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Yulia Navalnaya em 28 de fevereiro, durante discurso no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França
Yulia Navalnaya em 28 de fevereiro, durante discurso no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França| Foto: EFE/EPA/RONALD WITTEK

Entre sexta-feira (15) e domingo (17), a Rússia realiza sua eleição presidencial, na qual Vladimir Putin enfrentará opositores de fachada para se manter no Kremlin até 2030.

Adversários de verdade vinham sendo eliminados, por vias judiciais ou literalmente, e a ausência mais sentida é a do principal nome que a combalida oposição russa produziu nos últimos anos: Alexei Navalny, que morreu em 16 de fevereiro aos 47 anos, numa prisão do Ártico onde cumpria penas de mais de 30 anos de prisão.

Imediatamente sua viúva, Yulia Navalnaya, assumiu o posto de principal voz dos insatisfeitos com os quase 25 anos de poder de Putin.

Em um discurso no Parlamento Europeu duas semanas depois da morte de Navalny, ela reiterou a intenção, que havia manifestado logo após ele ser encontrado morto, de levar adiante a luta do marido (que, segundo ela, foi vítima de assassinato ordenado por Putin).

“Putin deve responder pelo que fez ao meu país. Putin deve responder pelo que fez a um país vizinho pacífico [Ucrânia]. E Putin deve responder por tudo o que fez a Alexei”, disparou.

Dois meses antes de morrer, Navalny havia pedido para que o eleitorado russo votasse em qualquer candidato em março, menos em Putin.

Na semana passada, Yulia Navalnaya fez eco a esse movimento, ao pedir aos russos para que façam um protesto contra o presidente no último dia de votação.

“Vocês têm que ir aos colégios eleitorais no mesmo dia e no mesmo horário, 17 de março ao meio-dia”, escreveu Yulia em mensagem postada nas redes sociais, na qual disse que os participantes da ação podem “votar em qualquer candidato, exceto Putin”.

“Você também pode estragar a cédula. Você pode escrever Navalny em letras grandes”, sugeriu. “Se você não vê sentido em votar, você pode ir até a seção eleitoral, ficar lá por um tempo, depois dar meia-volta e ir para casa”, acrescentou Yulia.

Ela tem 47 anos e nasceu em Moscou. Formada em economia, trabalhou no mercado financeiro. Ela conheceu Navalny, que trabalhava à época como advogado, em 1998, durante férias na Turquia. No ano 2000, veio o casamento. Navalny e Yulia tiveram dois filhos, Daria (nascida em 2001) e Zakhar (em 2008).

Desde o início, a vida em casal foi marcada pela política: no ano 2000, ambos ingressaram no partido liberal Yabloko, do qual saíram alguns anos depois.

Yulia deixou a carreira no mercado financeiro, se dedicou à criação dos filhos e em 2007, quando o marido havia se tornado um nome de destaque na oposição russa, se tornou secretária e assistente dele.

Durante anos, manteve um perfil discreto, aparecendo pouco e fazendo apenas pronunciamentos pontuais, mas a perseguição de Putin a Navalny a obrigou a assumir protagonismo.

Em 2020, quando o marido quase morreu envenenado, Yulia escreveu diretamente a Putin, pedindo autorização para que ele fosse transferido para tratamento na Alemanha.

Navalny se recuperou e no início de 2021 retornou à Rússia, quando foi preso imediatamente. “Alexei diz não estar com medo, e eu não estou também. E eu peço a todos para que não tenham medo”, afirmou Yulia. Ela nunca mais veria o marido em liberdade.

Yulia havia dito que não pretendia ser um equivalente russo de Svetlana Tikhanovskaya, a líder da oposição de Belarus que se tornou candidata à presidência depois que o marido foi preso antes da eleição de 2020 – o ditador Alexander Lukashenko conseguiu outro mandato, numa votação fraudulenta.

Porém, a viúva de Navalny sugeriu que pode estar mudando de ideia. “O que precisamos é de uma Rússia livre, pacífica e feliz. A maravilhosa Rússia do futuro com que meu marido tanto sonhou. Esse é o país que quero construir junto com vocês. O país que Alexei Navalny imaginou”, declarou recentemente.

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