Regulamentação
Em São Paulo, pode virar lei
Um projeto de lei de autoria do vereador Antonio Goulart (PMDB) em debate na Câmara Municipal de São Paulo, pretende obrigar os paulistanos a pintar os telhados de branco. Caso ele seja aprovado e sancionado, os cidadãos terão 180 dias para fazer as modificações.
O texto recebeu parecer favorável de comissões técnicas e foi aprovado em primeira votação em novembro do ano passado. Mas o próprio vereador Goulart admite que a proposta está defasada e, por isso, chamou especialistas para debater o assunto na semana passada e melhorar o texto antes de colocá-lo novamente em discussão. Para ele, uma das alterações necessárias é trocar o termo "telhados brancos" por "telhados frios", o que dá mais opções aos moradores.
A GBC Brasil, organização que pretende fomentar a sustentabilidade na construção, defende que o governo dê incentivos a quem aderir aos telhados frios. Com relação à obrigatoriedade, a entidade diz que poderia ser pensada para novas construções e locais com grande área de telhado, como galpões, supermercados e shoppings.
Uma iniciativa simples, como pintar o telhado de branco, é uma forma de amenizar as mudanças climáticas provocadas pelo homem. A medida virou parte da campanha One Degree Less, do grupo Green Building Council Brasil (GBC). A iniciativa toma por base um estudo desenvolvido no Lawrence Berkeley National Laboratory, dos Estados Unidos, cujo resultado pode ser a diminuição em 1 grau Celsius nas ilhas de calor existentes nas grandes cidades. Mesmo cidades com temperaturas amenas, como Curitiba, podem ser beneficiadas.
O arquiteto curitibano Mauro Suga, especialista em Conforto Ambiental pelo Instituto de Tecnologia de Tóquio, afirma que os telhados claros refletem em torno de 75% da energia do Sol. "Isso gera uma redução do aquecimento das casas e melhora o conforto térmico do local. Por conseqüência, usa-se menos energia elétrica", diz. Quanto mais clara a superfície, menos energia é absorvida e transmitida. "A neve é capaz de refletir aproximadamente 90% da energia incidente, enquanto o asfalto reflete aproximadamente 5%. O efeito das cores vem das propriedades reflexivas de cada material", destaca o arquiteto Keiro Yamawaki, sócio da Proa Arquitetura.
A experiência começou a ser realizada no escritório de Yamawaki. Em julho desse ano o telhado da edificação foi pintado de branco e os dias mais quentes, desde a chegada da primavera, no final de setembro, comprovam a eficiência da medida. "Constatamos uma diminuição de 2 a 3 graus Celsius na temperatura. Faz bastante diferença um ambiente a 27 graus e a 24 graus. Melhora a qualidade do ambiente e no inverno não faz mais frio." A pintura foi feita com tinta de piso de quadra esportiva. Apesar de ter preço 30% maior que da tinta acrílica, resiste mais tempo (o fabricante garante durabilidade de pelo menos dois anos), inclusive à incidência de raios solares. "A poluição não adere e ela se mantém branca por mais tempo."
Energia
Como mantêm mais baixa a temperatura do imóvel, os telhados brancos (ou white roofs, como são conhecidos internacionalmente) reduzem a necessidade de ar condicionado e, em consequência, o consumo de energia. "A diminuição de 2 ou 3 graus na temperatura do ambiente reflete em um índice bem maior de economia no consumo com ar condicionado", ressalta Yamawaki.
Como efeito colateral, exige-se menos geração de energia e, em consequência, menos emissões de carbono. As emissões são consideradas o grande vilão do aquecimento global. Localmente, as coberturas claras também têm resultados positivos, ao reduzir as ilhas de calor. "Os grande temporais em São Paulo são consequência das ilhas de calor. O mesmo começa a acontecer em Curitiba, que anos atrás não tinha tempestades tão intensas", diz Yamawaki.
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Interatividade
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