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O presidente dos EUA, Joe Biden, na Casa Branca, Washington DC, 22 de agosto
O presidente dos EUA, Joe Biden, na Casa Branca, Washington DC, 22 de agosto| Foto: EFE/EPA/Ken Cedeno / POOL

No início de qualquer governo, os novos presidentes costumam culpar seus antecessores por problemas que alegam ter herdado - e há uma janela de tempo durante a qual o público está disposto a aceitar tais argumentos. Mas para o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a janela que ele tinha para culpar Donald Trump agora se fechou.

Enquanto os americanos tentam assimilar a trágica notícia da morte de mais de uma dezenas de militares dos EUA em um ataque terrorista duplo, em meio a uma retirada fracassada do Afeganistão, será difícil para Biden se esquivar da responsabilidade.

Quando Biden assumiu a presidência, fazia duas semanas que o pico da Covid-19 no inverno tinha passado, os EUA estavam aplicando mais de um milhão de doses de vacina por dia e a economia havia se recuperado. Biden, no entanto, disse falsamente que herdou a "pior crise desde a Grande Depressão", alegou que o governo estava lançando do zero uma campanha de vacinação, e disse aos americanos para usar máscaras por apenas 100 dias, mantendo sua promessa de campanha de "acabar com o vírus". No entanto, estamos agora no meio de um pico de Covid-19 e, mais de cem dias depois de seus primeiros cem dias, o CDC ainda mantém a recomendação para uso de máscaras - mesmo para os totalmente vacinados.

Biden também tentou culpar Trump pelo crescente fiasco no Afeganistão. E embora seja verdade que Trump fez o acordo inicial para retirar e diminuir a presença de tropas no país, era papel de Biden como comandante-chefe supervisionar essa retirada. É verdade que a suposição básica de ambos os lados do debate "ficar" ou "sair" era que deixar o Afeganistão seria caótico no curto prazo. O fato de os eventos terem se desenrolado de uma forma que é significativamente pior do que até mesmo essas baixas expectativas é a prova da incompetência de Biden. Ele não pode culpar Trump por, digamos, abandonar a Base Aérea de Bagram.

A retirada nunca seria fácil, mas poderia ter sido feita de uma forma que garantisse que os americanos e seus aliados estivessem fora do país antes da retirada. E isso poderia ter sido feito sem a sangrenta catástrofe de hoje.

A esta altura, é improvável que os americanos aceitem desculpas do tipo "a culpa é de Trump". Diz a CNBC:

Uma pesquisa recente da NBC News descobriu que a aprovação da gestão de Biden sobre a Covid caiu de 69% em abril para 53% em agosto, uma queda de 16 pontos.

Ao mesmo tempo, apenas 25% dos eleitores disseram aprovar a forma como Biden está lidando com a situação no Afeganistão.

"A promessa de abril levou ao perigo de agosto", disse o especialista em pesquisas e democrata Jeff Horwitt, que conduziu a sondagem da NBC News.

Enquanto isso, uma pesquisa da YouGov divulgada hoje descobriu que mais de dois terços dos americanos, e até mesmo 55% dos democratas, concordam que a retirada do Afeganistão foi gerenciada de forma "ruim". E ele está patinando em seu índice de aprovação geral.

Tenha em mente que todas essas pesquisas foram realizadas antes dos ataques terroristas de hoje.

Biden deve seu sucesso político inteiramente ao fato de ter Trump como contraponto. É por esse motivo que os democratas estavam dispostos a nomear um candidato presidencial idoso, instável e duas vezes derrotado. Essa é a razão pela qual ele foi eleito. E o contraste com Trump foi o motivo pelo qual ele obteve índices de aprovação geralmente positivos durante seus primeiros seis meses no cargo. Mas agora, Biden está por sua própria conta. Porque ele não pode mais usar Trump como desculpa para seus próprios fracassos.

©2021 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês

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