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O que Mir Aimal Kansi, que atacou quartéis da CIA em 1993, tem em comum com Adam Lanza, que matou 20 crianças e seis adultos em uma escola em Connecticut na semana passada? O primeiro alegava estar enfrentando a opressão profana do governo norte-americano sobre os muçulmanos. O segundo parece ter sido motivado por questões pessoais.

Há anos o senso comum nos diz que terroristas suicidas são agentes políticos racionais, enquanto atiradores que cometem massacres e depois se suicidam são pessoas solitárias com distúrbios mentais. Mas os dois grupos têm muito mais coisas em comum do que vem sido reconhecido.

Eu passei os últimos três anos examinando entrevistas, estudos de caso, bilhetes de suicídio, vídeos de martírio e declarações de testemunhas e descobri que terroristas suicidas são, de fato, suicidas no sentido clínico da palavra – o que contradiz o que muitos psicólogos e cientistas políticos vêm há tempos alegando. Embora os terroristas partilhem das mesmas crenças que as organizações cuja propaganda ideológica defendem, eles são motivados primariamente pelo desejo de matar e morrer – igual aos atiradores.

Na verdade, deveríamos imaginar que muitos dos atiradores são terroristas suicidas não-ideológicos. Em alguns casos, eles alegam estar lutando por uma causa, mas, assim como os terroristas suicidas, suas ações derivam geralmente de alguma coisa muito mais profunda e pessoal.

Parece haver uma tríade de fatores que distinguem esses assassinos. O primeiro fator é que eles geralmente sofrem com problemas de saúde mental que produzem esse desejo de morte. Os diagnósticos psiquiátricos específicos variam muito e incluem todos os tipos de transtornos, de depressão clínica a transtorno de estresse pós-traumático a esquizofrenia e outras formas de psicose.

O segundo fator é uma profunda sensação de vitimização, e a crença de que a vida do assassino foi arruinada por outra pessoa, que o atormentou, oprimiu ou perseguiu. Não é de se surpreender que a presença de uma doença mental seja capaz de inflamar essas noções, levando o assassino a ter uma imagem irracional e exagerada de sua própria vitimização. Não faz diferença se quem ele acha que é o seu algoz é um governo inimigo (no caso dos terroristas) ou seus chefes, familiares ou colegas de trabalho ou de escola (no caso dos atiradores).

O terceiro fator é o desejo de conseguir fama e glória através do massacre. A maioria dos terroristas suicidas acredita que serão honrados e celebrados como mártires após a morte. De maneira semelhante, atiradores muitas vezes são cativados pela ideia de que se tornarão famosos postumamente.

Tradução: Adriano Scandolara.

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