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 | Henry Milléo/ Gazeta do Povo
| Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo

Relato

"Meu primeiro apartamento é do jeito que eu queria"

Fabianne Bettega, empresária

"Quando meu noivo estava de mudança para Curitiba, em 2013, começamos a procurar imóvel. Na busca por apartamento novo com dois quartos na região do Água Verde, próximo de onde eu já morava com a família, encontramos valores altos. Até poderíamos pagar com o dinheiro que estava guardado, mas o valor só daria para a entrada, o restante teria que ser financiado. Outra coisa é que os apartamentos novos têm peças pequenas. Então encontramos esse apartamento usado com ótima localização. A reforma era necessária, mas achamos que valeria a pena. Vimos potencial no apê com dois dormitórios e 50 metros quadrados. Pagamos à vista, há um ano, e não ficamos com dívidas. Investimos na reforma. O banheiro tinha peças antigas e uma janela pequena. Aumentamos a ventilação e a iluminação, trocamos azulejos e peças, ficou ótimo. A cozinha era fechada e tinha armários antigos. Integramos com a sala e fizemos tudo novo, de um jeito prático, inclusive porque eu gosto de cozinhar. O piso também foi trocado. Uma marcenaria de qualidade executou as peças novas, então temos bons armários. No fim das contas, pagamos R$ 3 mil pelo metro quadrado e outros R$ 20 mil na reforma, e estamos bem felizes. Vou a pé para o trabalho, estou perto de tudo e adoro minha casa nova."

R$ 5,6 mil

É o valor médio do metro quadrado privativo de apartamentos residenciais novos em Curitiba, de acordo com dados de dezembro de 2013 da pesquisa da Ademi-PR. O mesmo levantamento mostra que a capital tem cerca de 10,5 mil unidades verticais novas disponíveis para venda.

R$ 3,1 mil

É o valor médio do metro quadrado privativo de apartamentos residenciais usados em Curitiba, de acordo com pesquisa realizada pela reportagem da Gazeta do Povo em anúncios das principais imobiliárias. Há 17.622 unidades desse tipo disponíveis para venda.

  • Fabianne Bettega está satisfeita com o novo lar: investimento em reforma compensa o negócio
  • Augusta Rocha Coutinho, da Senzala Imóveis, registra a movimentação: de cada oito vendas em andamento, sete são de usados. Proprietários estão ajustando preços à oferta, diz a gerente

Nos dois primeiros meses de 2014, algumas imobiliárias de Curitiba sentiram aumento na procura por imóveis usados, especialmente apartamentos com dois ou três dormitórios. A movimentação, embora ainda pontual e não registrada pelas pesquisas de mercado, chama atenção dos profissionais experientes – o período é considerado atípico para esse tipo de demanda.

Dirigentes de imobiliárias tradicionais, como Apolar e Senzala, acreditam que a tendência deve continuar nos próximos meses. A explicação é simples: a soma entre preço e localização, os dois fatores que mais pesam na decisão de compra do bem.

Muitos consumidores estão preferindo adquirir apartamento em bairros próximos ao Centro e com boa metragem privativa, mesmo que precisem gastar com reformas para habitar um imóvel mais antigo, do que pagar o valor do metro quadrado de unidades novas ou na planta.

Equação

Uma comparação rápida fecha a equação. Enquanto o metro quadrado dos lançamentos verticais está em cerca de R$ 5,6 mil na capital – girando entre R$ 6 a R$ 8 mil para apartamentos tipo standard em bairros bem localizados – nos usados a média de preço é R$ 3 mil.

A grande oferta de imóveis usados na capital ajuda a configurar o cenário positivo para os compradores. De acordo com a pesquisa do do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar) para o Secovi-PR, o sindicato das imobiliárias, Curitiba tem 17.622 unidades desse tipo à venda.

Desse total, cerca de 5 mil são apartamentos com três dormitórios. Outros 3,3 mil são unidades com dois quartos.

Maioria

A movimentação desse começo de ano na Senzala Imóveis aponta que, de cada oito vendas em andamento, sete são de residenciais usados. Praticamente todos são apartamentos, diz a gerente Augusta Rocha Coutinho, que aponta o preço como o principal atrativo.

Foi assim que a empresária Fabianne Bettega adquiriu seu primeiro imóvel. Junto com o noivo, ela buscava apartamento na região do Água Verde e Vila Izabel. "Eu já morava no bairro com os meus pais", explica a designer.

Os preços de apartamentos novos desanimaram o casal. "Teríamos que entrar em financiamento e seguir pagando o bem por muitos meses", relata. "Além disso, os que poderíamos comprar no bairro ou perto dali tinham peças muito pequenas".

Sem dívidas

A solução veio no imóvel usado. "Pagamos à vista, com o dinheiro que estava reservado para a compra do imóvel. É um valor que serviria como entrada no financiamento de um novo. Ficamos sem dívidas e conseguimos um apartamento espaçoso, com excelente localização, de onde vou a pé para o trabalho", afirma. "Fiquei no bairro e estamos felizes", conta Fabianne. Após uma reforma, a nova moradia ficou "do jeito que a gente queria" – agora a preocupação da designer são os preparativos finais do casamento, já que o lar está pronto.

Prós e contras - Preço mais baixo compensa investimento em reformas

É possível encontrar um apartamento usado de dois dormitórios na região do Água Verde com o metro quadrado em torno de R$ 3,2 mil. Se o comprador procurar um apartamento de três quartos no Centro, pode achar valores de até R$ 2,7 mil o metro quadrado. Diante de preços até 30% mais baixos do que os de um apartamento novo, e com a vantagem da boa localização, o investimento em reformas e adequação acaba compensando. "Se o comprador prioriza área interna, vale a pena", avalia Augusta Coutinho, gerente da Senzala Imóveis.

Os amplos espaços das plantas de apartamentos antigos, a robustez da edificação e acabamentos de qualidade que podem ser restaurados, como pisos em tacos de madeira, também são vantagens do imóvel usado. Entre os itens que podem desmotivar o comprador estão as poucas vagas de garagem – apenas uma ou nenhuma – e a planta. Muitos apartamentos têm cozinhas pequenas e apenas um banheiro, ou suíte e um banheiro social, exigindo readequação dos ambientes e reformas de porte.

Daniel Galiano, diretor da Apolar Imóveis, aponta outros quesitos a favor dos usados. "A maioria já tem armários embutidos nos dormitórios e cozinha. Alguns vêm com móveis. É um custo que o comprador não precisará desembolsar", comenta o executivo. Em relação às condições de pagamento, o diretor da Apolar explica que os bancos têm facilitado o financiamento dos usados. "Esse não tem sido um empecilho", observa. A comprovação de renda é a maior exigência para o comprador que pretende financiar.

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