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Menino usa chapéu com propaganda de McCain: esperança republicana | Robyn BECK/AFP
Menino usa chapéu com propaganda de McCain: esperança republicana| Foto: Robyn BECK/AFP

Apuração estadual traz pistas

Alguns dos primeiros estados a encerrarem a votação hoje podem dar pistas importantes sobre quem será o próximo presidente do país. A tendência na disputa entre o democrata Barack Obama e o republicano John McCain pode ficar clara já com o fechamento das primeiras urnas, em Indiana, às 18 horas de hoje (21 h em Brasília). Obama e McCain travam uma disputa muito apertada em Indiana, estado do Meio-Oeste que desde 1964 dá a vitória a todos os candidatos republicanos.

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Chicago - Depois de dois anos de campanha e quase 700 milhões de dólares, o democrata Barack Obama chegou ontem ao último dia de campanha com uma certeza: ele deve vencer hoje o voto popular no país, segundo todas as pesquisas de intenção de voto. Obama é popular, carismático e leva milhares de pessoas aos seus comícios. Bateu o recorde de arrecadação e é um "hit" mundial. Quarenta anos depois do assassinato de Martin Luther King, o senador por Illinois, sem dúvida, já fez história. Tudo isso, porém, não garante que o propósito dessa longa jornada esteja ganho. De acordo com o sistema eleitoral norte-americano, Obama poderá ter algumas surpresas.

O voto popular nos EUA tem bem menos importância do que o resultado da eleição em uma dezena de estados. O que vale aqui é a eleição no Colégio Eleitoral, em que cada estado possui um número de votos (delegados) proporcional à sua população. Salvo duas exceções, Nebraska e Maine, quem ganha em um estado leva a totalidade dos votos do mesmo no Colégio Eleitoral. É por isso que, ao se analisar a agenda de campanha dos candidatos, os grandes estados foram totalmente ignorados – Texas, Nova Iorque e Califórnia, por exemplo, são territórios em que a população tradicionalmente vota com um partido e onde, portanto, não faz sentido gastar tempo e dinheiro. Ali, a fidelidade do eleitor com os republicanos ou os democratas já decidiu a disputa. Obama ganhará em Nova Iorque e na Califórnia. McCain levará o Texas.

O problema é que nenhum dos dois candidatos consegue atingir o número mágico de 270 dos 538 votos do Colégio Eleitoral dependendo apenas dos estados que são um reduto tradicional de seus partidos. É dessa forma que lugares como Nevada e Missouri, para citar apenas dois exemplos, passam ao centro da disputa presidencial.

De acordo com o site Real Clear Politics (RCP), que agrega pesquisas dos 50 estados, Obama tinha na noite de ontem 228 votos do Colégio Eleitoral "sólidos" a seu favor (onde a vantagem é maior do que 10 pontos na média das pesquisas) e outros 50 votos "tendência" (vantagem menor do que 10 pontos). Num cenário desses, ele conquistaria 278 votos e levaria a Presidência. A posição de McCain é bem menos confortável. Ele tem 118 votos "sólidos" e 14 "tendência". Mesmo que levasse todos os estados indefinidos (128 votos), ficaria a 10 votos de ganhar a eleição. Para ele, portanto, ou as pesquisas estão erradas ou um fator imprevisível precisará ocorrer.

Tempo ruim, por exemplo, pode prejudicar Obama. O democrata precisa do voto das grandes cidades, onde a população depende mais do sistema público de transporte. Em caso de chuva, o eleitor pode se sentir desmotivado a votar. Pesquisa do ano passado da Universidade de Pittsburgh mostra que, para cada polegada de chuva (no Brasil se mede em milímetro) acima da média no dia da eleição, os republicanos ganham 2,5% a mais de votos. Cada polegada de neve aumenta em 0,6% as chances dos candidatos republicanos. Porém, com exceção da Carolina do Norte e da Virgínia, onde deve chover hoje, no resto do país será um dia de tempo bom, segundo meteorologistas.

Outra esperança de McCain é levar o voto dos indecisos. Em algumas pesquisas, eles representam 10% do total de eleitores. É um grupo com perfil para votar em massa para o republicano: são brancos e potenciais eleitores de centro-direita. Outro fator que poderá mudar o resultado é o tão discutido "efeito Bradley" — brancos que mentem para os institutos de pesquisa dizendo que não possuem candidato ou que votarão no candidato negro, mas na verdade preferem o candidato branco.

Estados indecisos

De acordo com o RCP, os estados indecisos são Flórida, Ohio, Virgínia, Carolina do Norte, Missouri, Indiana, Georgia, Arizona, Ohio, Montana e Dakota do Norte. George W. Bush venceu em todos em 2004. Obama aparece na frente em quatro deles – Flórida, Virgínia Ohio e Colorado. Mas, para McCain, não basta vencer todos os indecisos – ele teria ainda que "roubar" um estado que é "tendência" para Obama. Cerca de duas semanas atrás, a campanha republicana escolheu o alvo: a Pensilvânia.

Sexto maior estado do país e território democrata desde 1988, a Pensilvânia garante 21 delegados no Colégio Eleitoral – um número que compensaria as perdas de McCain em estados indecisos menores, como Montana (3). Na média do RCP, porém, Obama tem uma vantagem de seis pontos contra McCain.

O cenário geral mostra que uma vitória de McCain é muito, muito improvável. Ao que tudo indica, Barack Hussein Obama deve ser o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

Num país tão dividido e onde o racismo estava fortemente presente há menos de duas gerações, é sem dúvida um acontecimento histórico.

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