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O avanço implacável da tecnologia criou novos meios de comunicação e mudou a forma como as notícias são produzidas, distribuídas e recebidas, o que forçou os jornais de todo o mundo a se reinventarem. Os diários que estão conseguindo se adaptar ao caótico tempo em que a informação ficou tão acessível a ponto de virar commodity são os que conseguem definir um público-alvo restrito, investem em cobertura local, oferecem edições gratuitas e usam os diferentes veículos disponíveis como celular, internet, televisão, papel e rádio de maneira agregada, além de lançar mão de inúmeras novidades para mudar o modelo de negócio de um setor que vem perdendo receita a um passo assustador. Estas são as opiniões de Earl J. Wilkinson, diretor executivo da Associação Internacional de Marketing para Jornais (Inma, na sigla em inglês), que esteve em Curitiba na quinta-feira para uma palestra na Gazeta do Povo.

A visita de Wilkinson ao Brasil faz parte de um plano para aumentar a troca de informações entre os parceiros da Inma, um dos objetivos da organização. O especialista em periódicos expôs aos executivos do jornal paranaense quais são as estratégias que editores de todo o mundo estão usando para enfrentar a proliferação de meios de comunicação e a falta de tempo que as pessoas têm para ler notícias impressas em papel. "Os consumidores estão lendo mais do que nunca, mas em pequenas porções, enquanto o conteúdo do jornal impresso foi ‘commoditizado’ pela internet, aparelhos móveis e produtos impressos fácil e rapidamente acessíveis", avalia. Segundo ele, é por isso que a circulação de jornais diminuiu 15% de 1950 a 2000 nos Estados Unidos, atingindo o mesmo patamar de 1900.

Wilkinson disse que, para se adaptar às mudanças da sociedade contemporânea e on-line, os jornais estão passando pelo período de maior inovação dos últimos 200 anos. O especialista citou o jornal gratuito Metro, lançado na Suécia em 1995, ultradirigido ao público. Muitas editoras desdenharam da proposta, achando que ela não daria certo nunca, mas não foi isso o que aconteceu. "Em 12 anos, foram criados 169 jornais gratuitos em 40 países, que já alcançaram a marca de 30 milhões de cópias", relembrou. Ele diz ainda que de maio de 2006 a janeiro de 2007, o número total de jornais distribuídos pulou de 151 mil para 173 mil.

Outra alternativa encontrada, segundo o diretor executivo da Inma, foi a mudança de formato – do tradicional standard para berliner ou tablóide. "Desde a conversão do Independent [diário britânico], em 2003, de páginas grandes para compactas, mais de 85 jornais de qualidade seguiram o mesmo caminho", observou. Além disso, o que tem dado muito certo para os jornais é a inclusão de conteúdo produzido pelo próprio leitor, o que muitas vezes é exclusivo e chega antes do que o material produzido pelas agências de notícias.

Wilkinson destacou também os jornais que têm apostado em conteúdo "hiper-local", somente com notícias sobre uma determinada comunidade, como o americano Blufton Today.

O diretor da Inma defendeu que o jornal do futuro não deve tentar transmitir todos os acontecimentos do mundo, mas sim se dividir em diferentes meios, com apenas uma marca. "Temos que mudar a mentalidade de que um só produto é a solução", decreta. Como exemplo, o especialista mostrou o diário japonês Asahi Shimbun, que produz conteúdo jornalístico de acordo com as potencialidades do mercado. Pela manhã e à noite, o foco é na versão impressa, enquanto nos horários de pico do trânsito as notícias são entregues para aparelhos móveis e no período de trabalho o meio principal é o site da internet.

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