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Os comitês cívicos de quatro dos nove departamentos da Bolívia confirmaram para sexta-feira uma greve contra o governo de Evo Morales, a apenas uma semana de uma Cúpula Sul-Americana que o presidente pretende transformar em festa popular.

A greve será nos ricos Departamentos petroleiros de Santa Cruz e Tarija e nas miseráveis regiões amazônicas de Beni e Pando, que formam a chamada Meia Lua junto à fronteira com Brasil e Paraguai. Em contraponto a elas, os cinco Departamentos andinos, entre os quais o de La Paz, são onde Morales tem maior apoio.

Os comitês cívicos da Meia Lua, que tentaram sem sucesso impedir a aprovação da reforma agrária sancionada na terça-feira, lutam agora pela modificação das regras na Assembléia Constituinte, que é amplamente favorável à ''refundação'' da Bolívia proposta por Morales.

O protesto na parte baixa do país foi anunciado enquanto o vice-presidente Álvaro García dialogava formalmente com os comitês cívicos andinos sobre a possibilidade de realizar no fim de semana um encontro ``político-cívico'' para atenuar a tensão.

O governo está disposto que essa cúpula ajude a ``pacificar o país'' e ocorra imediatamente, mas os comitês querem que o encontro seja presidido pelo próprio Morales, que volta no sábado da sua viagem a Nigéria e Cuba, disse García.

Os comitês, assim como a oposição de centro-direita, pressionam para que a Constituinte aprove todas as suas decisões por maioria absoluta, em lugar de um sistema que combina maioria absoluta e qualificada, que a bancada governista conseguiu aprovar.

O governo se mostrou inflexível diante das variadas pressões da oposição, que incluiu uma greve de fome liderada pelo centrista Samuel Doria Medina, magnata do cimento, que foi hospitalizado na quarta-feira após quase duas semanas de jejum.

Diante da possibilidade de que o clima de confronto afete a Cúpula Sul-Americana dos dias 8 e 9 em Cochabamba (centro), o porta-voz do governo, Alex Contreras, assegurou que ``estão dadas todas as garantias para que a cúpula seja um sucesso''.

``Os movimentos sociais urbanos e rurais e um forte contingente de produtores cocaleiros darão as boas-vindas e oferecerão segurança aos presidentes participantes da cúpula'', disse Contreras à Reuters.

Ele acrescentou que Morales pretende que, após o encerramento formal da cúpula, a maioria dos presidentes sul-americanos compareça a um encontro com cerca de 50 mil trabalhadores indígenas em um estádio de futebol de Cochabamba.

A cidade é sede de um Departamento que inclui a região cocaleira do Chapare, berço político de Morales. Foi escolhida para abrigar a cúpula há apenas três meses, quando se agravaram os atritos entre governo e dirigentes de Santa Cruz, que era a sede prevista.

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