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Acordo prevê a volta de Manuel Zelaya ao poder antes das eleições no dia 29 de novembro | Orlando Sierra/AFP
Acordo prevê a volta de Manuel Zelaya ao poder antes das eleições no dia 29 de novembro| Foto: Orlando Sierra/AFP

A resolução da crise política em Honduras implica uma vitória para a nova política multilateral dos Estados Unidos, que soube intervir decisivamente para forçar um acordo em nome do consenso na região. Ao longo de quatro difíceis meses de negociação, Washington pareceu, em princípio, superado por uma crise que pegou o governo de Barack Oba­ma em plena reconstrução da política norte-americana em relação à América Latina.

A administração Obama nem sequer tinha ainda nomeado oficialmente um novo vice-secretário para a região quando explodiu a crise hondurenha em 28 de junho, que foi rejeitado de forma unânime pela comunidade internacional. "A principal lição é que apoiar esforços multilaterais ou regionais não significa ser passivo. Não basta acompanhar os processos e esperar que tudo se resolva ", analisa Michael Shifter, vice-presidente do centro de estudos Diálogo In­­teramericano. "O que o governo Obama deve aprender é que é preciso dar mais atenção à América Latina e que não se pode simplesmente cruzar os braços", acrescenta Jaime Darem­blum, do Instituto Hudson.

A repressão policial, a suspensão das garantias constitucionais e outros episódios de tensão em Honduras foram enfaticamente reprovados por Washington com a suspensão da ajuda e entrega de vistos. Esta última decisão causou um visível impacto na cúpula do país centro-americano, que começou a se dar conta que tinha muito a perder junto a Washing­ton se o bloqueio político interno persistisse. "Ajuda, comércio: não se pode subestimar a relação com os Estados Unidos", explica Shifter.

Ao mesmo tempo, a impaciência e imprudência do presidente deposto, Manuel Zelaya, forçou que os Estados Unidos assumissem a função de árbitro da situação. As arriscadas manobras de Zelaya, inclusive, foram consideradas imprudentes pela secretária de Estado Hillary Clinton. A volta de Zelaya a Honduras e sua invasão da embaixada brasileira também foram caracterizadas como uma atitude "idiota" pelo representante americano junto à Organização de Estados Ame­ricanos (OEA), Lewis Amse­lem. Mas o próprio Obama, assim como Hillary, reiteraram mais de uma vez que o regime de fato não podia esperar sair da crise apenas com a realização de eleições antecipadas.

A atitude de Washington, até então ambígua, foi criticada por suas contradições, mas essas hesitações foram parcialmente ocultas pelas próprias divisões internas e visível impotência da OEA. O empurrão final foi dado, mais uma vez, pelos Estados Unidos ao enviar o vice-secretário para a América Latina, Thomas Shannon, para tentar resolver a situação. "A delegação norte-americana ajudou muitíssimo a desbloquear a situação, principalmente Shannon", agradeceu o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza. "Esta crise enfatizou o aspecto central de nossa diplomacia, que é conseguir acordos amplos, compartilhados por toda a região, e desenvolver ao mesmo tempo uma política pragmática baseada no diálogo e no compromisso com atores-chave da região", explicou Shannon, que espera há quatro meses ser nomeado embaixador no Brasil, mas que sofre o veto temporário de um único senador republicano, Jim DeMint, até então crítico em relação à posição do governo Obama quanto ao conflito em Honduras.

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