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Londres – Mulheres com problemas de fertilidade que complementam seu tratamento utilizando terapias alternativas podem estar prejudicando suas chances de ficarem grávidas, de acordo com uma controversa pesquisa de psicólogos.

Um estudo com 818 mulheres, com duração de mais de um ano, revelou que as pacientes que adotaram terapias complementares ao tratamento de fertilização in vitro (FIV – tratamento que realiza a fertilização do óvulo fora do corpo, que é implantado no útero posteriormente), tais como fitoterápicos, reflexologia (sistema de cura natural pelo massageamento dos pés) e acupuntura, tiveram 30% menos chance de engravidar do que as que não recorreram a esses recursos.

O uso cada vez mais freqüente de terapias alternativas por pacientes em tratamento de fertilidade despertou o interesse de uma equipe liderada por Jacky Boivin, psicóloga da Universidade de Cardiff, que elaborou uma investigação científica sobre o assunto.

Alguns fitoterápicos são vendidos como a cura natural para a infertilidade, enquanto outros prometem aumentar as chances das mulheres engravidarem, pois reduzem o estresse feminino. Jacky disse que nada do que se fala sobre assunto é claro o suficiente para justificar a queda das taxas de gravidez, mas alega que o efeito negativo provavelmente se deve a interação dos fitoterápicos com as drogas e hormônios usados nos tratamentos de fertilidade.

Das mulheres que participaram do estudo, 261 usaram terapias alternativas em conjunto com o tratamento para fertilização in vitro. Deste total, quase metade tomou remédios fitoterápicos.

Após um período de 12 meses, as mulheres que usaram remédios alternativos tiveram uma média de 2,4 ciclos do tratamento de fertilização in vitro, o que resultou na gravidez de 45,2% das pacientes. Já as pacientes que fizeram apenas o tratamento convencional, tiveram 1,91 ciclo de tratamento FIV durante o ano, o que resultou em 66,4% de índice de gestantes, disse esta semana Jacky Boivin em uma reunião da Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia na cidade de Lyon, na França. "Dá a impressão de que terapias complementares talvez não sejam tão benéficas como se acreditava, pelo menos no que se refere ao tratamento de fertilidade", disse a psicóloga.

As descobertas foram recebidas com cautela por alguns especialistas. Muitas mulheres que recorreram a terapias alternativas agiram por desespero, por não conseguirem engravidar por meio do tratamento de FIV convencional, comenta Edzard Ernst, professor de medicina complementar da Universidade Exeter. "As mulheres com estresse e tendência a desenvolver problemas de saúde são as que mais recorrem à medicina complementar. Desta forma, a medicina complementar passa a ser um indicador, e não a causa, de baixas taxas de sucesso."

Resultados similares foram encontrados em estudos de pacientes em tratamento contra o câncer. Jacky Boivin disse que apesar de não poder descartar fatores que causam confusão, o estudo foi destinado a levar em conta as tentativas mal-sucedidas de gravidez, assim como o nível econômico-social e saúde mental das pacientes.

Especialistas disseram que apesar do estudo não ter fornecido diretrizes definitivas para mulheres que estejam considerando o uso de terapias alternativas, é preciso considerar que "nós não podemos começar estes tratamentos partindo do pressuposto que ele não fará mal algum", disse Andrea Braverman, diretora do departamento de assistência psicológica complementar da Reproductive Medicine Associates em Nova Jersey, nos EUA.

Um outro estudo levantou esta semana um alerta sobre clínicas que classificam os embriões para aumentar as chances da paciente ter uma gravidez de sucesso, o que, conseqüentemente, pode prejudicar as chances destas mulheres de ter um bebê. O estudo revela que existem mulheres que pagam até 2 mil libras esterlinas pelo procedimento e este pode acabar diminuindo as probabilidades de gravidez.

Médicos no Centro Médico Acadêmico da Universidade de Amsterdã estudaram 408 mulheres com idades entre 35 e 41 anos e descobriram que apenas 24% das pacientes que fizeram o processo de classificação de embriões engravidaram, comparadas com 35% das pacientes as quais tiveram seus embriões implantados sem nenhum processo classificatório.

A classificação genética de embriões tem sido amplamente utilizada em clínicas de fertilização in vitro desde 1997, apesar de ainda não ser comum na Grã-Bretanha.

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