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Ativistas sul-coreanos protestam contra a guerra em Seul: possibilidade de conflito bélico na península coreana aumentou após ataque norte-coreano a uma ilha do Sul | Park Ji-Hwan/AFP
Ativistas sul-coreanos protestam contra a guerra em Seul: possibilidade de conflito bélico na península coreana aumentou após ataque norte-coreano a uma ilha do Sul| Foto: Park Ji-Hwan/AFP

Seul - Pouco tempo depois que uma barragem norte-coreana de artilharia devastou a pequena co­­munidade de pesca na ilha de Yeonpyenong, gerando temores em toda a Coreia do Sul quanto a seu vizinho fortemente armado, muitos sul-coreanos estão convencidos de que o norte atacará novamente, e criou-se um tipo de jogo de salão a respeito de onde isso ocorrerá.

Analistas políticos sul-coreanos e estrangeiros dizem que o Norte está ficando mais desesperado, enfrentando escassez de alimentos no inverno e, ao mesmo tempo, tentando assegurar a sucessão do filho mais novo de seu ditador doente, Kim Jong Il. Nessa situação, segundo especialistas, o governo geralmente recorre a ações militares provocativas e hostis como a melhor forma de pressionar o sul a fornecer o apoio e investimento que a Coreia do Norte precisa para sobreviver.

"O padrão do passado mostra que a Coreia do Norte é de alguma forma inimaginável", afirma Kim Jong-ha, professor de estudos de segurança e defesa na Universidade Hannam, em Daejeon, na Coreia do Sul. "Po­­de demorar alguns meses, mas precisamos estar prontos – ou o choque e o terror serão enormes".

A questão de mais um ataque ganhou importância depois que o bombardeio da ilha e a destruição, em março, do navio de guerra sul-coreano Cheonan, aparentemente por um torpedo norte-coreano, expuseram inesperadas fraquezas do exército sul-coreano – considerado tecnologicamente superior.

"Há uma possibilidade de que eles ataquem de novo de maneira inesperada", disse Kim em 3 de dezembro, numa audiência de nomeação na Assembleia Na­­cional, o parlamento da Coreia do Sul. "Acredito que todo o nosso país seja um possível alvo para provocações".

Analistas militares estão divididos sobre o que esperar em seguida. Mas eles concordam que a Coreia do Norte é hábil em procurar e explorar pontos fracos das forças sul-coreanas.

"A Coreia do Sul foi pega de surpresa em Yeonpyeong", afirma Daniel Pinkston, analista na Coreia do Norte para o Grupo de Crises Internacionais. "A Coreia do Norte está sempre procurando fraquezas, e não ataca de peito aberto".

É impossível prever onde será o próximo ataque da Coreia do Norte, se ele realmente ocorrer. Mas analistas apontaram diversas possibilidades: o Mar Ama­­relo. Yeonpyeong é uma das cinco ilhas cercadas por águas reivindicadas pelas duas Coreias, e tem sido o ponto mais comum de disputas nos últimos anos.

O norte também pode escolher outro alvo naval, como um dos navios de guerra ou bases flu­­tuantes que o sul mantém nessas águas. Analistas citam o Cheonan como o caso clássico da sondagem da Coreia do Norte por pontos fracos: embora o sul tenha construído navios de guerra mais fortes e rápidos que os do norte, eles aparentemente desconsideraram a possibilidade de um ataque submarino.

Alguns analistas dizem que o norte realmente tem queixas legítimas em sua disputa de fronteiras marítimas no Mar Amarelo. Outros dizem que o país usa essa disputa para conferir alguma legitimidade a suas provocações e evitar irritar a China, sua única aliada. Eles dizem que a China pode ver qual­­quer ataque adicional como uma afronta a suas atuais iniciativas diplomáticas para convocar conversas de emergência entre o Norte e outras nações.

Área desmilitarizada

Houve temerosas especulações na mídia sul-coreana de que a Coreia do Norte poderia atacar em algum lugar ao longo da zona desmilitarizada, ou DMZ (da si­­gla em inglês) – a fronteira fortificada que divide a península desde a Guerra da Coreia, entre 1950 e 1953. Uma teoria é que o Norte pode montar um ataque de artilharia através da fronteira na província de Gyeonggi, que circunda Seul – o coração político e financeiro da Coreia do Sul.

O ataque teria como foco agitar os nervos do sul e minar sua disposição em lutar, segundo analistas, em vez de tentar infligir um dano máximo sobre civis. Mesmo um ataque pequeno se­­ria suficiente para causar um pâ­­nico financeiro, dizem eles, massacrando o mercado de ações da Coreia do Sul e assustando in­­vestidores estrangeiros.

Ataque terrorista

O próximo golpe pode vir na forma dos chamados ataques assimétricos, que contornariam as vantagens militares do Sul com ataques das 180 mil tropas de forças especiais do Norte em al­­vos fracos de áreas civis. Isso poderia ser feito com uma bomba num metrô ou trem, ou um ataque ci­­bernético a um banco sul-coreano ou outra rede de computadores. Analistas dizem haver sinais de que o norte pode estar desenvolvendo capacidades em tecnologia da informação, num momento em que agên­­cias de segurança sul-coreanas vêm progressivamente acusando agentes norte-coreanos de usar a internet para disseminar propaganda no Sul, uma das sociedades mais conectadas do mundo.

Teste nuclear

Pelo menos um especialista em segurança, Baek Seung-joo, do Instituto de Análises de Defesa da Coreia, um órgão estatal, espera que a próxima provocação da Coreia do Norte seja menos mortal, talvez outro teste nuclear ou o teste de um míssil de longo alcance. Ele diz que tal estratégia buscaria pressionar não só o Sul, a aceitar novas conversas sobre desmantelar os programas de armas do Norte em troca de ajuda com alimentos, mas também forçar os EUA a aceitar conversas so­­bre garantias de segurança pa­­ra o governo da família Kim.

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