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Os atentados no Egito, no Líbano e na França, em menos de um mês e com centenas de mortos, trazem à tona o caos, o medo e a incerteza que qualquer forma de terrorismo busca gerar. A tendência é de um endurecimento no controle das fronteiras europeias. Mas para além do imaginário popular e das reações políticas de “fechamento das fronteiras”, é hora de pensar: o que leva essas pessoas a cometer tamanha atrocidade? Nada os tira a culpa, nada justifica o terror. Assim mesmo, temos que nos debruçar para analisar as causas profundas, históricas, sociológicas, geopolíticas e psicológicas que levam a esta situação. A resposta certamente não será tão simples, como fazem parecer alguns discursos inflamados.

Um nada admirável mundo novo

Um novo mundo está emergindo após a sexta-feira 13 em Paris. E ele provavelmente terá, ao menos no curto e médio prazos, mais tentativas de ataques terroristas, menos liberdades individuais nas democracias e o acirramento da xenofobia contra muçulmanos.

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Eram de nacionalidade europeia a maioria dos terroristas em Paris. O mentor dos ataques supõe-se que seja um cidadão belga, que agora vive na Síria. As fronteiras (de quase todos os países, aliás) sempre foram e continuarão sendo porosas. Já o refúgio foi criado para proteger inocentes em risco. Culpar os refugiados, ou mesmo os imigrantes que fogem da miséria, seria penalizá-los duas vezes. O problema não está no controle de fronteiras, e sim no que levou essas mentes a fazerem isso, pois parece haver uma perda da noção elementar de humanidade.

Do ponto de vista internacional, é necessária a intensificação da cooperação entre os países, não apenas na área militar e de inteligência, mas também nas áreas econômica, social e cultural, para enfrentar as causas do terrorismo. É sabido que a invasão do Iraque teve um papel importante na ascensão do grupo, portanto atitudes militares unilaterais talvez não sejam o melhor caminho.

Em 2004, o ex-presidente espanhol José Luiz Rodrigues Zapatero lançou na ONU a “Aliança das Civilizações”, cuja ideia era um trabalho conjunto entre o ocidente e o mundo árabe e muçulmano, com o objetivo de combater o terrorismo internacional, não pelo caminho militar. O ex-presidente do Irã, M. Khatami, já falava de “diálogo entre as civilizações”. Trata-se de algo atual e necessário, nesses tempos sombrios que podem nos arrastar a um retorno da ideia de “choque” de Samuel Huntington.

Enfim, é realmente triste que a cidade do amor tenha se transformado momentaneamente em um show de horrores.

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