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Os tunisianos estão a caminho de estabelecer um regime islâmico no país, após terem derrubado um ditador apoiado pelo Ocidente, afirmou nesta terça-feira o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. "Está muito claro que a nação da Tunísia se levantou contra um ditador apoiado pelo Ocidente usando slogans islâmicos, humanos, monoteístas e de busca por justiça", afirmou Ahmadinejad durante discurso a uma multidão em Yazd, no centro iraniano. "Resumindo, os tunisianos buscam estabelecer leis e regras islâmicas", completou, durante fala televisionada ao vivo pela emissora estatal.

Os comentários de Ahmadinejad ocorrem após 228 parlamentares no Parlamento iraniano, que tem 290 membros, demonstrarem seu apoio na terça ao que os legisladores qualificaram como "movimento revolucionário" do povo tunisiano. "O Parlamento da grande nação iraniana apoia duramente o movimento revolucionário do bravo povo tunisiano e deseja sucesso a eles", afirmaram os parlamentares iranianos em comunicado.

Semanas de distúrbios no Estado árabe no norte da África forçaram o presidente Zine al-Abidine Ben Ali a fugir para o exterior na sexta-feira, após 23 anos no poder. A revolta, que deixou vários mortos, teve como estopim o suicídio de um graduado em uma universidade, após as frutas e os vegetais que ele vendia terem sido apreendidos pela polícia.

Os eventos na Tunísia - apelidados de "Revolução Jasmim" - inspiraram dissidentes pelo mundo árabe e causaram protestos em diversos outros países árabes, entre eles Argélia, Jordânia e Egito.

Investigação

Promotores da Tunísia abriram uma investigação sobre os ativos no país e no exterior do presidente deposto Zine El Abidine Ben Ali, informou hoje a agência estatal TAP. A apuração vai avaliar possíveis transações financeiras ilegais e contas bancárias ilegais mantidas por Ben Ali, sua mulher, seu cunhado, seu genro e outros membros da família, informou a agência citando uma fonte familiarizada com o tema.

Também hoje, o governo da Suíça ordenou o congelamento de quaisquer fundos pertencentes a Ben Ali no país, informou a ministra das Relações Exteriores suíça, Micheline Calmy-Rey. A medida foi anunciada após uma reunião regular do gabinete suíço e foi tomada após ocorrer uma pressão doméstica, bem como uma ação legal de exilados tunisianos na Suíça esta semana.

O Conselho Federal "decidiu bloquear com efeito imediato quaisquer fundos possíveis na Suíça do ex-presidente Ben Ali", disse Calmy Rey, que acumula o cargo de presidente do país, durante entrevista coletiva. A política disse que a medida busca evitar que qualquer recurso que possa estar na Suíça seja desviado e, assim, garantir que as autoridades possam apreender qualquer ativo ilegal.

Em Riad, o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Saud al-Faisal, disse que Ben Ali está impedido de tomar parte em qualquer atividade política enquanto se abriga no país, para onde fugiu. A Arábia Saudita não revelou qualquer atividade de Ben Ali desde a chegada dele, no sábado, vindo fugido da Tunísia no dia anterior. Ben Ali fugiu de seu país após comandá-lo por 23 anos. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.

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