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Ahmadinejad cita Brasil em conversa com Putin, revela documento vazado

Iraniano diz que 'não faz nada diferente do Brasil' na questão nuclear. Russo respondeu que o Brasil 'não fica no Oriente Médio'

Documentos revelados pelo site Wikileaks nesta segunda-feira (29) mostram que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, citou o Brasil como comparação ao seu país para defender o programa nuclear que vem desenvolvendo. O exemplo foi dado pelo iraniano durante discussão com o líder russo Vladimir Putin, e aparece entre os documentos que serviam para a comunicação de Relações Exteriores dos Estados Unidos.

No comunicado, enviado após a posse do presidente Barack Obama, em 2009, o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, parabeniza a aparente tentativa de aproximação entre o novo governo dos EUA e o Irã e indica a conversa entre Putin e Ahmadinejad.

"Putin perguntou a Ahmadinejad, durante um encontro em Teerã alguns anos antes, por que ele havia feito comentários anti-israel, mas Ahmadinejad não respondeu, e disse apenas que o Irã não estava 'fazendo nada diferente do que o Brasil faz na esfera nuclear'. Putin respondeu que o Brasil não fica no Oriente Médio, enquanto o Irã queria dominar a região e o mundo islâmico."

Contraterrorismo disfarçado

Outros documentos revelados pelo Wikileaks mostram que o Brasil disfarça a existência e a prisão de pessoas ligadas ao terrorismo. Segundo o documento, (disponível no site, em inglês), "o governo brasileiro é um parceiro de cooperação no combate ao terrorismo e actividades relacionados com o terrorismo no Brasil [...] No entanto, os mais altos níveis do governo brasileiro, particularmente o Ministério das Relações Exteriores, são extremamente sensíveis a quaisquer créditos públicos de que terroristas têm presença no Brasil - seja para arrecadar fundos, organizar a logística, ou mesmo trânsito no país - e vai vigorosamente rejeitar quaisquer declarações implicando o contrário."

O texto aparece em uma carta secreta do então embaixador americano no Brasil, Clifford Sobel, de 8 de janeiro de 2008. Segundo ele, "o governo brasileiro recusa-se a definir legal ou mesmo retoricamente designados grupos terroristas como o Hamas, Hezbollah ou as Farc como grupos terroristas - os dois primeiros sendo considerados pelo Brasil como partidos políticos legítimos".

De acordo com Sobel, a Polícia Federal prendeu muitas vezes pessoas que tinham ligações com o terrorismo, mas os acusou de crimes que não eram relacionados ao tema para "evitar chamar a atenção da mídia e do alto-escalão do governo."

Essa postura se deve ao medo, ainda segundo o texto, de "estigmatizar a comunidade muçulmana do Brasil [...] ou prejudicar a imagem do território como um destino turístico. É também uma postura pública destinada a evitar ser demasiado estreitamente ligada ao que é visto como a Guerra excessivamente agressiva dos EUA contra o terrorismo."

'Espionagem'

Em um almoço na casa do então embaixador americano John Danilovich, em maio de 2005, o general Armando Félix teria dito que o governo pediu "que filhos de árabes, muitos deles empresários de sucesso, vigiem árabes que possam ser influenciados por extremistas ou grupos terroristas", diz o relato, também divulgado no site.

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