Nobel da Paz
País nega confisco de medalha
O Irã desmentiu ontem ter confiscado o prêmio Nobel da Paz da advogada Shirin Ebadi, como acusou a Noruega, e apresentou um protesto contra autoridades norueguesas, informou
a agência de notícias iraniana Irna.
Na quinta-feira, o governo da Noruega denunciou o confisco da medalha do Prêmio Nobel da Paz concedido em 2003 à advogada Shirin Ebadi. A medalha e o diploma Nobel de Ebadi, assim como outros objetos pessoais, teriam sido retirados de um cofre bancário.
Por outro lado, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, pareceu confirmar implicitamente o bloqueio da conta bancária da advogada como foi denunciado por um de seus colegas ao mencionar a recusa dela em pagar impostos. "A nós surpreende que as autoridades norueguesas adotem uma posição tendenciosa, ignorando leis respeitadas por todos, afirma o porta-voz em comunicado citado pela Irna.
Segundo informações de um colega da prêmio Nobel, o Irã teria congelado a conta bancária de Ebadi para pressionar a defensora dos direitos humanos e enérgica crítica do regime islâmico.
Teerã - A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) adotou ontem a primeira resolução contra o programa nuclear iraniano desde 2006, abrindo caminho para a imposição de novas sanções do Conselho de Segurança da ONU contra Teerã.
O governo iraniano disse que a medida é uma "intimidação que afetará as negociações com as grandes potências e não o impedirá de continuar enriquecendo urânio.
A resolução foi levada à votação dois meses depois de ter sido revelada a existência de uma central nuclear em construção nos arredores da cidade sagrada de Qom, ao sul de Teerã.
Há suspeitas de que o Irã só anunciou à AIEA (ligada à ONU) que estava construindo a planta depois de descobrir que serviços secretos ocidentais a haviam detectado. Segundo a agência, a construção começou em 2002, e não em 2007, como os engenheiros iranianos relataram aos inspetores que visitaram o local no mês passado.
O texto aprovado ontem exige de Teerã que suspenda imediatamente as obras e explique detalhadamente o propósito da central, cujas fundações estão escondidas numa montanha.
O Irã alega que a central de Qom serve para poder continuar enriquecendo urânio caso a de Natanz, já operacional, seja atacada, e nega acusações de que busca a bomba atômica.
Teerã insiste em que suas centrais servem apenas para produzir energia e negocia há sete anos com as grandes potências uma solução que lhe permita continuar enriquecendo urânio o que tem direito a fazer sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, desde que em cooperação com a AIEA.
O clima nas conversas sobre o tema se deteriorou depois que Teerã supostamente rejeitou oferta da AIEA pela qual enviaria parte de seu urânio para ser enriquecido fora do país.
O plano prevê que o Irã envie cerca de 85% de seu estoque de urânio pouco enriquecido para Rússia e França. Nesses países, ele seria enriquecido um pouco mais e moldado para fins medicinais, em nível inadequado para uma bomba.
O Irã alega ser autor da oferta de mandar urânio ao exterior e diz que o Ocidente se apropriou da ideia para manipulá-la.
A resolução de ontem parece abrir novo capítulo nas conversas. O texto foi aprovado por 25 dos 35 países que integram a mesa diretora da AIEA, com o surpreendente respaldo de dois dos maiores aliados estratégicos de Teerã: China e Rússia.
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