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Torcedores atacam time israelense de basquete na Turquia: exemplo de antissemitismo | Umit Bektas / Reuters
Torcedores atacam time israelense de basquete na Turquia: exemplo de antissemitismo| Foto: Umit Bektas / Reuters

Em nome do apoio à população atacada pelo Exército israelense na Faixa de Gaza, grupos de pessoas de diferentes países do mundo têm se reunido em protesto contra a investida que já deixou mais de 700 mortos. O problema é quando, em nome dos direitos humanos, os protestos dão espaço para declarações e ataques contra o povo judeu como um todo, fazendo referências ao Holocausto e revelando motivações antissemitas, de hostilidade e preconceito contra os judeus como o que tinham os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Para um dos mais proeminentes defensores de Israel, o jurista norte-americano Alan Dershowitz, os ataques ao time israelense de basquete na Turquia e a tentativa de incendiar uma sinagoga em Londres, por exemplo, não revelam exatamente um aumento do antissemitismo. "O que acontece é que estamos vendo ser revelada a verdadeira extensão do antissemitismo que existe em todo o mundo, e que normalmente fica mais escondido. Israel está dando uma desculpa para que as pessoas mostrem o que realmente pensam", disse, em entrevista ao G1, por telefone.

Segundo ele, as mesmas pessoas que agora se dizem defensoras dos direitos humanos nunca reclamaram dos constantes ataques do Hamas a civis israelenses. "Elas marcham apenas contra Israel. Nunca vi essas pessoas protestarem contra o que está acontecendo em Darfour, não reclamaram do genocídio em Ruanda. Essas pessoas são basicamente antissemitas que agora têm uma desculpa."

Professor da universidade Harvard e autor de "The Case For Israel" (Em defesa de Israel, não lançado no Brasil), Dershowitz disse defender o direito que as pessoas têm de protestar, de criticar as ações de Israel. "As pessoas que criticam apenas Israel, que acham que a questão palestina é a única causa a ser defendida no mundo, essas pessoas é que digo que têm motivações antissemitas."

Obsessão

Segundo ele, as pessoas que são ativistas de direitos humanos em Darfour, que protestaram contra o genocídio em Ruanda, que reclamam do que aconteceu no Camboja e que protestam contra Fidel Castro em Cuba, sim, podem protestar contra Israel.

Ele diz que há pessoas que são obcecadas com Israel, e focam apenas nessa questão por motivações antissemitas. "Nenhum país aceitaria ser alvo de foguetes diários, caindo inclusive sobre escolas. Ninguém aceitaria isso, e ninguém pode julgar uma decisão tomada por um país sob constante ataque. Israel tem tentado de tudo para interromper os ataques do Hamas, e chegou a um ponto em que acredita que a ação militar é a melhor forma de parar esses ataques", disse.

Segundo ele, o aumento das demonstrações antissemitas pelo mundo é perigosa para os judeus de Israel e mais ainda para os judeus de outros países. "Israel, pelo menos, tem um exército para se defender, mas ele não protege os judeus no Brasil, por exemplo, onde há um forte sentimento antissemita."

Vitimização

No campo ideológico oposto ao defendido por Dershowitz, o cientista político norte-americano Norman Finkelstein diz que não há nada de antissemitismo nos atuais protestos contra Israel. Para ele, os judeus se fazem de vítimas e usam o Holocausto para fugir da responsabilidade por sua violência.

"Eu acho que é certo apoiar o Hamas na situação atual, e eu não sou antissemita. O que os israelenses querem, que as pessoas vão às ruas gritar slogans a favor deles?", disse ao G1, se referindo ao alto número de crianças mortas na Faixa de Gaza.

Autor de livros como "A indústria do Holocausto", Finkelstein é um desafeto declarado de Dershowitz e teve sua entrada em Israel proibida por dez anos por suas críticas ao país. Segundo ele, as pessoas que acusam os protestos contra Israel de antissemitas estão tentando mudar o assunto, fugir da situação que precisa discutida. "Israel perdeu o controle, se tornou um estado lunático, violento, demente, constantemente em busca de guerra, com uma população sedenta por sangue", disse.

Para Finkelstein, que é filho de sobreviventes do Holocausto, o Estado judeu precisa passar por um processo de "desnazificação". "Israel precisa ser forçado a se enquadrar nas leis internacionais. O mundo inteiro deveria se unir para fazer com que Israel se enquadre."

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