Jerusalém, Israel - O presidente palestino, Mahmoud Abbas, chegará ao Brasil na próxima quinta-feira com um objetivo claro: conquistar o apoio do governo ao plano de declarar unilateralmente a independência da Palestina.
Abbas vive um momento crítico desde que anunciou, na semana passada, que não pretende concorrer à reeleição devido ao impasse no processo de paz com Israel. A perspectiva de um vácuo de poder assustou a comunidade internacional, que vem tentando convencer Abbas a voltar atrás.
A visita ao Brasil, a primeira fora da região após o anúncio, marca o início de uma ofensiva diplomática destinada a aumentar a pressão sobre Israel.
Abbas quer que as Nações Unidas reconheçam a independência palestina em Gaza, na Cisjordânia e Jerusalém Oriental, áreas capturadas por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Com exceção da faixa de Gaza, de onde se retirou unilateralmente em 2005, Israel ainda ocupa as demais áreas.
Apoio europeu
Ontem, a Autoridade Nacional Palestina (ANP), presidida por Abbas, pediu à União Europeia que apoie o plano de independência. A meta é consolidar na ONU respaldo em torno do Estado palestino.
"Pedimos hoje (ontem) o apoio da UE, estamos indo para a América do Sul, onde faremos o mesmo, e continuaremos com outros países. Acho que teremos um apoio amplo, inclusive dos EUA, disse o principal negociador da ANP, Saeb Erekat. Após visitar o Brasil, Abbas irá à Argentina e ao Chile, antes de seguir para a Europa.
Na primeira reação oficial norte-americana, o Departamento de Estado afirmou ontem que "só negociações entre as partes permitirão um Estado palestino "viável.
Israel reage
O plano de declarar a independência vinha circulando nos círculos de poder da Cisjordânia há dias, até que a ANP assumiu oficialmente a campanha no fim de semana. Israel reagiu com uma ameaça: a de anexar partes da Cisjordânia caso os palestinos levem à frente a ideia.
"Uma ação unilateral terá uma reação unilateral, alertou o chanceler israelense, Avigdor Liberman. Durante uma conferência internacional em Jerusalém, que contou com a presença do ex-presidente americano Bill Clinton, o linha-dura Liberman acusou os palestinos de "jogo duplo.