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Projeto de estação da Bigelow: empresa mira clientela de países sem condições de desenvolver um programa espacial próprio | Divulgação/Bigelow Aerospace
Projeto de estação da Bigelow: empresa mira clientela de países sem condições de desenvolver um programa espacial próprio| Foto: Divulgação/Bigelow Aerospace
  • Parte interna de um dos módulos: fundador da empresa garante que instalações são semelhantes às de um hotel

Na empresa Bigelow Aerospace, as maquetes de estações mais pa­­recem melancias brancas repousando no chão gelado da fábrica.

"Todo astronauta que recebemos aqui apenas diz: Uau! Eles não acreditam no tamanho da nossa estrutura", diz Robert T. Bigelow, fundador da empresa.

Daqui a quatro anos, a empresa almeja que módulos reais se­­­jam lançados e montados na primeira estação espacial privada do Sistema Solar. Os clientes pa­­gantes – grupo basicamente formado por nações que não possuem o dinheiro ou o conhecimento necessário para desenvolver um programa espacial do ze­­ro – poderão visitá-la um ano depois de concluída.

Em 2016, uma segunda estação maior também será construída. As duas estações Bigelow poderão ser lar para 36 pessoas por vez – seis vezes mais do que a tripulação que pode viver na atual Estação Espacial Interna­­cional (ISS, em inglês).

Se o plano de negócios se desenvolver como foi elaborado – a empresa já possui dois mó­­dulos de teste inflados em órbita – a Bigelow comprará de 15 a 20 lançamentos de foguete em 2017, e irá repetir isto todos os anos a partir daí, o que concederá muitos negócios para as empresas privadas que a administração Obama gostaria de financiar pa­­ra o transporte de astronautas até o espaço – a chamada iniciativa de equipe de bordo.

A proposta de orçamento feita pelo presidente Obama para 2011 sugere o investimento de US$ 6 bilhões de dólares nos próximos 5 anos para provavelmente duas ou mais empresas para que desenvolvam espaçonaves capazes de levar pessoas até o espaço. Quando isto estiver funcionando, ao invés de operar sistemas próprios, como naves es­­paciais, a Nasa poderá comprar "passagens" para que os astronautas da agência possam ir ao espaço nestes enormes táxis es­­paciais privados.

Durante todo o ano passado, Gold visitou países como o Japão, Coreia do Sul, Cingapura, Ho­­landa, Inglaterra e Suécia a fim de avaliar a existência de interesse. A estada de 30 dias na estação Bigelow, incluindo translado, já está sendo cotada pela bagatela de US$ 25 milhões por pessoa.

O valor está muito abaixo dos US$ 50 milhões que a Nasa está pagando por assento na nave espacial Soyuz para a ISS. Caso o "hóspede" deseje dobrar a estadia na Bigelow para 60 dias, são acrescidos apenas US$ 3,75 mi­­lhões ao valor inicial.

"Isto representa a entrada da mente empreendedora em uma área apta para um rápido crescimento e criação de novos empregos. A Nasa irá conduzir a concorrência, abrindo novos mercados e acesso ao espaço além de catalisar o potencial da indústria americana", disse o major general Charles F. Bolden Jr, administrador da agência.

Os altos funcionários da agência têm sido muito cuidadosos para não dizer que o plano de equipe de bordo aposta em um mercado que vai além da Nasa, mas, por enquanto, Bigelow pa­­rece ser o único comprador fora da agência para os serviços de bordo comerciais.

O empresário já gastou 180 milhões de dólares do próprio bolso até agora e revelou estar disposto a gastar até 320 milhões adicionais. Uma expansão da fá­­brica irá dobrar sua área para entrar na fase de transição da fa­­se de pesquisa e desenvolvimento para a produção de fato.

Bigelow raramente concede entrevistas e, com a exceção de Michael N. Gold, diretor da su­­cursal da Bigelow em Washing­­ton, os funcionários da empresa raramente falam em público. O manual interno da empresa intitulado de "Alguns Valores Cultu­­rais Importantes da Bigelow Ae­­rospace", praticamente im­­plo­­ram que os funcionários "mantenham seu trabalho e o trabalho de seus colegas em sigilo ao falarem com pessoas de fora da em­­presa". Gold explicou que a confidencialidade é uma exigência das leis federais existentes para proteger informações tecnológicas. A solidez do negócio é desconhecida para pessoas que não estejam diretamente envolvidas nele.

Nos últimos anos, Bigelow vem tentando minimizar a im­­portância de estar criando um ho­­tel espacial para turistas ricos, apesar de declarar que o turismo espacial poderia representar uma parte de seus negócios.

"Você deve acreditar que estamos realizando estes investimen­­tos porque pensamos que eles possuam um senso econômico no final das contas. Não ire­­mos executar nosso plano de ne­­gócio se os números forem ruins", re­­velou Bigelow.

O interesse do empresário pe­­lo espaço vai muito além das es­­tações.

"Venho pesquisando e es­­tudando OVNIs por muitos anos. Qualquer pessoa que realiza este tipo de pesquisa, se a conduzi-la apropriadamente, fica completamente convencida de muitas coisas. Não é necessário um en­­contro com um ser de outro planeta. Algumas pessoas já morreram, outras se machucaram bastante. Isto representa muito mais do que meros dados observacionais", comentou.

Bigelow, 66, disse que se inspirou nos sucessos que a Nasa obteve na década de 1960, que foram culminados com a expedição a Lua, e que ele sempre esperou ser capaz de investir no espaço um dia. Ele leu sobre o Trans­­Hab em 1998 e, ao saber da eminente descontinuação do projeto, ele fundou a Bigelow Ae­­ros­­pace em 1999 e comprou uma licença exclusiva das patentes da Nasa.

Protótipo

Um habitat chamado de Sun­­dancer, com um volume inflado de cerca de 180 metros cúbicos, será lançado experimentalmente. Um foguete a parte irá levar dois astronautas da Bigelow para residirem no Sundancer.

Estando as estações em órbita, Bigelow ainda vai precisar provar que sabe lidar com a logística de fornecer água, alimentos e ar aos tripulantes, assim como reparar quaisquer eventuais de­­feitos que as estações possam apresentar.

O empresário disse que irá contratar pessoas com a experiência e habilidades necessárias e que as estações espaciais não são muito diferentes de um hotel.

"Passei quatro décadas servindo as pessoas, dezenas de mi­­lhares delas por todo o sudeste dos EUA. Passei quatro décadas fazendo todo tipo de coisa. Os princípios são os mesmos", co­­mentou o empresário.

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