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* Jaqueline Ganzert Afonso, professora do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Curitiba — Unicuritiba

A cooperação internacional aparece como uma resposta iminente de controle da nova onda epidemiológica do vírus Ebola na África. A ajuda humanitária foi a primeira forma de cooperação para controlar o surto. Tem como característica o auxílio emergencial a curto prazo em situações de risco e conflito, ou seja, em situações de guerras, desastres naturais e epidemias. Mais precisamente, o Ebola evidenciou a atuação de grupos como os Médicos Sem Fronteiras (MSF) e a Cruz Vermelha.

O Ebola foi descoberto em 1976, quando houve a primeira epidemia registrada, na República Democrática do Congo (ex-Zaire). Desde então, pesquisas revelaram cinco subgrupos do vírus, além da cadeia de contaminação. O que se sabe é que o Ebola é um vírus transmitido pelo contato com fluidos e secreções de animais selvagens e pessoas contaminadas. A cadeia de transmissão explicaria o porquê da população com menores condições sanitárias ser a principal atingida.

A pesquisa para a criação de uma vacina, e até mesmo de medicamentos para o tratamento dos doentes, avançou em países como o Japão e os Estados Unidos que jamais trataram de surtos de Ebola em seus territórios. Assim, tais drogas são experimentais e acessíveis aos pacientes por meio de organizações e governos através da cooperação internacional.

Contrários ao uso de tais medicamentos, parte dos cientistas alega que esses fármacos transformariam o cenário do Ebola em um laboratório com cobaias humanas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) se reuniu em julho de 2014 com países da África Ocidental para discutir e pedir informações aos países que já tiveram de lidar com o Ebola no passado, mas não se descartou o uso das novas drogas.

Sempre que há surtos de doenças e há grande circulação de viajantes no mundo, como também nos casos da gripe H1N1 no passado, levantam-se hipóteses de controles quanto à biossegurança. Porém, a demora da comunidade internacional em agir com relação ao Ebola fez aumentar as críticas à cooperação e ao interesse dos demais países.

Quando projetos de cooperação científica ganham atenção, algo benéfico para a comunidade científica é alcançado. No caso do surto do Ebola, é inegável que o debate ético das novas drogas que estão sendo testadas tenha alguma influência nas decisões políticas e possam interferir nos caminhos da cooperação. Em termos de auxílio internacional, há sempre uma relação de "ganha-ganha", na qual todas as partes envolvidas buscam um objetivo, seja livrar-se da epidemia, seja desenvolver estudos e medicamentos. A cooperação não é benevolência e, no sistema internacional, o risco é que as decisões políticas definem o encaminhamento dos projetos.

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