) mostra que o preço do metro quadrado no litoral chega a R$ 3 mil para novas construções e fica entre R$ 1,2 mil e R$ 1,8 mil nos imóveis usados.

O empresário Lacídio Araújo Junior comprou um apartamento em Caiobá no primeiro semestre de 2010. O que era para ser uma opção de descanso, acabou se tornando um bom investimento. "Paguei R$ 315 mil no apartamento, mas minha família não se adaptou ao prédio e resolvemos vender três meses depois. Fiquei surpreso ao conseguir negociar o imóvel por R$ 360 mil", conta. Para poder desfrutar o verão no litoral, Araújo investiu em uma casa no mesmo balneário. "Durante a temporada passamos todos os fins de semana na praia. Foi um bom investimento."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]