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“Não convocarei um boicote. Não saiam às ruas, não façam manifestações. A decisão é definitiva e não foi tomada em troca de nada e por parte de ninguém.” Abdullah Abdullah, candidato presidencial do Afeganistão que se retirou da disputa no segundo turno | Jerry Lampen/Reuters
“Não convocarei um boicote. Não saiam às ruas, não façam manifestações. A decisão é definitiva e não foi tomada em troca de nada e por parte de ninguém.” Abdullah Abdullah, candidato presidencial do Afeganistão que se retirou da disputa no segundo turno| Foto: Jerry Lampen/Reuters

Fronteira

Violentos ataques do Taleban

Agência Estado

Islamabad - Pelo menos seis militantes morreram durante combate com forças de segurança do Paquistão em um foco de resistência Taleban na região montanhosa da fronteira com o Afeganistão, enquanto vários ficaram feridos, disseram oficiais do Paquistão. Os militantes sequestraram e mataram um proeminente ativista pró-governo em uma outra área tribal, região onde o governo afirma ter obtido quase que controle total.

Militantes também explodiram uma escola de meninas na região tribal de Khyber, em mais uma demonstração da campanha do Taleban contra a educação moderna, que já destruiu centenas de escolas no Paquistão, segundo informações oficiais. O guarda da escola e três pessoas ficaram feridas no ataque contra a escola.

O sequestro ocorreu no sábado à noite na cidade de Khar, a maior região tribal em Bajur, após um grupo de cerca de 60 militantes entrar na residência de Jahangir Khan, afirmou um oficial da cidade. "O corpo perfurado por balas de Jahangir Khan foi encontrado a um quilômetro da cidade, com as pernas e as mãos amarradas por cordas", afirmou. O mesmo grupo sequestrou um dos mais poderosos proprietários de terras da cidade, com seu filho, seu neto e outro parente.

As forças do Paquistão deram início à uma grande ofensiva em Bajur no ano passado e insistem que têm controle de praticamente todas as partes da região, incluindo Khar, o que parece duvidoso diante dos eventos de ontem e de uma série de incidentes violentos nos meses recentes.

O combate de ontem aconteceu no vilarejo de Kaniguram, ao sul do Waziristan, onde o exército do Paquistão intensificou sua ofensiva há duas semanas. O poder do Taleban cresceu nos últimos anos na região de Waziristan. Acredita-se que Osama bin Laden e muitos de seus principais auxiliares do Al-Qaeda também estão escondidos na fronteira. Os dois grupos criaram ligações com grupos militantes islâmicos paquistaneses, acusados de atentados a bomba em outras partes do país, incluindo a próspera província de Punjab.

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Cabul - O segundo turno das eleições presidenciais afegãs será realizado com o presidente Hamid Karzai como candidato único, informou a Comissão Eleitoral Inde­pen­dente. A decisão ocorreu ontem, horas após o oposicionista Abdullah Abdullah ter retirado sua candidatura.

Autoridade-chefe eleitoral da comissão, Ali Najafi, nomeada pelo governo, declarou que o segundo turno com Karzai como candidato único será realizado em cumprimento às leis eleitorais e à Constituição do país.

Abdullah anunciou que iria se retirar do segundo turno das eleições presidenciais no Afeganistão, que se realizará em 7 de novembro. "Para protestar pelo mau comportamento do governo e da Comissão Eleitoral Independente, não participarei nas eleições", declarou o oposicionista em um comício em Cabul. Mais tarde, em entrevista coletiva, afirmou que deixará a seus partidários a decisão de votar ou não nas eleições. "Não convocarei um boicote. Não saiam às ruas, não façam manifestações", declarou, assegurando que não mudará de opinião. "A decisão é definitiva e não foi tomada em troca de nada e por parte de ninguém."

O presidente Karzai afirmou que a eleição será realizada, apesar da retirada de seu oponente. "Nós achamos que a eleição deve ser realizada. Quero dar ao povo do Afeganistão o direito de votar." Em nota, o presidente afegão disse que respeitará a decisão das autoridades eleitorais e de outras instituições a respeito da realização do segundo turno.

"À luz da Constituição afegã e pelo bem da democracia e do estado de direito no Afeganistão, devemos respeitar o processo e aceitaremos qualquer decisão da Comissão Eleitoral e de outras instituições legais", apontou. "Lamentamos que Abddullah tenha anunciado que não participará no segundo turno", acrescentou.

O representante das Nações Uni­­das no Afeganistão, Kai Eide, pe­­diu que a eleição afegã seja reali­zada de maneira "legal e dentro dos prazos". Eide ainda declarou que "Abdullah se comportou como um estadista, dignamente, e apresentou um certo número de propostas construtivas de reforma, que, espero, façam parte da agenda política do Afeganistão no futuro".

Cenário

Ao se afastar da disputa, Abdullah evita uma derrota diante de Karzai, favorito de qualquer forma, desconsiderando a fraude eleitoral, afirmam analistas políticos. No primeiro turno, Karzai obteve 49,67% dos votos, contra 30,59% para Abdullah.

O Afeganistão está imerso numa total incerteza política e em meio a uma onda de violência taleban sem precedentes. Ontem, os talebans voltaram a fazer ameaças de novos atentados caso o segundo turno seja realizado.

EUA

Este cenário eleitoral nebuloso complica a decisão da administração Obama para enviar mais 10 mil soldados para o Afeganistão para enfrentar o Taleban e seus aliados do Al-Qaeda. A Casa Branca aguarda uma solução sobre o pleito desde agosto, mas nesse ínterim a guerra no país intensificou-se. Outubro foi o mês com o maior número de baixas no exército norte-americano desde sua chegada no Afeganistão, em 2001. Em outubro, 57 soldados norte-americanos morreram.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou que os Estados Unidos vão apoiar o próximo presidente afegão, ao mesmo tem­­po em que compreendem a de­­cisão tomada pelo opositor Ab­­dullah Abdullah de se retirar da disputa do segundo turno. Para Hil­la­­ry, é importante dar sequência à es­­colha democrática do presidente.

"Agora é uma questão para as autoridades afegãs decidirem sobre um caminho que conduza o processo eleitoral a uma conclusão em conformidade com a Cons­­tituição, disse Hillary, em nota enviada por e-mail, durante viagem ao Marrocos. "Vamos apoiar o próximo presidente e o povo do Afeganistão, que procura e merece um futuro melhor."

Hillary também pediu para Abdullah "permanecer engajado" e trabalhar pela paz no Afeganistão.

A decisão americana de dar apoio a Karzai, apesar de inúmeras restrições feitas ao seu governo, advém da falta de outras boas opções. Karzai está longe de ser o parceiro forte e capaz que Wa­­shing­­ton esperava que emergisse do processo eleitoral patrocinado pelo Ocidente no Afeganistão. Os americanos esperavam que as eleições estabilizassem o país e diminuíssem o apoio do Taleban.

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