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João Gilberto nunca teve um empresário e sempre fez questão de tomar decisões sozinho. Foto do músico em 2012 | Nelson Peixoto /Arquivo Gazeta do Povo
João Gilberto nunca teve um empresário e sempre fez questão de tomar decisões sozinho. Foto do músico em 2012| Foto: Nelson Peixoto /Arquivo Gazeta do Povo

O Tribunal de Justiça do Estado do Rio autorizou nesta terça-feira (3) o arrombamento da porta do apartamento onde mora o cantor e compositor João Gilberto, no Leblon, bairro da zona sul do Rio.

A decisão do juiz Renato Lima Charnaux Sertã, da 5ª Vara de Órfãos e Sucessões, atende a um requerimento da filha do músico, Bebel Gilberto.

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Segundo o TJ-RJ, o cumprimento da medida visa salvaguardar a saúde do cantor e será feito com todas as cautelas necessárias. O processo corre em segredo de justiça.

Trata-se de mais um episódio de uma disputa familiar que envolve os filhos mais velhos de João Gilberto, Bebel Gilberto e João Marcelo, e Cláudia Faissol, mãe da filha caçula do músico, Luiza.

Em comunicado à imprensa, Claudia Faissol afirmou que não irá tratar publicamente de sua vida pessoal e de sua relação com João Gilberto, descrevendo-o como uma pessoa sensível.

Procurada pela reportagem, Bebel Gilberto não se pronunciou.

Interdição

Em novembro, Bebel Gilberto conseguiu na Justiça a curatela provisória do pai, por 120 dias, período já expirado. Com a interdição, a cantora alegava ter como objetivo a gestão pessoal, patrimonial e financeira do artista.

A interdição é uma medida judicial para pessoas declaradas incapazes para atos da vida civil, como movimentação financeira e assinatura de contratos.

A decisão de interditá-lo foi tomada após o artista assinar, sob influência de Claudia Faissol, um contrato de empréstimo com o banco Opportunity. O músico precisava quitar dívidas adquiridas com o cancelamento de shows.

O contrato, ao qual a reportagem teve acesso, previa um empréstimo de R$ 10 milhões em duas parcelas iguais. A primeira foi paga na data da assinatura; a segunda ainda não saiu e é o foco da discórdia atual.

Pelo empréstimo, o banco levou 60% dos direitos autorais dos quatro primeiros discos de João, tornando-se responsável por administrá-los.

O Opportunity também assumiu uma briga judicial que se arrasta há mais de 20 anos, contra a gravadora EMI, por royalties não pagos e lançamentos de CDs não autorizados, e ficará com metade da indenização, que ainda será determinada pela Justiça.

Os filhos mais velhos, que vivem em Nova York, acusam Claudia Faissol, que é a pessoa mais próxima de João Gilberto no dia a dia, de estar induzindo o cantor a tomar más decisões artísticas e financeiras.

Faissol, por sua vez, afirma que João Gilberto sempre fez questão de tomar decisões sozinho. “Aqueles que o conhecem sabem que ele nunca teve empresário, agente ou produtor, e que sempre conduziu sua carreira de forma própria e singular, sem admitir interferência de quem quer que fosse”, diz.

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