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Ativistas do Greenpeace acampados em Konin, próximo de Poznan, montaram um modelo do globo terrestre durante protesto contra as mudanças climáticas | Kacper Pempel / Reuters
Ativistas do Greenpeace acampados em Konin, próximo de Poznan, montaram um modelo do globo terrestre durante protesto contra as mudanças climáticas| Foto: Kacper Pempel / Reuters

A discussão central deveria ser a criação de metas de redução das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, mas nos três primeiros dias da 14ª Conferência das Partes (COP) da Convenção Quadro do Clima das Nações Unidas as atenções estão voltadas à adaptação às mudanças climáticas. Nesta quarta (3), em Poznan, na Polônia, delegados da Europa e dos Estados Unidos e coordenadores de organizações não-governamentais (ONGs) alertaram para a urgência dos investimentos para a adaptação de países em desenvolvimento.

Desde que os cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas alertaram, em 2007, para a inevitabilidade do aquecimento global, a preocupação com este tema é crescente entre representantes políticos e militantes de ONGs.

Projeções do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) indicam que as alterações climáticas devem forçar 250 milhões de pessoas a migrar nas próximas quatro décadas - a maior parte deixando os países pobres da África. "As mudanças climáticas vão se transformar na maior razão para imigrações", explicou nesta quarta José Herrera, um dos coordenadores da agência. "Não é um problema ambiental, mas humano. Já estamos sofrendo os efeitos."

Para evitar o caos demográfico, sustenta a ONG Estratégia Internacional para Redução de Desastres (ISDR), US$ 50 bilhões devem ser investidos por ano em medidas de adaptação - como sistemas de irrigação de lavouras, por exemplo.

O tema foi objeto de uma conferência à parte promovida pela Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, em Poznan, nesta quarta pela manhã. Ao longo do dia, delegados governamentais ecoaram a preocupação. Artur-Runge Metzger, diretor da Unidade de Estratégias Climáticas da Comissão Européia, reconheceu a emergência da questão. "Está na hora de concluirmos a criação do Fundo de Adaptação. É um de nossos primeiros objetivos em Poznan", admitiu.

A mudança de foco nas discussões na primeira semana da conferência de Poznan é sintomática: enquanto as negociações sobre as linhas gerais pós-Protocolo de Kyoto esbarram nos interesses econômicos de cada país, resta à comunidade internacional se preparar para os efeitos do aquecimento global.

Este é um dos argumentos da delegação dos Estados Unidos, que se mostra atenta ao tema, considerando-o como um dos méritos da política ambiental de George W. Bush. "As metas de redução das emissões de dióxido de carbono (CO2), por exemplo, dependem de muitas negociações. Não são um tema consensual", argumentou nesta terça (2) Harlan Watson, chefe da representação norte-americana. Já as medidas de adaptação, diz o executivo, são menos rejeitadas. "Não podemos apenas investir em remédios para as mudanças climáticas, negligenciando o fato de que vários países precisam se adaptar ao novo cenário", sustenta.

Chance de acordo

Além da redução das emissões e da adaptação às mudanças climáticas, três outros temas são o cerne das discussões ambientais na Polônia: mitigação, transferência de tecnologia e impacto financeiro de todas as medidas. Estes quesitos devem constar do acordo pós-Protocolo de Kyoto, cujas linhas gerais serão desenhadas em Poznan e finalizadas, em tese, em Copenhague, em dezembro de 2009.

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