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Cartazes de campanha de Sarkozy e Hollande, ambos com narizes de palhaço pintados à caneta | Fotos: Joel Saget/AFP
Cartazes de campanha de Sarkozy e Hollande, ambos com narizes de palhaço pintados à caneta| Foto: Fotos: Joel Saget/AFP

Entrevista

Franceses desaprovam xenofobia

Gilles Lapouge, jornalista e escritor francês.

Prêmio Goncourt, o mais importante das letras francesas, é só um de uma longa lista de láureas recebidas por Gilles Lapouge. O jornalista e escritor francês já viveu no Brasil e, hoje, beirando os 90 anos, trabalha como correspondente do jornal O Estado de S.Paulo.

Leia entrevista completa.

Na rabeira

Marine le Pen divide terceiro lugar com o esquerdista Mélenchon

"O sentimento que a extrema-direita passa em relação ao imigrante dá medo", diz Bruna Schausteck le Trioux, doutoranda em Geografia Internacional na Universidade de Sorbonne.

A afirmação da brasileira tem a ver com a candidata de extrema-direita Marine l e Pen, do Partido Frente Nacional (FN), de orientação radical ultranacionalista. Segundo Bruna, as restrições ao imigrante são propostas desde o início do governo Sarkozy.

"Quando ele [Sarkozy] foi eleito, os estrangeiros ficaram receosos. A verdade é que, a cada ano, fica mais complicado", diz Bruna, que trabalhou durante dois anos e meio como recepcionista. Marine divide a terceira colocação na corrida presidencial com Jean-Luc Mélenchon, do partido Frente de Esquerda, com cerca de 15% das intenções de voto.

Apesar de compartilharem a mesma posição na disputa eleitoral, suas propostas de governo não têm nada em comum. Marine defende a saída da França da zona do euro, a restauração da moeda nacional e a redução da imigração em 5%.

Já Mélenchon é favorável à permanência do país na zona do euro e defende que a imigração não é o problema da França.

Pesquisas de intenção de voto na eleição francesa indicam um empate técnico entre o atual presidente Nicolas Sarkozy, o centro-direita que busca seu segundo mandato, e o candidato socialista François Hollande; este sairia vencedor de um eventual segundo turno, também de acordo com projeções. Entre um passado de glória e um presente de pesadelo, o país vai às urnas na próxima semana

A grandeza da França tem raízes históricas no desenvolvimento econômico e nas vanguardas políticas, artísticas e militares. Hoje, o país pena com a crise econômica na União Europeia (UE). A dificuldade é tamanha que até essa "grandeza francesa" ganhou aspas e passou a ser questionada.

Na corrida presidencial que teve início segunda-feira passada, o país, vivendo entre o passado de glória e o presente de pesadelo, terá de escolher seu próximo mandatário.

Antes de assumir em 2007, o presidente Nicolas Sarkozy, do partido de centro-direita União por um Movimento Popular (UMP), propunha a liberalização do mercado de trabalho, a jornada de trabalho de 35 horas semanais e a redução do aparato governamental, além de promover medidas mais duras contra o crime e a imigração.

A maior vitória do governo Sarkozy parece ter sido a implantação da jornada de trabalho, algo que desagradou a população, já que o texto permitia aos empregadores o direito de exigir mais dos trabalhadores.

De acordo com o doutor em Direito Internacional Edu­­ardo Saldanha, essas medidas não combinam com o perfil do povo francês. "O conservadorismo é muito mal visto por lá. As medidas que sinalizam a redução do estado de bem-estar social são muito impopulares. E, nesse momento eleitoral, são um prato cheio para os candidatos de esquerda que vêm pregando a volta de um estado mais centralizador", diz.

É forte o consenso de que os problemas gerados pela crise que atingiu o bloco europeu, aliada à personalidade midiática de Sarkozy, alimentam as críticas da população francesa contra o presidente.

Saldanha diz que as medidas adotadas reduziram o impacto da crise no país. "As medidas são impopulares. Mas, por outro lado, ele conseguiu blindar a economia do país e fez com que as perdas e os problemas se tornassem ainda menores", diz.

Uma pesquisa de opinião realizada em 2010 pelo jornal Libération mostrava que 62% dos franceses tinham então uma imagem ruim do seu chefe de Estado e 66% consideravam o governo Sarkozy um fracasso.

As pesquisas de intenção de voto para a eleição des­­te ano indicam um empate técnico entre o a­­tual presidente e o candidato François Hollande, do Partido Socialista Francês. Cada um teria cerca de 28% do total de votos. Em um eventual segundo turno entre os dois, Hollande sairia vitorioso, com 55% dos votos, de acordo com pesquisa do Ipsos.

O presidenciável do Par­­tido Socialista Francês é pouco conhecido no cenário internacional. Ele venceu as primárias do partido, mas sem ter de enfrentar Dominique Strauss-Kahn, considerado o grande nome do Partido para concorrer nas eleições até que um escândalo sexual o desbancou.

Hollande é visto como "um grande estadista", nas palavras do ex-presidente Jacques Chirac. O socialista se preocupa com a recuperação econômica francesa (planeja reformas fiscais) e tem propostas mais moderadas para a imigração (como propor um debate ao parlamento sobre o número de trabalhadores imigrantes necessários ao mercado).

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