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Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita). | Divulgação
Faichecleres: banda agora conta com um novo baixista, Ricardo Junior (primeiro à direita).| Foto: Divulgação

Nova Iorque – Cientistas afirmam ter descoberto a maior migração de animais selvagens do mundo. A descoberta se deve a uma pesquisa aérea que revelou grandes rebanhos de antílopes em movimento no sul do Sudão, uma região onde se acreditava não haver mais vida selvagem desde que foi aniquilada pela guerra civil.

A WCS (sigla em inglês para Sociedade de Conservação da Vida Selvagem), em conjunto com o governo do Sudão, anunciou que o estudo da fauna da área revelou números espetaculares de antílopes, especialmente o kob de orelha branca, conhecido no Brasil como gazela-de-lala. Ao voarem sobre uma área de aproximadamente 590 mil km2, os cientistas puderam testemunhar uma "coluna" de animas em sua migração sazonal pelos pastos e pântanos medindo 80 km de comprimento e 48 km de largura. Eles estimaram a população de gazelas-de-lala em 800 mil animais. Somada a outras espécies, como as gazelas topi e mongalla, o número total de animais migrando atinge 1,3 milhão, se aproximando em escala a um dos maiores eventos naturais do mundo: a migração de gnus e zebras no Serengeti*, leste da África.

"Esta pode ser a maior migração de grandes mamíferos na Terra" diz Michael Fay, cientista da WCS responsável pela pesquisa. "Eu jamais vi a vida selvagem em números tão altos, nem mesmo quando sobrevoei a migração na região de Serengeti", acrescenta.

A descoberta de vida selvagem em números tão altos surpreendeu Fay e seus amigos "conservacionistas", considerando que a migração no Serengeti, que ocorre todos os anos entre julho e outubro e é uma fuga dos animais da estação seca, era considerada inigualável.

A descoberta também é motivo de alegria, pois o longo período de guerra civil levava todos a crerem na devastação da vida selvagem na região. A última pesquisa aérea realizada no local foi em 1982, um ano antes do início da luta armada entre o Exército Popular para Libertação do Sudão e as forças do governo, apoiadas por milícias árabes do norte. A luta durou mais de duas décadas e dizimou cerca de 2 milhões de vidas. Em 2005, um acordo foi estabelecido entre as duas partes, o que resultou no governo autônomo do Sudão do Sul, e a paz retornou à área onde hoje vivem 11 milhões de pessoas. Um referendo para a independência deve ser realizado dentro de quatro anos.

Em janeiro, uma equipe liderada pelo cientista Michael Kay saiu em busca da descoberta da vida selvagem que eles não puderam estudar por 25 anos. Existe uma longa e triste história de devastação forjada por caçadores e exércitos durante as muitas guerras da África. Apesar da riqueza natural do território, espremido entre o Saara e um cinturão de florestas tropicais, eles estavam esperando o pior. Porém, assim que o avião decolou pela primeira vez na jornada de mais de 150 horas de vôo, os corações da equipe se alegraram.

Lembrando a aventura, Fay diz: "Se você fosse um garimpeiro e achasse um veio de ouro, você saberia o que sentimos quando achamos nosso primeiro kob: a descoberta do Eldorado".

Além dos rebanhos colossais de kobs, eles estimaram a existência de 250 mil gazelas mongalla, um pequeno antílope cor de castanha e branco com uma faixa negra nos flancos; 160 mil topis, ou tiang, um antílope de chifres; assim como os antílopes Reedbuck e Ostrich.

A análise da vida selvagem no local não foi de todo positiva. Na região sudeste da área pesquisada, quase 90% das espécies foram extintas. "Não vimos nenhum dos 60 mil búfalos que vimos em 1981 e só um grupo de elefantes foi avistado, dos 10 mil que existiam no passado", conta Paul Elkan, chefe do programa da WCS no sul do Sudão.

A zona sudoeste é uma região que favorece a caça, ao contrário da mais ao leste, protegida, de alguma maneira, pelas barreiras naturais impostas pelo Rio Nilo e o terreno pantanoso.

Em outras regiões, as populações de zebra também aparentam terem sido varridas da superfície. As zebras chegavam a 20 mil no Parque Nacional Boma, no sudeste da região autônoma, mas não foram avistadas pelos aviões da pesquisa.

A WCS, que tem vários projetos de alcance mundial e também administra o zoológico do Central Park, em Manhattan, quer agora ampliar os resultados da pesquisa com o requerimento da criação de uma missão internacional para preservar a extraordinária vida selvagem que os cientistas descobriram. Neste projeto, os ex-soldados do Exército Popular de Libertação do Sudão seriam treinados por ativistas ambientais com o intuito de gerenciar uma rede de parques e encorajar atividades que beneficiem o meio ambiente entre os moradores de vilarejos locais. O projeto é baseado nos trabalhos realizados na bacia do Congo, outro ecossistema abundante sob enorme pressão causada pela guerra civil e luta por recursos naturais.

No caso do sul do Sudão, o recurso natural que mais representa ameaça à vida selvagem é o petróleo. Desde que as hostilidades acabaram, empresas petrolíferas estão mostrando um interesse crescente e várias permissões foram concedidas para exploração de petróleo bem no meio do caminho migratório dos antílopes.

‹ *A região do Serengeti é uma savana com 60 mil km2 e fica entre a Tanzânia e o Quênia.

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