O presidente palestino, Mahmoud Abbas, aceitou na quinta-feira o gabinete de unidade proposto pelo primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do Hamas, mas Israel pediu que esse novo governo seja boicotado por não ter uma plataforma que reconheça o Estado judeu.
Um esboço do programa de governo declara que ``a resistência é um direito legítimo para o povo palestino'' e autoriza Abbas a negociar com Israel desde que ele submeta eventuais acordos ao Parlamento ou a referendo.
Israel já decidiu boicotar o novo gabinete, a exemplo do que fazia com o governo anterior, dominado pelo Hamas. Para suspender as sanções em vigor, Israel e governos ocidentais exigem que o novo gabinete reconheça a existência de Israel, renuncie à violência e respeite acordos de paz prévios.
Haniyeh disse a jornalistas que a composição do gabinete será submetida no sábado a um voto de confiança do Parlamento.
``Esperamos que a comunidade internacional fique firme por trás dos seus princípios e se recuse a dar legitimidade ou reconhecimento a este governo extremista'', disse Mark Regev, porta-voz da chancelaria israelense.
Uma fonte política israelense disse que Israel vai manter contatos diretos com Abbas a fim de ``garantir a coordenação humanitária e fortalecer elementos moderados na Autoridade Palestina''.
Os palestinos esperam que o acordo encerre a disputa entre as facções Fatah, de Abbas, e Hamas, que provocou mais de 90 mortes entre dezembro e fevereiro, e também que leve a um alívio nas sanções internacionais.
Washington promete continuar trabalhando com Abbas, mas não se manifestou sobre o governo de unidade. Autoridades dos EUA já disseram ao presidente palestino e a seus assessores que o embargo continuará até que as exigências internacionais sejam atendidas, embora haja sinais de que alguns países europeus querem aliviar as sanções.
Moscou elogiou a formação do novo governo, desejando que ele ``se torne um fator de peso na estabilização da situação nos territórios palestinos e no fim do conflito'', segundo um porta-voz da chancelaria.
Haniyeh disse que o novo governo tem apoio árabe e ''compreensão'' da União Européia.
``Não há dúvida de que o governo norte-americano e Israel têm uma posição diferente, mas como palestinos faremos o que for necessário para reforçar a unidade nacional, acabar com as tensões e suspender o cerco'', afirmou o premiê.
O chanceler da França, Philippe Douste-Blazy, enviou carta a seu homólogo palestino, Ziad Abu Amr, dizendo que o novo governo representa ``uma nova página'' nas relações com a comunidade internacional, mas que os palestinos deveriam libertar um soldado israelense sequestrado há vários meses para ''criar condições mais favoráveis ao restabelecimento de relações cooperativas com a comunidade internacional e ao relançamento de uma dinâmica para a paz.''
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